Caso Choquei: entenda qual era a relação entre a página de fofocas e o presidente Lula
A morte de Jéssica Canedo fez com que ministros do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pedissem regulação das redes sociais. Ao mesmo tempo, bolsonaristas pregam boicote à Choquei, lembrando do apoio de seus integrantes à campanha do petista, em 2022A página de fofocas Choquei tornou-se alvo de uma série de unfollows e críticas nas redes sociais após divulgar informações falsas acerca de um inexistente relacionamento entre a mineira Jessica Canedo e o humorista Whindersson Nunes. A morte da jovem está associada às publicações feitas no perfil, que possui mais de 20 milhões de seguidores no Instagram.
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O caso fez com que ministros do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pedissem regulação das redes sociais. As publicações políticas, no entanto, não revelaram a relação entre a página de fofocas e militantes do PT. Ao mesmo tempo, bolsonaristas pregam boicote à Choquei, lembrando do apoio de seus integrantes à campanha do petista, em 2022.
A página é administrada por Raphael Souza, fotógrafo e publicitário, que aproximou-se da primeira-dama Rosângela Lula da Silva, a Janja, antes mesmo da eleição do presidente Lula. À época das eleições presidenciais, o perfil publicou uma série de postagens para favorecer Lula no segundo turno.
Uma reportagem publicada em 2022 pela Revista Piauí mostrou que a página dividiu sua equipe, composta por seis pessoas, para produzir cerca de dez conteúdos sobre política por hora, durante o segundo turno da disputa.
Às 13h25min do dia da votação, a Choquei publicou no X, antigo Twitter, que “Lula ganha o segundo turno na República Tcheca por 286 votos, contra 73 de Bolsonaro”.
Em linhas gerais, as postagens sobre o petista foram positivas, enquanto o adversário era rechaçado.
"Eleitor de Bolsonaro comete crime eleitoral ao filmar seu voto dentro da cabine eleitoral", publicou a Choquei às 16h. Mais tarde, às 19h31min, a página classificou de "mico" fato de Bolsonaro ser "o primeiro presidente do Brasil a não conseguir a reeleição".
Janja chegou a convidar Raphael Sousa para subir no automóvel de som na Avenida Paulista para acompanhar o discurso da vitória de Lula, no entanto, o influenciador não compareceu em virtude de um compromisso fora da cidade paulista.
Outro integrante da página, Júnior Silva, faz parte do grupo Influenciadores pela Democracia do governo Lula. O deputado federal André Janones (Avante-MG), coordenador digital da campanha eleitoral de Lula em 2022, revelou que a gestão tem a Choquei para “lidar” com o “bolsonarismo”.
“Gente, vou mostrar como lida com o bolsonarismo’, escreveu Janones em 9 de outubro de 2022, no X. “Querem ver como vou rebater essa história do vibrador? Querem ver como vou plantar isso para o povão? Vou me vingar e vocês anotem. Anotem para aprender. Nós temos Choquei. O povão ama essas páginas de fofoca”, completou.
Choquei foi financiada pelo governo?
A polêmica em torno da Choquei fez com que internautas questionassem a relação da página com o governo Lula (PT). O deputado federal Kim Kataguiri (União-SP) pretende protocolar requerimentos de informações junto aos ministérios da gestão petista para analisar se houve repasse de verbas públicas para o perfil de fofoca.
“Nos Governos petistas passados vimos escândalos como o que ficou conhecido como ‘mensalinho do Twitter’, onde blogueiros recebiam verba pública para fazer propaganda do Governo. Não é de hoje que a Choquei, além de disseminar ódio e fake news (como a que levou a morte da jovem Jéssica Canedo), faz também propaganda pro Governo. Queremos saber se a Choquei, ou qualquer outra página agenciada pelos mesmos donos, recebeu dinheiro público para passar pano pro PT”, disse Kataguiri.
A legenda de Lula defende que o projeto de lei das Fake News (Leia na íntegra) seja uma das prioridades do Legislativo em 2024. A votação do PL foi adiada mais de uma vez em 2023.
No texto, a proposta estabelece que as big techs - grandes empresas de tecnologia e inovação - sejam responsabilizadas por publicações indevidas de seus usuários. A proposta também diz que, quando houver patrocínio de informações falsas, ou seja, quando um usuário pagar para a plataforma divulgar o conteúdo para mais pessoas, a empresa será corresponsável pela publicação.
Mynd: Agência que gerenciava Choquei se posiciona sobre caso de difamação
A agência de entretenimento e propaganda Mynd8 se manifestou nesta terça-feira, 26, acerca da tragédia que envolve o nome da página de fofocas Choquei, gerenciada pela Mynd até dezembro de 2021, e a jovem Jéssica Canedo, que cometeu suicídio após ser alvo de difamação nas redes sociais.
Em comunicado divulgado pelo Instagram, a Mynd negou que o perfil Choquei faça parte do casting da empresa. A corporação afirmou que participa apenas da intermediação de venda de publicidade em perfis nas redes sociais.
“A Mynd não participa em nenhum momento do conteúdo editorial de nenhum perfil”, segue a nota. “Todos os perfis são totalmente independentes e administrados por seus donos que definem todo e qualquer conteúdo”.
A empresa também informou que há três anos criou um comitê de integridade para reforçar a “cultura ética da empresa” com os colaboradores e parceiros.
“Atuamos contra qualquer divulgação de fake news e incitação ao ódio”, afirmou a agência. “Assim como somos contra os linchamentos virtuais”.
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Ministros de Lula pedem regulamentação das redes sociais
O caso gerou repercussão nas redes sociais. Desde o ocorrido, famosos, internautas e até ministros do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pedem a regulação das redes sociais.
Em postagem nas redes sociais, o ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio de Almeida, declarou que a regulação das redes sociais é um "imperativo civilizatório".
"A irresponsabilidade das empresas que regem as redes sociais diante de conteúdos que outros irresponsáveis e mesmo criminosos nela propagam tem destruído famílias e impossibilitado uma vida social minimamente saudável", escreveu.
A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, afirmou que a morte de Jéssica foi causada pela "irresponsabilidade" de perfis que lucram com a misoginia e a disseminação de mentiras.
"É inadmissível que o conteúdo mentiroso contra Jéssica, que fez crescer uma campanha de difamação contra a jovem, não tenha sido retirado do ar nem pelo dono da página nem pela plataforma X ao longo de quase uma semana, mesmo depois dos apelos da própria Jéssica e de sua mãe", completou a ministra.
Entenda o caso da morte de Jéssica
O falecimento da estudante Jéssica Canedo ocorreu na sexta-feira, 22, e foi informado pelos familiares da mesma. Dias antes do ocorrido, passaram a circular nas páginas voltadas para notícias de celebridades prints de supostas conversas entre a mineira e o humorista Whindersson Nunes. Ambos desmentiram os boatos.
A mãe da mineira chegou a fazer uma publicação nas redes sociais pedindo para que os prints falsos fossem excluídos das páginas de fofoca, como a Choquei, que conta com mais de 20 milhões de seguidores.
No entanto, apesar dos pedidos, o conteúdo continuou a circular. O dono da Choquei chegou a debochar publicamente da solicitação de Jéssica.
De acordo com a CNN Brasil, os investigadores já "tiveram acesso à necropsia do corpo da vítima e realizaram um levantamento das publicações nas redes sociais que mencionavam Jéssica e Whindersson".
Ao longo da investigação, os familiares da estudante devem ser ouvidos. A Polícia também estuda a possibilidade de ouvir o responsável pelas redes da Choquei. Intuito é saber se a morte da mineira não foi induzida ou instigada.
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