43 prefeitos decidem saída em massa do PDT ao lado de Cid, Ivo Gomes entre eles

Até o momento 43 prefeitos da sigla decidiram sair do partido e outros três avaliam a situação. Número pode crescer

Grupo de 43 prefeitos do Ceará ligados ao senador Cid Gomes (PDT) decidiu nesta nesta terça-feira, 14, pela saída do PDT. Entre eles está o prefeito de Sobral, Ivo Gomes. O bloco cidista está em rota de colisão com a direção nacional do partido, sob comando do deputado federal André Figueiredo, e a ala liderada por Ciro Gomes, irmão de Cid e Ivo. Lia Gomes, irmã deles, também está no grupo que deve se desfiliar.

Outros três prefeitos ainda não informaram se sairão: os de Assaré, José Libório Leite Neto, Araripe, Cicero Ferreira da Silva, e de Pentecoste, João Bosco Pessoa Tabosa. A lista dos 43 que decidiram sair não foi informada.

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"Em virtude dessa situação de perseguição, de ofensas, de agressões... Dos 54 prefeitos do PDT no Ceará, 46 se fizeram presentes e, depois de ouvir os prefeitos, as prefeitas, os deputados, vice-prefeitos, vice-prefeitas, ex-prefeitos, ex-prefeitas, lideranças, na hora de decidir, 43 já decidiram sair do PDT. Os outros três que estavam presentes e no momento da decisão já tinham saído ainda estão sendo contatados para saber se eles de fato vão querer sair, vão decidir pela saída do PDT", afirmou o secretário do Desenvolvimento Econômico do Estado, Salmito Filho, deputado estadual licenciado e escolhido porta-voz do grupo após a reunião.

Mesmo prefeitos que não estavam presentes ainda deverão ter conversas com o grupo. "Alguns que não vieram ainda ficaram de se comunicar com o próprio senador Cid. Mas estamos dando somente as informações objetivas, precisas, de quem veio e de quem se manifestou", acrescentou Salmito.

O deputado disse que o grupo irá também se filiar em massa ao partido que Cid Gomes decidir seguir. O senador está hoje na presidência estadual do PDT, por decisão da Justiça, mas a direção nacional quer destitui-lo.

"Todos que se manifestaram reconheceram na pessoa do senador Cid Gomes, na liderança do senador Cid Gomes, a liderança principal e que irão seguir a sua orientação, a sua definição", disse Salmito.

Cid e os aliados se reuniram nesta terça no hotel Gran Marquise, na Beira Mar, em Fortaleza. O senador queria adiar a decisão, mas, segundo aliados, foi pressionado pelos prefeitos a encaminhar já uma definição de saída.

Salmito informou que não era desejo de Cid, mas o senador deverá também se desfiliar.

"O senador Cid Gomes disse que a convicção dele era de permanecer no PDT, de repactuar com o PDT, repactuar com todos. E foi à exaustão, fez de tudo, mas infelizmente não foi possível. As notícias, as informações, os fatos são públicos, inclusive com disputas judiciais. Agora inclusive com insinuações de que pode ser expulso do PDT, um completo absurdo. Como é que uma liderança pode ser expulsa porque tem a maioria do partido, isso é incompreensível. Então, o senador já inclusive admite que, assim como os demais, como todos que falaram, a não permanência no PDT.

Os pedetistas dissidentes ainda decidiram pela formação de um grupo jurídico. Eles não informaram para qual partido deverão seguir.

Vereadores esperarão janela, em março

Salmito informou que os vereadores do grupo também irão se desfiliar na janela partidária, em março. O prazo permite mudança de partido, por 30 dias, de parlamentares cujos mandatos se encerram naquele ano — caso dos vereadores, em 2024.

"Os vereadores terão essa oportunidade na janela partidária, como prevê a legislação brasileira", disse o secretário. 

A vereadora Enfermeira Ana Paula afirmou que já recebeu convites do Republicanos, PSB e Podemos. O presidente do PSB no Ceará, Eudoro Santana, também já disse que os parlamentares são bem-vindos no partido.

"Então nós estamos abertos com tapete e com tudo para ele (Cid Gomes) vir com o pessoal dele para o PSB. Evidentemente que isso é uma decisão dele, mas eu acho que no PSB ele estará muito bem, terá todo o apoio do partido", disse Eudoro. 

Já o governador Elmano de Freitas (PT), falou que alguns pedetistas poderão se filiar ao PT.

Salmito disse que vários dos participantes da reunião questionaram sobre o partido para o qual o grupo deverá seguir, mas Cid respondeu que não podia pensar numa nova legenda antes de discutir o assunto com o grupo.

Deputados

Sobre os deputados estaduais e federais, Salmito confirmou a orientação de buscar desfiliação por justa causa, inclusive com as cartas de anuência concedidas pelo diretório sob comando de Cid, e que o comando nacional anulou.

O grupo cidista conta com a saída de 10 dos 13 deputados estaduais titulares de mandato, além de quatro suplentes: Antônio Granja, Guilherme Bismarck, Bruno Pedrosa e Tin Gomes. Devem ainda ser quatro dos cinco deputados federais da bancada.

Com informações dos repórteres Guilherme Gonsalves e Thays Maria Salles

Colaborou Érico Firmo

Atualizada às 20h21min

Bastidores

  • O deputado Guilherme Bismarck foi o primeiro a sair da reunião e encontrar os jornalistas na recepção do Gran Marquise. Ele informou que o secretário Salmito seria o porta-voz do grupo. A coletiva aconteceu ao lado dos elevadores, enquanto isso Cid Gomes passou por trás dos jornalistas sem que fosse percebido. Antes da reunião com prefeitos e vereadores e demais membros do partido, O POVO encontrou o senador na porta do hotel às 14 horas. Ele informou que daria entrevista somente após o almoço.
  • Ao telefone, o deputado federal Idilvan Alencar chegou depois das 15 horas, horário marcado para o início da reunião, e não falou com a imprensa. Ao retornar ao saguão, o parlamentar afirmou que desceu antes da deliberação ter fim. Na ocasião, os jornalistas tentaram antecipar informações com ele, ao que respondeu não ter acompanhado a votação, mas que logo retornaria. Idilvan saiu do hotel e entrou em um carro.
  • A prefeita de Limoeiro do Norte, Dilmara Amaral, falou duas vezes com a imprensa. Em ambas, colocou-se disposta a seguir qualquer decisão tomada por Cid. A gestora do executivo municipal também comentou que há necessidade de somar forças com o Governo do Ceará. “A gente entende que hoje estamos num momento diferente. É um momento onde está na condução do Estado o governo do PT. Nesse contexto, estamos aqui para somar forças em prol da população”. Questionada sobre nova filiação, ela não determinou para onde iria. Dilmara também se colocou à disposição para candidatura nas eleições de 2024.

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