Ao O POVO, marqueteiro de Milei explica vitória e revela que trabalhará no Brasil em 2024; assista
Pablo Nobel já trabalhou com Tarcísio de Freitas na campanha em 2022. Apesar de atuar com políticos de direita, ele afirma que sua agência não possui lados e que trabalhará com Tabata Amaral na campanha pela Prefeitura de São Paulo
Pablo Nobel, marqueteiro do presidente eleito da Argentina, Javier Milei (La Libertad Avanza), afirmou em entrevista ao O POVO News nesta terça-feira, 21, que irá trabalhar com a deputada federal Tabata Amaral (PSB) na campanha à prefeitura de São Paulo de 2024.
Apesar de ter atuado nas campanhas de políticos da direita, como Milei e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), Pablo Nobel explicou que a sua agência não tem lados. Ele também negou que seja contratado de Ricardo Salles (PL), outro nome da extrema-direita que quer se lançar à Prefeitura de São Paulo ano que vem.
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“A gente fez uma consultoria para o Salles, no ínicio do ano (...) fizemos um tipo de consultoria específico que ele contratou, mas depois não demos continuidade, ele desistiu de ser candidato aquele momento, agora está tentando voltar a ser”, explicou Nobel, acrescentando que “nesse meio tempo fomos contatados e contratados pela Tabata Amaral, que ao contrário do Salles, ao contrário do Tarcísio, é uma pessoa bem mais ao centro”
“A agência não pode e nem tem lado, nós trabalhamos para os clientes que nos procuram, cada um com suas questões, a pensar estrategicamente e politicamente caminhos possíveis”, definiu.
Estratégias na campanha de Milei
Sobre as estratégias usadas na campanha de Milei à Presidência da Argentina, Nobel destacou um “coquetel definitivo” para aproximar o eleitorado jovem do economista ultraliberal. Para ele, a população com menos de 30 anos reconheceu que a “vida estava ruim, que o cotidiano estava ruim, que a inflação com 140% estava insustentável”
“Em cima desse diagnóstico o Javier traz um discurso com dois pilares: por um lado o discurso da bronca, da impotência das pessoas, da empatia, frustradas pelo seus cotidianos; e pelo outro, o reconhecimento de um inimigo comum com esses jovens, que ele dá nome de casta, uma classe política que contraponto a essa miséria cada vez maior, enriquece”, apontou.
Outro ponto utilizado na campanha eleitoral do argentino segundo o marqueteiro foi a inteligência artificial. Para Nobel, a ferramenta será usada nas campanhas municipais do Brasil em 2024, assim como outras eleições mundiais.
“A inteligência artificial veio para ficar. Tivemos agora a experiência da inteligência artificial aplicada a uma eleição pela primeira vez, com tudo que isso implica, prós e contras. Aí temos uma questão ética, que essa ferramenta traz e que na campanha de Javier Milei isso também acaba ficando claro”, avaliou.
“É uma questão e entendo que será uma questão nas eleições a prefeituras no ano que vem no Brasil e nas eleições mudo afora, a partir desse ano. São desafios que a tecnologia traz inclusive do ponto de vista ético”, refletiu.
Ele também lembrou que a ferramenta foi utilizada por “jovens colaboradores”, em que se não tem controle sobre como a inteligência será aplicada, e que isso pode ter complicações éticas.
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O perfil de Milei
“É um liberal político, que entende que o estado tem um papel que em outros sistemas e o mercado um papel maior”, definiu Nobel.
Segundo Nobel, a diferença entre Milei dos políticos de direita do Brasil, é porque ele também é liberal nos costumes. “Na pasta de costumes ele também é um liberal, não um conservador, porque ele entende que as relações não têm que ser pautadas ou controladas pelo Estado. E por tanto ele se considera sim, o que ele se autodenomina como ‘libertário’, um liberal da política e um liberal nos costumes, o que acaba o afastando do conservador que conhecemos no Brasil”, explicou
Semelhanças entre a campanha de Milei e Bolsonaro
De acordo com Nobel, Milei e o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro têm um lado “transgressor” que os aproxima. Mas ao mesmo possuem diferenças em seus discursos. Após a eleição, Milei fez chamada de vídeo com Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro e os convidou para a sua posse.
“Acho que tem uma questão simbólica muito importante ali, uma coisa personalista na forma de se posicionar. Gostaria de trazer um dado curioso, um traço de rebeldia, ele anda com jaqueta de couro, cabelo comprido, despenteado, não usa ternos. Ele tem toda essa forma de se expressar com discurso direto que de alguma maneira tem a ver, tem essa ponte com o discurso do Bolsonaro”, apontou.
E continuou: “Mas quando a gente bota numa lupa a gente percebe que não é bem assim, porque o Bolsonaro preza mais pela questão do Estado, um Estado maior, mais forte. Tem a pauta de costumes, onde ele de fato é conservador, contra o liberalismo do Milei. Então se por um lado tem semelhanças, também entendo que tem diferenças muito marcantes”