Líder de Sarto diz que Prefeitura cortou de "propósito" repasse para tratamento oncológico
O tema da saúde em Fortaleza motivou troca de acusações entre Elmano e Sarto. Deputados aliados ao petista prometem pedir investigação do caso. Prefeitura nega cortesO líder do prefeito José Sarto (PDT), vereador Carlos Mesquita (PDT), disse em discurso, no plenário da Câmara Municipal, que a Prefeitura de Fortaleza cortou de forma "proposital" a verba para consultas de pacientes oncológicos para dar um "recado" ao governo estadual, que tem Elmano de Freitas (PT) como titular. Ala que o prefeito integra no PDT trava disputa com outro grupo na sigla que quer integrar formalmente a base do governador.
"O que o governo dava para o Crio (Centro Regional Integrado de Oncologia) fazer oncologia? Zero. A Prefeitura arcava com tudo. Aí o corte que dizem que o município fez, foi um corte proposital para ver se o estado se mancava e pagava a parte dele. E não teve esse 'semancol' e não pagou. Mesmo com esse apelo aqui, com essas falas, o estado não pagou. O Sarto foi lá aditivar o contrato para pagar o que o estado não estava pagando", disse o parlamentar. A fala aconteceu em sessão na semana passada, em resposta à vereadora Ana Paula (PDT).
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A fala circulou entre governistas e repercutiu mal. "Chocante a afirmação da liderança do prefeito na Câmara Municipal de que a Prefeitura fez corte proposital nos recursos para pacientes de câncer do Centro Regional Integrado de Oncologia-CRIO, para pressionar o Governo do Estado. Isso é crime de improbidade e tem que ser apurado!", disse o deputado estadual em exercício Guilherme Sampaio (PT).
Também deputada, Larissa Gaspar (PT) afirmou que irá formalizar uma denúncia no Ministério Público (MPCE) para que o caso seja apurado. "O prefeito não pode tratar a saúde pública como rixa política. A população de Fortaleza merece respeito! Merece acesso à saúde de qualidade!", afirmou.
Em março, Centro Regional Integrado de Oncologia informou aos pacientes a impossibilidade de atendimento por falta de verba. A unidade oncológica informou que a interrupção se devia à redução de 20% do teto orçamentário mensal, conforme a última contratualização com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS). A unidade vinha operando 30% abaixo do ideal justamente pelo orçamento.
A Unidade de Alta Complexidade em Oncologia é regulada pela SMS e conveniada com o Sistema Único de Saúde (SUS) para tratamento de pacientes com câncer. No local, são realizadas cirurgias, quimioterapia, hormonioterapia, terapias biológicas e radioterapia.
Na época, a pasta ressaltou que a mudança dos gastos contratualizados se devia ao atendimento de mais pacientes oriundos do Interior, além do que está previsto na Programação Pactuada e Integrada (PPI). No fim de outubro, os repasses orçamentários foram ampliados pela Prefeitura de Fortaleza, destinando aporte de R$ 3,6 milhões para o tratamento do câncer na unidade.
O tema da saúde em Fortaleza motivou troca de acusações entre Elmano e Sarto. O governador afirmou que 90% dos casos de pediatria que chegam à rede estadual são de pacientes de Fortaleza, destacando o fechamento de unidades no município. O prefeito, por outro lado, afirmou que a Capital "carrega a saúde do Ceará nas costas" e cobrou o governador sobre hospitais.
Por meio de nota, a Prefeitura negou que tenha acontecido cortes e disse que tem custo anual de R$ 133,8 milhões com o tratamento de pacientes com câncer. No último mês, a gestão disse ter ampliado em R$ 3,6 milhões o repasse anual para o Centro Regional Integrado de Oncologia (Crio).
"Atualmente, 60% dos pacientes oncológicos atendidos na rede conveniada pelo município de Fortaleza são do interior. Esses tratamentos são financiados com recursos da Prefeitura de Fortaleza e do Governo Federal", apontou o texto.
O vereador foi procurado para comentar a fala, mas não houve retorno até a publicação do material. Caso haja resposta, a matéria será atualizada.