Alexandre de Moraes diz que filhas recebem ameaças de cunho sexual: "Povo doente"
Ministro afirmou que haviam diversos planos para matá-lo, um deles envolveria um enforcamento público na Praça dos Três Poderes
16:28 | Jan. 04, 2024
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, disse que suas filhas, Gabriela e Giuliana, são alvo de ameaças de cunho sexual. O decano denunciou que as filhas tem sido alvo, nas redes sociais, de ataques misóginos. Em especial que recontou os fatos do 8 de janeiro, ele revelou que haviam planos de matá-lo.
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"Chegam muitas ameaças, principalmente contra minhas filhas, porque até nisso eles são misóginos. Preferem ameaçar as meninas e sempre com mensagens de cunho sexual. É um povo doente", afirmou ao O Globo. Em 2020, o ministro já tinha denunciado comentários que incitavam violência sexual contra filhas de ministros.
Ele afirmou que os envolvidos na invasão ao prédios dos Três Poderes em 8 de janeiro do ano passado tinham planos de matá-lo. Segundo ele, os envolvidos defendiam que ele fosse preso pelo Exército ou executado, sendo uma possibilidade até enforcá-lo na Praça dos Três Poderes.
O ministro, que é alvo preferencial de ataques de bolsonaristas, disse, no entanto, que já esperava algo nesse sentido e afirmou ter mantido a "tranquilidade".Tirando um exagero ou outro, era algo que eu já esperava. Não poderia esperar de golpistas criminosos que não tivessem pretendendo algo nesse sentido. Mantive a tranquilidade. Tenho muito processo para perder tempo com isso. E nada disso ocorreu, então está tudo bem", disse.
O ministro afirmou que, mesmo assim, não aumentou a segurança pessoal e permaneceu com a mesma quantidade que tinha quando foi secretário de Segurança Pública de São Paulo, em 2014. "Eu já recebia ameaças da criminalidade organizada. O esquema é o mesmo há quase nove anos. Em relação à minha família, aumentei a segurança", disse.
"Eram três planos. O primeiro previa que as Forças Especiais (do Exército) me prenderiam em um domingo e me levariam para Goiânia. No segundo, se livrariam do corpo no meio do caminho para Goiânia. Aí, não seria propriamente uma prisão, mas um homicídio", disse ele em entrevista para especial do O Globo que resgatou os acontecimentos do 8 de janeiro.
O ministro detalhou mais o que defendiam os criminosos: "E o terceiro, de uns mais exaltados, defendia que, após o golpe, eu deveria ser preso e enforcado na Praça dos Três Poderes. Para sentir o nível de agressividade e ódio dessas pessoas, que não sabem diferenciar a pessoa física da instituição".
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Deixar bolsonaristas acampados foi "erro muito grande"
Moraes apontou que foi um "erro muito grande" das autoridades deixar que pessoas permanecerem na frente dos quartéis. Na época, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ocuparam por dias quartéis e questionavam o resultado das eleição, pedindo até intervenção militar e a suspensão do pleito.
"Isso é crime e agora não há mais dúvida disso. O Supremo Tribunal Federal recebeu mais de 1.200 denúncias contra quem estava acampado pedindo golpe militar, tortura e perseguição de adversários políticos", ressaltou.
"Houve a greve dos caminhões tentando parar o país. A violência estava numa crescente. No dia da diplomação, 12 de dezembro de 2022, houve prisões após a (tentativa de) invasão da Polícia Federal[...]O grande erro doloso foi permitir a entrada (dos golpistas) na Esplanada dos Ministérios. O 8 de Janeiro foi o ápice do movimento: a tentativa final de se reverter o resultado legítimo das urnas", avaliou Moraes.
Ele rebateu as críticas de quem questiona as prisões dos envolvidos e questionou que o grupo defendia a prisão em diversos crimes, mas esperou não ter represálias após a invasão e depredação das instituições. "Nenhum desses golpistas defende que alguém que furtou um notebook não possa ser preso. E eles, que atentaram contra a democracia, não podem? Os presos são de classe média, principalmente do interior, e acham que a prisão é só para os pobres. A Justiça tem que ser igual para todos.