Alto Santo faz nova eleição e 8 dos 11 eleitos são os mesmos de 2020
Município no Baixo Jaguaribe elege hoje toda a Câmara Municipal. Mandatos vão até janeiro de 2025Na eleição suplementar realizada neste domingo, 3, os eleitores de Alto Santo, no Baixo Jaguaribe, a 249 km de Fortaleza, escolheram 11 novos vereadores, que concluirão o mandato até janeiro de 2025. Novos é modo de dizer. Dos 11 eleitos, 8 são os mesmos que já haviam sido eleitos em 2020 para a Câmara Municipal.
As maiores bancadas são de PDT e PP, cada um com quatro parlamentares. O PSD, partido pelo qual o prefeito Joeni Holanda se elegeu, ficou com dois vereadores. O PT elegeu um.
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Em 2020, PSD elegeu quatro vereadores, PP e PDT elegeram três cada e o PT, um.
Resultado da eleição suplementar em Alto Santo:
O nome dos eleitos está em negrito
- ANDRE CABO (PP): 869 ELEITO
- LEVI DAMASCENO (PP): 827 ELEITO
- GENILEUDA MOURA OLIVEIRA (PDT): 778 ELEITA
- LUAN SEGUROS (PDT): 716 ELEITO
- RENNIO MONTEIRO DIÓGENES (PP): 596 ELEITO
- FRANCISCO MARTINS MACIEL, O VÉI CHICO (PDT): 471 ELEITO
- FELIPE MERCIER (PT): 465 ELEITO
- ROGERIO FILHO (PSD): 413 ELEITO
- NEIDINHA (PP): 412 ELEITA
- MANINHO (PSD): 382 ELEITO
- FRANCISCO BEZERRA BARRETO (PSD): 368 SUPLENTE
- VINICIUS DE ACRIZIO (PDT): 361 ELEITO
- FRANCISCO OTACILIO DIOGENES OLEGARIO (PSD): 337 SUPLENTE
- PLACIDO OTAVIO GOMES NETO (PSD): 314 SUPLENTE
- IDERSON IVO NOGUEIRA ALVES (PP): 234 SUPLENTE
- RAIMUNDO NONATO NEVES ANSELMO (PT): 203 SUPLENTE
- JUCELINO SALES DE OLIVEIRA (PDT): 201 SUPLENTE
- JOAO ALVES MONTEIRO (PDT): 175 SUPLENTE
- ANTONIA IVANUSIA RABELO MONTEIRO (PSD): 165 SUPLENTE
- RADEMAK VERISSIMO DE QUEIROZ (PDT): 164 SUPLENTE
- FRANCISCO NILO SANTIAGO DA SILVA (PSD): 124 SUPLENTE
- ANTONIO FRANCISCO DE FREITAS (PT): 122 SUPLENTE
- ERNANES ALVES CARNEIRO (PDT): 96 SUPLENTE
- DENIS CARLOS MACHADO MAIA (PP): 66 SUPLENTE
- GABRIELA MAGALHÃES DE OLIVEIRA (PP): 66 SUPLENTE
- CRISTINA CABO LIMA (PT): 31 SUPLENTE
- REGIVÂNIA DE LIMA LOPES (PP): 26 SUPLENTE
- DEUSIVANIA HOLANDA DE FREITAS (PDT): 22 SUPLENTE
- HILKA JANICE FERNANDES DE ARRUDA (PDT): 21 SUPLENTE
- LILIA JACIARA DOS SANTOS MELO (PT): 17 SUPLENTE
- ADRIANA RITA AUGUSTA HOLANDA (PSD): 13 SUPLENTE
- SHEILA GOMES FREIRE (PSD): 7 SUPLENTE
O vereador mais votado foi André Cabo (PP). Ele bateu boca com o prefeito quando Joeni interrompeu a sessão da Câmara para contestá-lo, em outubro.
Antes de a votação ser encerrada, o prefeito demonstrava confiança e dizia que, que como "filho" da cidade, não terá problemas para garantir maioria no Legislativo. "Nunca tive problema de trabalhar com o apoio da Câmara. Sempre a gente teve a maioria, eles conhecem meu trabalho, sabem que eu luto pelo bem desse município e graças a Deus tudo em paz."
Mudanças
Entre os eleitos neste domingo estão quatro dos vereadores que estavam cassados: Genileuda Moura Oliveira (PDT), Luan Seguros (PDT), Rogério Filho (PSD) e Maninho (PSD).
