Dino diz que caso Marielle será "integralmente elucidado" em breve

Ele afirmou ainda que a resolução do caso foi uma promessa de campanha do presidente Lula, assumida pelo Ministério da Justiça

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou, durante cerimônia, que o caso envolvendo morte da deputada carioca Marielle Franco  e do motorista dela, Anderson Gomes, será “integralmente elucidado” em breve. A declaração foi dada na manhã desta quinta-feira, 21.

Ele deixa o cargo de ministro da Justiça para assumir uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). Apesar do ato de despedida, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) informou que Dino permanecerá na pasta até o dia 8 de janeiro

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“Eu, no dia 2 de janeiro, disse que nós iríamos, ministra [das Mulheres] Cida [Gonçalves], elucidar definitivamente o caso Marielle Franco. E hoje, alguém pergunta: 'Bom, decorrido um ano...' As investigações avançaram”, seguiu.

“É claro que eu não controlo o inquérito, não tenho a honra de ser policial. Mas o dr. Andrei [Rodrigues] está aqui. Eu quero reiterar e cravar. Não tenham dúvida, o caso Marielle em breve será integralmente elucidado, porque esse é um caso fundamental pelo seu simbolismo de defesa das mulheres, de defesa das mulheres na Política e, portanto, de defesa da Política”.

O chefe da pasta afirmou ainda que a resolução do caso foi uma promessa de campanha do presidente Lula, assumida pelo ministro da Justiça.

O diretor da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, esteve ao lado de Dino durante o discurso. A corporação avançou com a delação premiada do ex-policial militar Elcio Queiroz, negociada em julho. Ele dirigiu o veículo para assassinar Marielle e o motorista dela, Anderson Gomes.

Caso Marielle 

Em março deste ano, o caso Marielle completou cinco anos. As investigações levaram a prisão de dois executores: o policial militar reformado Ronnie Lessa, por ter atirado na vereadora, e do motorista, o ex-policial militar Élcio de Queiroz. Os motivos e os líderes do atentado permanecem desconhecidos.

“Já se passaram cinco anos: é muito tempo”. O desabafo é de Marinete Silva, mãe de Marielle Franco, e resume o sentimento de familiares, amigos, ativistas, e de qualquer pessoa indignada com o crime. “Hoje, o mundo inteiro quer saber quem mandou matar Marielle. Isso não é uma questão a ser resolvida apenas para a família”, complementa a mãe.

O próprio processo de investigação passou a ocupar um lugar central no noticiário. A Polícia Civil teve cinco delegados responsáveis pelo caso na Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro. No Ministério Público Estadual, três equipes diferentes atuaram no caso durante esses anos.

Em julho deste ano, o ex-policial militar Élcio Queiroz, realizou um acordo de delação premiada com a Polícia Federal. No depoimento, Queiroz apontou o nome de outra pessoa envolvida no crime. A delação premiada, proferida por Élcio, sinaliza que Ronnie Lessa teria sido o autor dos disparos

Lessa teria dito ao comparsa que não pesquisou nada sobre Marielle. Élcio, contudo, desconfiou que o amigo estava mentindo e, a partir dessa quebra de confiança, decidiu fazer uma delação, de acordo com a Polícia Federal.

Élcio e Ronnie Lessa estão presos desde 2019 e serão julgados pelo Tribunal do Júri, cuja sessão ainda não foi agendada.

No depoimento, Élcio revelou que dirigiu o carro utilizado no ataque e afirmou que Ronnie efetuou os disparos com uma submetralhadora contra Marielle. Ele citou ainda o nome de Maxwell Simões Corrêa, o Suel, que ficou responsável por vigiar a vereadora e participaria do plano, contudo, foi substituído por ele.

Conforme explicou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, Élcio receberá benefícios decorrentes do acordo da delação premiada, no entanto, seguirá preso.

Élcio foi expulso da Polícia Militar em 2015 após ser preso em uma operação contra uma milícia.

Outros integrantes do assassinato de Marielle

Ronnie Lessa

Preso desde março de 2019, Ronnie é apontado como o autor dos disparos contra a vereadora Marielle Franco, conforme o depoimento de Élcio prestado nessa segunda-feira, 24.

Na mesma semana em que Ronnie foi preso, a Divisão de Homicídios (DH) da capital encontrou 117 fuzis incompletos na residência de um amigo de Ronnie no Méier, na Zona Norte do Rio. Ele foi condenado a 13 anos e seis meses de prisão por comércio ilegal de armas.

Além de Ronnie, outras pessoas ligadas a ele foram presas, como a esposa, Eliane, condenada por destruição de provas. Os condenados são acusados de desaparecer com armas. No entendimento dos investigadores, a submetralhadora usada para matar Marielle pode estar no fundo do mar.

Além da participação de Lessa no assassinato da vereadora, ele também é acusado de envolvimento em uma rede de jogos de azar. Ronnie atuou como segurança do contraventor.

Em fevereiro deste ano, Lessa foi expulso da Polícia Militar no Estado do Rio de Janeiro. A determinação frisa que ele descumpriu preceitos éticos e estatutários que devem ser cumpridos pelos oficiais da corporação.

Maxwell Simões Corrêa, Suel

De acordo com a Polícia Federal, Maxwell Simões Corrêa, conhecido como Suel, atuou na “vigilância” e “acompanhamento” de Marielle Franco.

Com o avanço das investigações e acordo de delação premiada de Élcio Queiroz, os investigadores concluíram que o envolvimento do ex-bombeiro estava além do que os policiais sabiam.

Em junho de 2020, Suel foi preso durante a Operação Submersos II, que investiga o caso. Em 2021, ele foi condenado a quatro anos de prisão por tentar atrapalhar as investigações, contudo, cumpria pena em regime aberto.

Conforme o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), o carro utilizado para esconder as armas que estavam em um apartamento de Ronnie Lessa pertencia a Suel.

Maxwell foi preso em casa, localizada em Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste, e encaminhado para a sede da PF, na Zona Portuária. Ele foi preso na mesma residência onde foi detido anteriormente. Um automóvel do ex-bombeiro foi apreendido.

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