Javier Milei x Bolsonaro: semelhanças e diferenças entre eles

No último domingo, 19, Milei foi eleito presidente da Argentina com 55,76% dos votos, ante 44,23% de Sergio Massa

O recém-eleito presidente da Argentina, Javier Milei, surpreendeu o país com a vitória inesperada nas eleições primárias de agosto, e, desde então, analistas ao redor do mundo passaram a comparar as semelhanças entre o economista e o ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PL).

As comparações surgiram ainda em 2021, quando Javier salientou que nutria admiração por Bolsonaro e por Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos. À época, o argentino, que se autodenomina libertário, foi eleito deputado.

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Contudo, as semelhanças começaram a ganhar mais destaque depois que sua coalizão, La Libertad Avanza ("A Liberdade Avança"), despontou nas primárias, com mais de 30% dos votos.

Bolsonaro e Milei: Pontos em comum

Anticomunismo

Assim como Bolsonaro, Milei proferia discursos contrários à esquerda: o petismo no Brasil e o kirchnerismo na Argentina. O posicionamento adotado por ambos os políticos tem como objetivo diferenciá-los de todos os que já passaram pelo poder, por este motivo, eles defendem o livre mercado, a desregulamentação do comércio de armas e a ideia de “liberdade”.

“Nosso alinhamento geopolítico é com os Estados Unidos e Israel. Essa é a nossa política internacional. Nós não vamos nos alinhar com comunistas”, disse Milei em agosto, criticando a entrada da Argentina no bloco dos Brics. Ele também alegou que, caso fosse eleito presidente, sairia do Mercosul, bloco avaliado por ele como uma “união aduaneira defeituosa”.

Populismo

A agressividade nos discursos é mais um dos pontos em comum entre o argentino e o brasileiro. Ambos também se autodeclaram figuras antissistema, apesar de já terem ocupado cargos no Legislativo.

Os dois conseguiram mobilizar massas de apoiadores e seguidores nas redes sociais e costumeiramente criticam e atacam a imprensa e os meios de comunicação.

Meio ambiente

Jair e Javier são conhecidos por serem negacionistas no que se refere às mudanças climáticas. A frase mais conhecida de Milei nesse aspecto foi feita em 2021, quando ele ainda disputava uma vaga no Legislativo argentino.

“O aquecimento global é outra mentira do socialismo. Há 10 ou 15 anos, discutia-se que o planeta estava se congelando, agora discutem que está esquentando”, disse o argentino, acrescentando que os cálculos são feitos “para gerar medo”.

O seu plano de governo não prevê uma política ambiental, apenas menções pontuais, como promoção de uma agricultura sustentável e fontes de energias renováveis.

Já a gestão de Bolsonaro ficou marcada pelo aumento do desmatamento da Amazônia, com desmonte de órgãos de fiscalização ambiental. Ele chegou a dizer, na Organização das Nações Unidas (ONU) que o “índio e o caboclo” eram os responsáveis pelas queimadas.

Porte de armas

Seguindo a mesma linha das liberdades individuais, Bolsonaro e Milei são favoráveis ao porte de armas. No ano passado, Milei afirmou que “os Estados que têm livre porte de armas têm muito menos crimes que os outros onde se obriga os honestos a ficarem indefesos”, contrariando os estudos acerca do tema. Assim como Bolsonaro, cuja a política de flexibilização resultou na duplicação no número de armas registradas no Brasil.

Apesar do posicionamento, quando venceu as eleições primárias em agosto, Milei suavizou o discurso e negou que a medida esteja inserida no plano de governo. Ele terceiriza a questão da sua vice, Victoria Villarruel, que ficaria a cargo de uma nova pasta de Segurança e afirma que a sua política na área consiste em uma série de reformas nas leis, embora dependa do Poder Legislativo para isso.