Há três parlamentares que venceram em 2020 e desta vez ficaram como suplentes: Jucelino Sales de Oliveira (PDT), Otacílio Diógenes (PSD) e Plácido Otávio Gomes Neto (PSD), o Placim.
Os três que não foram eleitos em 2020 e venceram agora são Francisco Martins Maciel (PDT), o Véi Chico, Neidinha (PP) e Vinícius de Acrízio (PT). A Câmara funciona atualmente com vereadores suplentes do que foram cassados.
Por que há eleição suplementar
A eleição suplementar ocorreu para definir toda uma nova Câmara Municipal. Os vereadores eleitos em 2020 foram cassados por fraude à cota de gênero praticada por PSD e PDT, partidos que tinham 7 de 11 vereadores. Os votos válidos anulados corresponderam a 57,21% do total.
Como mais da metade dos sufrágios foi anulada na decisão judicial, a legislação determina a realização de novas eleições. O caso é paradigmático: é a primeira vez que eleição suplementar é realizada para toda a composição de uma Câmara Municipal. A fraude consiste em lançar "laranjas", sem intenção real de concorrer, apenas para atingir o mínimo de candidaturas de mulheres exigidas por lei. A atitude causa prejuízo à competitividade de mulheres nas eleições.
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Eleitoras
O POVO conversou com eleitores do município e constatou que muita gente não sabia a razão da nova votação. "Todo mundo ficou assim, triste. Se teve fraude, sei lá. A gente não entende muito bem disso aí não, viu", disse a dona de casa Antoniete Sousa. Ela disse que votou pelas relações de proximidade. "É pela amizade, né, A gente gosta da pessoa, a gente vai ajudar".
Tânia Saldanha, agricultora, disse que votou por não ter opção. "Eu vim votar porque é obrigado. Eu não gosto de votar não, não vou mentir". Ela disse que os candidatos não fazem jus ao voto. "Não merece não, porque a gente só tem valor no dia das eleições. No dia de votar, aí a gente tem valor". Sobre o motivo da eleição suplementar, ela demonstrou desconhecer. "Não sei dizer não, dessa parte aí eu não sei nem falar".
A agricultora Maria Vanir considera que não era necessário ter eleição suplementar para mandatos que vão até janeiro de 2025. "Na minha opinião, não tinha precisão. Tá faltando um ano para a outra (eleição). Cada qual é cada qual".
Políticos
A vereadora Maria Genileuda (PDT), ex-vice-prefeita da cidade, afirmou ao O POVO que sentiu que seus eleitores foram injustiçados. Ela obteve 737 votos em 2020, número que fez dela a mais votada no Município. Ela admite que, no contexto de uma campanha, é difícil voltar os olhos para questões burocráticas. "A gente esquece, deixa nas mãos de pessoas que por irresponsabilidade, não fazem o correto", disse.
Anna Carolina Alencar, secretária de Eleições, Atendimento ao Eleitor e Cidadania do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) disse que a eleição transcorreu de modo tranquilo e que a experiência em Alto Santo dá ferramentas para o planejamento das eleições municipais de 2024, "mostrando que durante o processo eleitoral a gente prima pela segurança do eleitor, pela segurança do voto e a tranquilidade da municipalidade."
Gênero
Anna Carolina acompanhou a eleição in loco pela Justiça Eleitoral, assim como Daiana Alves Tavares de Castro, juíza da 86ª Zona Eleitoral de Alto Santo. Ela analisa que sobreposição do masculino sobre o feminino ocorre de maneira mais ampla, de modo que as eleições sejam uma repercussão desta realidade.
"Nós estivemos com os partidos que estão participando agora dessa eleição. Uma das mulheres falou: a gente sente que não tem esse poder (sobre a condução de um partido)", relatou a juíza.
A magistrada também afirmou que a eleição transcorre com tranquilidade, sem que as decisões tenham sido desobedecidas.
"Enquanto não mudar a mentalidade culturalmente falando, principalmente numa sociedade como a nossa, machista, vai acontecer? Vai, mas o fato de estarmos tendo uma eleição suplementar decorrente da violação à cota de gênero mostra que estamos atentos para que não se repita mais", complementou Daiana.
A Câmara funciona atualmente com vereadores suplentes dos cassados.
Com informações de Isabelle Maciel, enviada a Alto Santo
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