Cacique Raoni afirma que Lula não cumpriu o prometido para os povos indígenas
Em entrevista ao O Globo, líder indígena diz que cobrará o presidente. Raoni foi um dos representantes brasileiros que subiram a rampa na posse de Lula, ocasião das promessasO Cacique Raoni Metuktire, referência na defesa da Amazônia, afirmou que Lula não cumpriu as promessas feitas aos povos indígenas. A principal reclamação é o veto parcial do marco temporal dado pelo presidente no último dia 20, mas o acesso de qualidade à saúde também está na pauta. Após participar de evento no Rio de Janeiro, ele seguirá para Brasília a fim de cobrar o presidente. As informações foram dadas em entrevista ao jornal O Globo.
“O primeiro assunto será sobre a demarcação das terras indígenas. Não estou feliz com o que foi feito. Muitos parentes precisam de território demarcado. Muitos deles estão sofrendo e vão sofrer ainda mais pela violência. A saída é a terra ficar com quem tem direito. Todas as lideranças têm me procurado para cobrar isso de Lula.
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Raoni é um dos representantes brasileiros que estiveram presentes na posse do chefe do executivo nacional. De acordo com o cacique, Lula não cumpriu as promessas feitas a ele momentos antes da cerimônia e, depois da ocasião, nunca mais se encontraram. "Desde a última vez que o encontrei, na posse, ele me prometeu que iria fazer ações em prol dos povos indígenas para que não existam mais essas ameaças e violência contra nós. E isso não está acontecendo. Vou lá fazer campana na sala dele até ser atendido. Pressioná-lo para cumprir o que prometeu para mim".
A liderança indígena aponta a violência como fator determinante para as cobranças. "Sei que ele está sendo pressionado por deputados e ruralistas, mas a necessidade dos povos indígenas é urgente em vários pontos do país. Estão tendo muitas ameaças, violências e não estou vendo o governo cumprir seu papel de proteger contra a violência às comunidades indígenas de todo o país. Por isso eu quero chegar e ajudar o Lula e assim defender nossos povos."
O acesso à saúde é outro ponto que causa preocupação em Raoni. “Dentro da nossa comunidade kayapó o pior problema é a saúde. Médicos e doutores não estão focando no trabalho com os pacientes que precisam de atendimento. Se os não indígenas acharem que nós não precisamos viver, isso não vai ser bom. Também quero ir a Brasília para falar com o chefe da Secretaria Especial da Saúde Indígena (Sesai) para dizer o que estão fazendo de errado e melhorar o atendimento nas aldeias e no entorno dela, nas cidades”.
Procurada pelo O Globo, a assessoria da Presidência da República ainda não se manifestou. Mas, segundo Raoni, eles solicitaram formalização das demandas. “Quando eu estive na aldeia agora eu tive a informação, por assessores do Lula, que ele tinha pedido uma reunião formal, por escrito. Mas sabe como é, né? Difícil pedir isso assim. Precisamos de ação, não de documentos”.