Alto Santo faz nova eleição e 8 dos 11 eleitos são os mesmos de 2020

Município no Baixo Jaguaribe elege hoje toda a Câmara Municipal. Mandatos vão até janeiro de 2025

21:22 | Dez. 03, 2023

Por: Carlos Holanda
Eleição suplementar para vereador de Alto Santo (foto: FERNANDA BARROS)

Na eleição suplementar realizada neste domingo, 3, os eleitores de Alto Santo, no Baixo Jaguaribe, a 249 km de Fortaleza, escolheram 11 novos vereadores, que concluirão o mandato até janeiro de 2025. Novos é modo de dizer. Dos 11 eleitos, 8 são os mesmos que já haviam sido eleitos em 2020 para a Câmara Municipal.

As maiores bancadas são de PDT e PP, cada um com quatro parlamentares. O PSD, partido pelo qual o prefeito Joeni Holanda se elegeu, ficou com dois vereadores. O PT elegeu um.

Em 2020, PSD elegeu quatro vereadores, PP e PDT elegeram três cada e o PT, um. 

Resultado da eleição suplementar em Alto Santo:

O nome dos eleitos está em negrito

  1. ANDRE CABO (PP): 869 ELEITO
  2. LEVI DAMASCENO (PP): 827 ELEITO
  3. GENILEUDA MOURA OLIVEIRA (PDT): 778 ELEITA
  4. LUAN SEGUROS (PDT): 716 ELEITO
  5. RENNIO MONTEIRO DIÓGENES (PP): 596 ELEITO
  6. FRANCISCO MARTINS MACIEL, O VÉI CHICO (PDT): 471 ELEITO
  7. FELIPE MERCIER (PT): 465 ELEITO
  8. ROGERIO FILHO (PSD): 413 ELEITO
  9. NEIDINHA (PP): 412 ELEITA
  10. MANINHO (PSD): 382 ELEITO
  11. FRANCISCO BEZERRA BARRETO (PSD): 368 SUPLENTE
  12. VINICIUS DE ACRIZIO (PDT): 361 ELEITO
  13. FRANCISCO OTACILIO DIOGENES OLEGARIO (PSD): 337 SUPLENTE
  14. PLACIDO OTAVIO GOMES NETO (PSD): 314 SUPLENTE
  15. IDERSON IVO NOGUEIRA ALVES (PP): 234 SUPLENTE
  16. RAIMUNDO NONATO NEVES ANSELMO (PT): 203 SUPLENTE
  17. JUCELINO SALES DE OLIVEIRA (PDT): 201 SUPLENTE
  18. JOAO ALVES MONTEIRO (PDT): 175 SUPLENTE
  19. ANTONIA IVANUSIA RABELO MONTEIRO (PSD): 165 SUPLENTE
  20. RADEMAK VERISSIMO DE QUEIROZ (PDT): 164 SUPLENTE
  21. FRANCISCO NILO SANTIAGO DA SILVA (PSD): 124 SUPLENTE
  22. ANTONIO FRANCISCO DE FREITAS (PT): 122 SUPLENTE
  23. ERNANES ALVES CARNEIRO (PDT): 96 SUPLENTE
  24. DENIS CARLOS MACHADO MAIA (PP): 66 SUPLENTE
  25. GABRIELA MAGALHÃES DE OLIVEIRA (PP): 66 SUPLENTE
  26. CRISTINA CABO LIMA (PT): 31 SUPLENTE
  27. REGIVÂNIA DE LIMA LOPES (PP): 26 SUPLENTE
  28. DEUSIVANIA HOLANDA DE FREITAS (PDT): 22 SUPLENTE
  29. HILKA JANICE FERNANDES DE ARRUDA (PDT): 21 SUPLENTE
  30. LILIA JACIARA DOS SANTOS MELO (PT): 17 SUPLENTE
  31. ADRIANA RITA AUGUSTA HOLANDA (PSD): 13 SUPLENTE
  32. SHEILA GOMES FREIRE (PSD): 7 SUPLENTE

O vereador mais votado foi André Cabo (PP). Ele bateu boca com o prefeito quando Joeni interrompeu a sessão da Câmara para contestá-lo, em outubro.

Antes de a votação ser encerrada, o prefeito demonstrava confiança e dizia que, que como "filho" da cidade, não terá problemas para garantir maioria no Legislativo. "Nunca tive problema de trabalhar com o apoio da Câmara. Sempre a gente teve a maioria, eles conhecem meu trabalho, sabem que eu luto pelo bem desse município e graças a Deus tudo em paz."

