Ciro critica Camilo: "Maior decepção, maior traidor da história"

Os dois romperam de vez em 2022, embora já houvesse rachaduras entre eles de embates anteriores

13:06 | Nov. 07, 2023

Por: Júlia Duarte
Cid Gomes, Camilo Santana, Lula e Ciro Gomes, em 2016 (foto: Heinrich Aikawa/Instituto Lula)

O ex-presidenciável Ciro Gomes (PDT) se referiu ao ministro da Educação, Camilo Santana (PT), como "a maior decepção". Em transmissão ao vivo nas redes sociais, na última segunda-feira, 7, o pedetista acusou ainda Camilo de ser "o maior traidor da história". 

Ciro foi questionado sobre a decisão do Ministério da Educação (MEC) de abrir novos cursos de Medicina em todo Brasil. Antes mesmo de responder sobre o tema, ele faz referências ao petista, de quem já foi aliado, mas que hoje integram grupos distintos na política local e nacional.

"O atual ministro da Educação, que é um cearense aqui ilustre, para mim é a maior decepção, maior traidor da história. Enfim, esse é um assunto paroquial aqui, autorizou a abertura de 95 novos cursos de Medicina todos privados", disse. 

Os dois romperam de vez em 2022, embora já com rachaduras entre eles de embates anteriores. Ciro e e seu irmão Cid Gomes (PDT) apadrinharam Camilo quando o petista concorreu ao cargo de governador do Ceará, em 2014.

Conforme declarações recentes de Ciro, os dois já teriam divergido em 2020 quanto ao nome a ser indicado para disputar a Prefeitura de Fortaleza. Na reunião da executiva nacional do PDT no fim de outubro, Ciro se referiu ao atual secretário estadual do Desenvolvimento Econômico, Salmito Filho (PDT), dizendo “tá aqui o Salmito que é camilista fanático e tal”.

Ciro afirmou que Salmito foi "queimado" por Camilo para ser candidato a prefeito de Fortaleza em 2020 na última etapa. "O Salmito foi queimado pelo Camilo na última etapa. O meu candidato a prefeito não era o Sarto, era você, Salmito. O candidato do Cid era você”, disse na ocasião. Salmito nega que tenha sido Camilo a dar um veto a seu nome

Em junho, Ciro já tinha mandado indiretas para o ministro e o irmão Cid. O pedetista disse ser um desafio "contemporâneo" o monopólio de poder. Em tom mais duro, disparou: "Coronel no Ceará nunca foi coisa boa".

Ciro disse ter dado passagem aos dois ao se impor uma "inelegibilidade". O pedetista criticou o monopólio de poder no Estado e afirmou incentivar novas lideranças, em fala que elogiava as gestões de Roberto Cláudio (PDT) à frente da Prefeitura de Fortaleza, seu aliado no Ceará. 

No período eleitoral, o ex-ministro disse ter levado uma "facada nas costas" de ex-aliados no Ceará, sem mencionar nomes. Os alvos mais prováveis são justamente Camilo, por ter rompido com o grupo e escolhido lançar candidatura do PT ao Governo, e o irmão Cid, que apoiou o petista ao Senado, mas não fazia o mesmo pelo candidato de Ciro no pleito estadual.

Camilo apoiou Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que disputou a presidência justamente contra Ciro. 

Criação de novos cursos de medicina

Em outubro, o MEC junto do Ministério da Saúde lançou edital que permite a abertura de 95 novos cursos de Medicina,somando 5,7 mil vagas, em 1.719 municípios do país. No Ceará, serão dez novos cursos. Na visão de Ciro, a movimentação é uma "gravíssima deformação corrupta".

Isso porque, segundo ele, os novos cursos não têm qualidade e serão ofertados com uma mensalidade elevada. O Governo Federal teria que subsidiar os valores por meio do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e provocaria prejuízos aos cofres públicos. 

"Sabe quanto custa a mensalidade de um curso sem nenhuma exigência de qualidade mínima, dez, doze mil reais. Sabe quem vai pagar isso? O Tesouro Nacional, esse é o socialismo do PT", disse. 

O ex-presidenciável fez novamente fala de que não deve se candidatar novamente. Em 2022, Ciro ficou em quarto lugar na disputa e perdeu no Ceará, que sempre lhe garantiu boas votações. "Eu espero não submeter mais minhas opiniões ao crivo eleitoral de ninguém", ressaltou.