Girão pede desculpas a Dino por confundir humorista com "dama do tráfico"

Senador cearense tem histórico de críticas ao ministro, durante seus pronunciamentos no Senado Federal

12:56 | Nov. 21, 2023

Por: Ludmyla Barros
Retificação ocorreu no Plenário do Senado Federal, nessa Segunda, 20 (foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)

O senador Eduardo Girão (Novo-CE) pediu desculpas a Flávio Dino por ter afirmado que uma mulher que aparecia em um vídeo junto ao ministro da Justiça seria Luciene Barbosa Farias, esposa de líder de facção e conhecida como “dama do tráfico amazonense”. A figura feminina, entretanto, não era Luciene, mas sim a humorista Ví Alvares.

A retificação do senador foi feita no plenário do Senado Federal, na última segunda-feira, 20. “Peço desculpas ao ministro por esse erro que foi detectado, e o faço aqui, exatamente no plenário, justamente o espaço em que, alguns dias atrás, eu tinha reproduzido algo que vi nas redes sociais”, afirmou Girão.

O vídeo em questão mostrava o ministro dialogando com uma mulher loira. Nas redes bolsonaristas, circulou a desinformação de que ela seria Luciene Barbosa Farias, com o intuito de relacionar Flávio Dino à facção criminosa.

Casada com o chefe do Comando Vermelho no Amazonas, conhecido como “Tio Patinhas”, Luciene participou de reuniões e eventos ligados a pastas do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), incluindo o Ministério da Justiça e o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. Ela se encontrou com secretários dessas pastas, mas não há evidências de que tenha sido recebida por Flávio Dino.

A confusão foi desmentida pela própria Vi Alvares, por meio do perfil da comediante nas redes sociais.

 

Pronunciamento

Em seu pronunciamento, Eduardo Girão ponderou que o restante da sua fala anterior segue valendo. Na ocasião, o senador apresentou um requerimento, de autoria do senador Jorge Seif (PL-SC), para que Dino preste esclarecimentos sobre as visitas de Luciene à pasta.

Também comentou sobre um requerimento similar direcionado ao ministro dos Direitos Humanos, Sílvio de Almeida, sob autoria do próprio Girão.

O parlamentar ainda informou que está em proposição um Projeto de Lei para que a não publicação de agenda e compromissos de ocupantes de cargos executivos seja considerada improbidade administrativa.

Por fim, Girão afirmou que está coletando assinaturas para instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o crime organizado no Brasil.

 

Críticas de Girão a Dino

O senador cearense costuma citar o ministro da Justiça em seus pronunciamentos. Na última semana, ainda falando sobre o suposto envolvimento do Governo com a “dama do tráfico”, Eduardo Girão comentou sobre as visitas de Flávio Dino ao Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, trazidas constantemente por parlamentares da oposição bolsonarista.

Segundo Girão, isso deve ser observado já que “esta é uma das regiões perigosas e controladas por facções criminosas” no Rio de Janeiro.

Em setembro, Girão pediu a quebra de sigilo telefônico de Flávio Dino, no âmbito da CPMI do 8 de janeiro. Segundo ele, a medida era necessária para a investigação, pois o ministro era o responsável por “garantir a segurança física e patrimonial” da Esplanada dos Ministérios.

Ainda no contexto da CPMI, em agosto, o senador exaltou um pedido de investigação contra Dino, de iniciativa de parlamentares da oposição. A denúncia foi levada à Procuradoria-Geral da República (PGR) e acusava o ministro de crime de prevaricação. A motivação seria “a recusa de Dino em entregar todas as imagens do 8 de janeiro, gravadas no prédio do MJSP”.

O último entrave direto entre dos dois ocorreu em maio, no Senado Federal. Dino participava de audiência pública com parlamentares da Comissão de Segurança Pública do Senado. Também participaram da discussão o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Marcos do Val (Podemos-ES).

Em sua fala, Girão se disse incomodado com o tom “de deboche”, com o qual Dino respondia às questões. O ministro respondeu afirmando que “rir não é pecado” e que a afirmação não é justa. “Eu sou o ministro de Estado que mais veio ao Congresso. Eu fico horas, horas e horas debatendo os mesmos assuntos. O senhor já pensou nisso? Isso é ser arrogante ou é ser humilde?", rebateu.