Mudanças

Entre os eleitos neste domingo estão quatro dos vereadores que estavam cassados: Genileuda Moura Oliveira (PDT), Luan Seguros (PDT), Rogério Filho (PSD) e Maninho (PSD).

Há três parlamentares que venceram em 2020 e desta vez ficaram como suplentes: Jucelino Sales de Oliveira (PDT), Otacílio Diógenes (PSD) e Plácido Otávio Gomes Neto (PSD), o Placim.

Os três que não foram eleitos em 2020 e venceram agora são Francisco Martins Maciel (PDT), o Véi Chico, Neidinha (PP) e Vinícius de Acrízio (PT). A Câmara funciona atualmente com vereadores suplentes do que foram cassados.

Por que há eleição suplementar

eleição suplementar ocorreu para definir toda uma nova Câmara Municipal. Os vereadores eleitos em 2020 foram cassados por fraude à cota de gênero praticada por PSD e PDT, partidos que tinham 7 de 11 vereadores. Os votos válidos anulados corresponderam a 57,21% do total.

Como mais da metade dos sufrágios foi anulada na decisão judicial, a legislação determina a realização de novas eleições. O caso é paradigmático: é a primeira vez que eleição suplementar é realizada para toda a composição de uma Câmara Municipal. A fraude consiste em lançar "laranjas", sem intenção real de concorrer, apenas para atingir o mínimo de candidaturas de mulheres exigidas por lei. A atitude causa prejuízo à competitividade de mulheres nas eleições.

Eleitoras

O POVO conversou com eleitores do município e constatou que muita gente não sabia a razão da nova votação. "Todo mundo ficou assim, triste. Se teve fraude, sei lá. A gente não entende muito bem disso aí não, viu", disse a dona de casa Antoniete Sousa. Ela disse que votou pelas relações de proximidade. "É pela amizade, né, A gente gosta da pessoa, a gente vai ajudar".

Tânia Saldanha, agricultora, disse que votou por não ter opção. "Eu vim votar porque é obrigado. Eu não gosto de votar não, não vou mentir". Ela disse que os candidatos não fazem jus ao voto. "Não merece não, porque a gente só tem valor no dia das eleições. No dia de votar, aí a gente tem valor". Sobre o motivo da eleição suplementar, ela demonstrou desconhecer. "Não sei dizer não, dessa parte aí eu não sei nem falar".

A agricultora Maria Vanir considera que não era necessário ter eleição suplementar para mandatos que vão até janeiro de 2025. "Na minha opinião, não tinha precisão. Tá faltando um ano para a outra (eleição). Cada qual é cada qual".

Políticos

A vereadora Maria Genileuda (PDT), ex-vice-prefeita da cidade, afirmou ao O POVO que sentiu que seus eleitores foram injustiçados. Ela obteve 737 votos em 2020, número que fez dela a mais votada no Município. Ela admite que, no contexto de uma campanha, é difícil voltar os olhos para questões burocráticas. "A gente esquece, deixa nas mãos de pessoas que por irresponsabilidade, não fazem o correto", disse. 

Anna Carolina Alencar, secretária de Eleições, Atendimento ao Eleitor e Cidadania do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) disse que a eleição transcorreu de modo tranquilo e que a experiência em Alto Santo dá ferramentas para o planejamento das eleições municipais de 2024, "mostrando que durante o processo eleitoral a gente prima pela segurança do eleitor, pela segurança do voto e a tranquilidade da municipalidade."

Gênero

Anna Carolina acompanhou a eleição in loco pela Justiça Eleitoral, assim como Daiana Alves Tavares de Castro, juíza da 86ª Zona Eleitoral de Alto Santo. Ela analisa que sobreposição do masculino sobre o feminino ocorre de maneira mais ampla, de modo que as eleições sejam uma repercussão desta realidade.

"Nós estivemos com os partidos que estão participando agora dessa eleição. Uma das mulheres falou: a gente sente que não tem esse poder (sobre a condução de um partido)", relatou a juíza.

A magistrada também afirmou que a eleição transcorre com tranquilidade, sem que as decisões tenham sido desobedecidas. 

"Enquanto não mudar a mentalidade culturalmente falando, principalmente numa sociedade como a nossa, machista, vai acontecer? Vai, mas o fato de estarmos tendo uma eleição suplementar decorrente da violação à cota de gênero mostra que estamos atentos para que não se repita mais", complementou Daiana.

A Câmara funciona atualmente com vereadores suplentes dos cassados.

Com informações de Isabelle Maciel, enviada a Alto Santo