Grupo de Cid se aproxima do Podemos, tem simpatia pelo PSB e fica longe do PT

Após conversas com partidos, o senador Cid Gomes e o grupo de aliados com prefeitos, deputados estaduais e federais ainda irá se reunir para decidir o destino até o dia 4 de dezembro

19:57 | Nov. 24, 2023

Por: Guilherme Gonsalves
CID GOMES ao lado de aliados. Uns saíram do PDT, outros aguardam (foto: AURÉLIO ALVES)

Dia 4 de dezembro é a meta do prazo estabelecida pelo senador Cid Gomes e seu grupo de aliados para definir o futuro partidário, em meio a uma saída em massa do PDT. Com negociações ainda em curso, a promessa é de uma decisão coletiva.

A decisão para o dia 4 se desenha entre três prováveis destinos para o bloco de mais de 40 prefeitos, 14 deputados estaduais (em exercício e suplentes), e 5 deputados federais (em exercício e suplentes): Podemos, PSB e PT. Paulinho da Força chegou a telefonar convidando o grupo para o Solidariedade, mas a conversa não avançou. Avante, Republicanos e mesmo PSD são hipóteses cogitadas para ao menos parte do grupo — mas Cid defende a filiação de todos juntos.

Comitiva se reúne com partidos

Enquanto Cid aguarda um encontro com o presidente Lula, uma comitiva de parlamentares pegou carona na posse de Teodoro Silva Santos como ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para ir a Brasília e conversar com representantes dos partidos em análise.

Com o Podemos estiveram os deputados estaduais Guilherme Landim, Osmar Baquit e Jeová Mota; os federais Leônidas Cristino, Eduardo Bismarck e Robério Monteiro, mais o prefeito de Senador Pompeu, Maurício Pinheiro. Com o PSB esteve o mesmo grupo, mais o deputado federal Mauro Filho.

Podemos tem vantagens

Destas conversas, o Podemos tem uma vantagem, na opinião de parlamentares pedetistas com quem O POVO conversou. O relato é de que os diálogos foram mais objetivos e até do espaço a ser ocupado pelo grupo em comissões foi tratado.

Bismarck Maia, prefeito de Aracati e presidente do Podemos Ceará, afirmou estar entusiasmado para fechar acordo, embora precise aguardar a decisão final. “Estou otimista sim”, disse.

Conversas com o PSB

Já do lado do PSB, o partido tem uma simpatia de parte dos parlamentares por já terem sido filiados até 2013 e por terem saído sem problemas ou conflitos. A reunião com o presidente nacional Carlos Siqueira e Eudoro Santana, presidente estadual, porém, não foi considerada tão objetiva quanto a do Podemos.

Um fator que poderia dificultar uma ida em massa ao PSB seria a intenção de formar uma federação entre o partido e o PDT para 2026. Alguns parlamentares mencionam a situação. Mas, um dos membros do partido confidenciou que isso não seria impeditivo. O grupo, afinal, continuariam a ter a maioria no Ceará, como têm hoje no PDT. E, no caso da federação, teriam respaldo e apoio da nacional, diferentemente do que ocorre no PDT com André Figueiredo e Carlos Lupi.

Embora a comitiva tenha se reunido com Podemos e PSB, o grupo ainda não se encontrou para finalmente decidir coletivamente para qual partido irão.

PT mais distante e "quase impossível"

A reunião de Cid Gomes com Lula ainda não aconteceu, mas o PT se encontra mais distante do grupo pedetista. “Creio que impossível”, afirmou um parlamentar sobre uma possível ida em massa ao partido.

O próprio senador encontra resistência a seu nome dentro da sigla, sinalizada inclusive pelo líder de Lula, o deputado federal José Guimarães.

Algo reforçado pelo ex-governador e aliados é de que a decisão será coletiva e o objetivo é manter o bloco coeso e unido. Portanto, por mais que Cid possa ter uma preferência ao PT, não poder comportar todos inviabilizaria a mudança.

Além disso, outro fator relevante levantado é a intenção de migrar para um partido com poucos diretórios municipais. Não é a situação do PT, organizado em muitos lugares, em vários deles em disputa com pedetistas cidistas. Um dos líderes de saída do PDT afirmou também que o PT é um partido consolidado com quadros históricos ocupando posições importantes, e isso deve ser respeitado.

Cid afirmou na terça-feira, 21, que cada manifestação de que o grupo liderado por ele é bem-vindo em outra legenda é reconfortante, após meses de dificuldades e pelo processo novelesco do PDT.

De acordo com o senador, a disputa no PDT foi mantida pela intenção de permanecer no partido e fazer com que a maioria no Ceará fosse respeitada pela direção nacional. "Nem como coadjuvante eu gostaria de participar, ainda menos como protagonista", disse sobre a situação.