Novo áudio desmente versão de Janones sobre acusações de rachadinha
Deputado federal havia alegado que ainda não exercia o cargo na Câmara quando gravou os áudios em que pede parte dos salários de assessoresUm novo áudio contradiz uma das declarações do deputado federal André Janones (Avante-MG) ao se defender sobre as acusações de que teria cometido o crime conhecido como rachadinha. Por meio de seu perfil na rede social X, antigo Twitter, ele havia dito que a mensagem de voz foi feita quando ainda não havia assumido o mandato na Câmara dos Deputados, o que foi provado ser falso.
“A história: eu (quando ainda não era deputado), disse para algumas pessoas (que ainda não eram meus assessores) que eles ganhariam um salário maior do que os outros, para que tivessem condições de arcar com dívidas assumidas por eles durante a eleição de 2016. Ao final, a minha sugestão foi vetada pela minha advogada e, por isso, não foi colocada em prática. Fim da história”, escreveu Janones. As informações são do portal Metrópoles.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
Na nova gravação, o deputado cita que teria uma reunião no Congresso em poucas horas e que estava preocupado pois não iria apresentar projetos de lei, enquanto “tinha uma fila de 100 deputados apresentando projetos”.
“Por que eu não sabia? Por que não contratei nenhum especialista em técnico legislativo. Hoje tem plenário à tarde. Eu não sei o que que eu vou fazer lá. Vou chegar lá e vou ficar perdido. Não sei como que é, o que eu vou fazer, que horas que eu falo, que assunto que vai ser”, diz no áudio.
A versão vai de acordo com o que alegavam os ex-assessores de Janones: de que a reunião teria ocorrido em 5 de fevereiro de 2019, quando o político já exercia o mandato de deputado federal. A nomeação de um dos que acusaram o deputado de rachadinha, Fabrício Ferreira, aliás, saiu no Diário Oficial pouco antes: em 1º de fevereiro.
Entenda o caso
André Janones foi acusado de rachadinha, após o vazamento de um áudio, divulgado pelo Metrópoles, no qual uma voz masculina, atribuída a ele, pede para que funcionários devolvam parte do salário para “ajudarem a pagar as contas da campanha”.
“Se cada um der 200 reais na minha conta, vai ter mais ou menos 200 mil reais para a gente gastar nessa campanha. Tem algumas pessoas aqui que eu ainda vou conversar em particular depois que vão receber um pouco de salário a mais. E elas vão me ajudar a pagar as contas do que ficou da minha campanha de prefeito. Porque eu perdi 675 mil reais na campanha. Elas vão ganhar mais, só isso. Ah! Isso é devolver salário e você tá chamando de outro nome. Não é. Porque eu devolver salário você manda na minha conta e eu faço o que eu quiser. Né?”, diz o deputado.
Com a circulação do áudio, Janones se pronunciou diversas vezes nas suas redes sociais. Ele chegou a pedir, via Telegram, que seus "soldados" o defendessem das acusações. "Hoje sou eu quem preciso de vocês! Me ajudem a divulgar esse tuíte", disse, sustentando que estava sendo alvo de fake news.
Investigação
No dia 29 de novembro, o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, protocolou um pedido de cassação do mandato de Janones. Assinado por Valdemar Costa Neto, presidente nacional da sigla, o pedido inclui essas réplicas de Janones ao vazamento do áudio.
Dias depois, em 1º de dezembro, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de um inquérito para investigar o caso. Segundo a vice-procuradora-geral da República, Ana Borges, na avaliação da PGR, há indícios "sugestivos" que justificam a abertura.
Ainda no dia 1º, Janones disse esperar que o STF atenda o pedido da PGR e autorize a abertura de inquérito. "É o único meio de eu provar minha inocência cabal e depois mover o meu direito de regresso contra as pessoas que me acusaram de forma leviana", afirmou ao jornal O Estado de São Paulo.
Além disso, Fabrício Ferreira de Oliveira - o ex-assessor que acusa Janones - pediu que a PGR e a PF façam uma acareação para apurar a denúncia. O mecanismo consiste em colocar acusados, testemunhas ou vítimas frente a frente. O intuito é esclarecer diretamente as divergências entre as versões. Segundo Oliveira, nessas condições, conseguiria expor contradições de Janones.
Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente