Diante de acusações, líder do PT destaca que sogro de Ciro integra governo Elmano

O número dois da Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima (Sema) do governo Elmano de Freitas (PT) é Fernando Bezerra, pai de Giselle Bezerra, esposa do ex-ministro Ciro Gomes (PDT). Fato foi destacado pelo líder da bancada do PT na Assembleia Legislativa do Ceará, De Assis Diniz (PT), durante fala à tribuna da Casa. O vídeo com as falas do deputado têm sido compartilhado por parlamentares ligados a Cid Gomes.

"Perguntamos: se é tão legítimo o que o Ciro diz, o sogro do Ciro compõe o governo do Elmano. O sogro do Ciro está lá dentro de um espaço importante do governo. Ele esteve no governo Camilo, esteve no governo da Izolda e agora está no governo do Elmano. É muito importante perguntarmos a todos, o seu sogro, por que ele está lá?", indagou o parlamentar. 

De Assis Diniz fez longa fala à tribuna sobre o ex-ministro, sugerindo que sua carreira política se encontra nos estertores.

Afirmou até mesmo que Ciro sente inveja de Camilo Santana. "É inveja o que ex-deputado, ex-prefeito, ex-governador, ex-ministro sente pelo Camilo. É inveja. Não tem outra coisa. É uma inveja deplorável", afirmou.

Segundo o deputado, se Ciro possui provas dos supostos casos de corrupção que existiriam na administração de Elmano, o ambiente mais exato para denunciá-las é no Ministério Público do Ceará (MPCE), na estrutura da Procuradoria de Justiça dos Crimes contra a Administração Pública (Procap), ou na Polícia Federal (PF). "Deixa de bravata, vai lá e denuncia", bradou o petista.

Para Ciro, PDT deve fazer oposição ao governo Elmano

Em evento do PSDB, na última segunda-feira, 30, ao lado do prefeito José Sarto (PDT) e do ex-senador Tasso Jereissati (PSDB), Ciro disse que o "pedaço de PDT" que ele integra e lidera "não aceita suborno".

"Hoje no Estado, que era famoso pela decência com que Tasso e eu procuramos governar, não se realiza uma obra pública sem pagar propina”, afirmou Ciro.

O ex-ministro de Itamar Franco e Luiz Inácio Lula da Silva é partidário da tese de que o PDT tem de fazer oposição à gestão Elmano. O atual governador do Ceará é parte do grupo político liderado pelo senador Cid Gomes (PDT) e pelo ministro da Educação, Camilo Santana (PT). 

Ciro, Cid e rompimentos do PDT desde as eleições de 2022

Ciro e Cid Gomes estão rompidos desde o ano passado. Como pano de fundo, a eleição estadual de 2022 e seus resquícios.

Cid se distanciou das articulações relativas à corrida por acreditar que Izolda Cela, atual secretária-executiva do Ministério da Educação (MEC), deveria ser a candidata, o que preservaria a aliança entre petistas e pedetistas.

Já Ciro acreditou no ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, que terminou o pleito vencido por Elmano, em terceiro colocado. RC, entretanto, superava Izolda Cela nos principais números das pesquisas internas encomendadas pelo PDT que antecederam e nortearam a definição. 

Passada a disputa eleitoral, pedetistas desembarcaram no governo Elmano, não sem uma parcela dos filiados resistentes à ideia, como o próprio Roberto Cláudio, além de Ciro e do deputado federal André Figueiredo (PDT). Este último trava disputa com Cid pelo comando do PDT no Ceará.

Maioria da bancada do PDT concorda em apoiar Elmano

Na Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE), de 13 deputados, 10 estão ao lado da tese de Cid Gomes, de adesão ao governo. Cid entende não haver motivos para não apoiar uma administração que diz representar a continuidade dos governos dele (2007-2014), de Camilo Santana (2015-2022) e de Izolda Cela (2022). 

Já Antônio Henrique, Cláudio Pinho e Queiroz Filho são os adeptos do entendimento de Ciro: quem perde se encaminha para a oposição. Ademais, entendem que Camilo os traiu ao liderar a saída da aliança com o PDT, lançando Elmano com as "bençãos" do então candidato a presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

O POVO entrou em contato com a assessoria do ex-ministro Ciro Gomes às 12h07min e atualizará a matéria tão logo haja resposta. A reportagem não conseguiu localizar Fernando Bezerra.