Ponto diferente mas que se aproximou recentemente

Economia

Milei e Bolsonaro são defensores do liberalismo na economia, com redução de impostos, cortes em ministérios e privatização de estatais. No entanto, o argentino é mais radical em comparação ao brasileiro. Suas principais propostas para tirar o país da crise são: a dolarização da economia e a extinção do Banco Central.

Ambas as estratégias não foram cogitadas por Bolsonaro e nem pelo seu ministro da Economia Paulo Guedes.

Tendo em vista a carreira militar trilhada por Bolsonaro, o ex-mandatário tem uma origem mais nacionalista e estatizante. Pretendia fazer o país crescer dentro da indústria local, como Trump nos Estados Unidos, enquanto Milei deseja fazer uma abertura unilateral da Argentina ao mundo, ou seja, viabilizar a importação de produtos industriais, atualmente limitada no país.

Bolsonaro e Milei: Diferenças

Família e religião

Apesar de Bolsonaro ter declarado que os dois “defendem a família” quando anunciou que apoiaria Milei antes das primárias, ambos têm divergências nesse viés. 

O argentino, por exemplo, avalia que as relações homoafetivas são uma escolha pessoal, na qual o Estado não deveria interferir. Ele já chegou a falar o mesmo sobre a venda de drogas, órgãos e crianças. No entanto, Milei passou a evitar comentar sobre os assuntos quando viu a chance de chegar à Presidência crescer.

Bolsonaro, por outro lado, é conhecido por diversos comentários homofóbicos e transfóbicos.

Tendo em vista que os eleitores evangélicos correspondem a apenas 15% no país, Milei não precisou desse estrato social para ser eleito, diferentemente do brasileiro, que dependia de 30% do eleitorado evangélico para chegar à Presidência.

Trajetória de vida

Bolsonaro cresceu no mundo militar, enquanto Milei construiu uma carreira acadêmica, com formação em Economia pela Universidade de Belgrano, em Buenos Aires. Na mesma instituição, Javier atuou como professor durante 21 anos. Também exerceu cargos de consultorias, bancos e empresas, como a Máxima AFPJ, de previdência privada.

O argentino só ingressou na política em 2021, quando suas participações em programas de variedade na TV o tornaram conhecido nacionalmente antes de ingressar na política.

Bolsonaro, por sua vez, tem uma extensa carreira política, apesar de também vender-se como “outsider”. Se formou como oficial do Exército em 1977, durante a ditadura, e serviu até 1988, quando entrou para a reserva e foi eleito vereador no Rio de Janeiro.

Na época, Bolsonaro respondia por um processo de indisciplina no Exército. Após isso, Bolsonaro atuou como deputado federal durante 28 anos, até se tornar presidente. Jair e Milei possuem uma característica forte em comum: ambos ascenderam de maneira rápida nas campanhas eleitorais.

Relação de Bolsonaro e Milei

Neste domingo, 19, Milei foi eleito presidente da Argentina com 55,76% dos votos, ante 44,23% de Sergio Massa.

No X, antigo Twitter, Bolsonaro comemorou a vitória do argentino, afirmando: "A esperança volta a brilhar na América do Sul". O ex-presidente, declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), fez um aceno a Trump, que pretende concorrer à Casa Branca no ano que vem.

“Que os ventos alcancem os Estados Unidos e o Brasil para que a honestidade, o progresso e a liberdade voltem para todos nós”, completou Bolsonaro.

Na manhã desta segunda-feira, 20, o ex-presidente continuou a publicar postagens citando a vitória de Milei e revelou ter conversado por videochamada com o argentino.

“Recebi agora telefonema de Javier Milei, onde o cumprimentei pela vitória, bem como fui convidado para sua posse. Hoje a Argentina representa muito para todos aqueles que amam a democracia e respiram liberdade”, escreveu.

Mais tarde, Bolsonaro divulgou um vídeo em sua conta oficial do Instagram, no qual aparece cumprimentando Milei junto ao filho 03, deputado Eduardo Bolsonaro (PL).

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