Tentativa de chacina no Barroso repercute entre deputados, que cobram mais segurança

O crime ocorreu na noite desta segunda-feira, 23, na Areninha do Boréu e deixou um morto e três feridos

Após tentativa de chacina na Areninha do Boréu, no bairro Barroso, em Fortaleza, na noite da última segunda-feira, 23, políticos cearenses se posicionaram acerca do caso, manifestando solidariedade às famílias das vítimas e cobrando das autoridades medidas cabíveis para reduzir os índices de violência no Estado.

O episódio da noite de segunda resultou na morte de um adolescente de 14 anos, identificado como Kristian Gean de Araújo Alves. Outros dois adolescentes, de 12 e 13 anos, e um adulto, de 29 anos, ficaram feridos.

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Renato Roseno (Psol) 

O deputado estadual e presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Alece, Renato Roseno (Psol) lamentou o crime ocorrido no Barroso. “Era uma disputa armada por território que atingiu adolescentes que estavam jogando futebol no momento”, disse nesta terça-feira, 24, na tribuna da Casa.

O parlamentar cobrou mais ações de segurança no país e explicou que as vítimas participavam do projeto Meninos de Deus, cujo objetivo é prevenir a violência por meio da prática de esportes. Roseno pontuou iniciativas que possam reduzir a prática de casos como este no Estado.

“Foi uma tragédia cruel e angustiante que nos mostra a necessidade de fortalecer uma lógica nacional em torno da segurança pública”, seguiu. “É preciso mapear as áreas com maiores homicídios e buscar projetos e políticas públicas de enfrentamento da violência”.

Sargento Reginauro (União Brasil)

O deputado estadual Sargento Reginauro (União Brasil) também comentou acerca da tentativa de chacina, solicitando que a Alece convocasse o secretário de Segurança Pública do Estado, Samuel Elânio, para explicar o cenário da guerra entre facções que assola o estado do Ceará.

“Para que ele venha à essa Casa e nos dê respostas efetivas, para que a gente não continue vendo, cada vez, mais casos semelhantes acontecendo”, disse.

Ele pontuou que o conflito entre os grupos criminosos já existe e que não pode ser tratado como algo que “já esteja se resolvendo”, mas que as respectivas medidas sejam tomadas para resolver, de fato, a situação.

“Estamos enfrentando tempos difíceis. Ontem, mais uma vez, fomos impactados pela barbárie que tomou conta do Ceará. Estamos lamentando crianças sendo executadas pelo exército terrorista do Hamas, mas como cearense, não podemos deixar de nos indignar com a violência que está acontecendo ao nosso lado”, destacou.

Antônio Henrique (PDT)

Antônio Henrique (PDT) afirmou que as crianças que participavam do projeto já estudavam em escola de tempo integral e que elas estavam sendo acolhidas por uma rede de proteção, mas mesmo assim foram atingidas pelos disparos. “Porque a segurança não estava a altura de garantir a sua proteção”, assinalou. Após a declaração, o parlamentar pediu um minuto de silêncio em respeito à vítima morta no conflito. 

Felipe Mota (União Brasil)

Felipe Mota afirmou que a sociedade precisa tomar “satisfação do que vem sofrendo em razão das guerras e saber em que pé está a situação”. Ele enfatizou que o secretário de segurança do Estado não apresentou um plano convincente em que os deputados e a sociedade possam confiar que ações efetivas estão sendo tomadas.

Cláudio Pinho (PDT)

O deputado estadual Cláudio Pinho (PDT) também comentou acerca do episódio, alegando que a tentativa de chacina configura uma “verdadeira guerrilha” e que as autoridades precisam trabalhar com ações que previnam esse tipo de crime. Ele afirmou ainda que a inteligência da polícia precisa estar focada em prender os responsáveis em flagrante ao invés de detê-los depois de terem matado.

Capitão Wagner (União Brasil)

Horas após o ocorrido, ainda na segunda-feira, o secretário da Saúde de Maracanaú e pré-candidato à Prefeitura de Fortaleza, Capitão Wagner (União Brasil) fez uma live na qual questionou aonde estavam os órgão responsáveis por garantir a segurança desses jovens.

“Onde aconteceu o fato? no equipamento municipal, num equipamento da Prefeitura”, disse. “Governo do Estado e Prefeitura brigam pelo poder, de manhã, de tarde e de noite, e esquecem de cumprir o seu papel”, seguiu.

Na ocasião, Wagner equiparou o ocorrido em Fortaleza ao ataque à Escola Estadual Sapopemba, na Zona Leste de São Paulo, ocorrido na manhã de segunda. Ele comparou ambas as situações ao confronto entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza, no Oriente Médio.

“Na semana passada duas pessoas foram decapitadas, arrancaram a cabeça de duas pessoas no Pirambu, amarraram, torturaram e arrancaram a cabeça, não foi o Hamas, não foi no Estado Islâmico, em Israel, Faixa de Gaza, foi aqui no Pirambu”, prosseguiu.

“A gente se abala com o que aconteceu lá em São Paulo, um jovem entrou numa escola, matou gente, atirou, exatamente a mesma coisa aconteceu, só que não foi numa escola, foi numa Areninha. A gente se abala, se emociona e ora pela paz em Israel, e tão arrancando cabeça de gente aqui no Pirambu”.

Na transmissão, Wagner criticou o governador Elmano de Freitas (PT) que deu uma entrevista à imprensa afirmando que iria tomar as providências necessárias para que uma guerra não fosse instaurada no Estado.

“Eu vi uma entrevista do governador dizendo que ia trabalhar pra não se instalar uma guerra no Ceará, só se for de novo, porque a guerra já se instalou, meu amigo, e faz tempo, viu? Tá com 20 anos que o Estado do Ceará sofre com o avanço da criminalidade”, pontuou.

“O ministro da Justiça (Flávio Dino) veio aqui no Ceará e disse ‘o governador tem carta branca, o que ele precisar de recurso a gente tá aqui pra dar pra resolver o problema’, e aí? O ministro da Justiça estava blefando, o governador não foi atrás ou o Governo Federal nos enganou mais uma vez?”, afirmou.

As críticas de Wagner à Prefeitura e Governo do Estado estão fundamentadas no fato de nenhum dos dois órgãos terem se manifestado acerca do caso, até o momento. 

Entenda o caso 

A tentativa de chacina desta segunda-feira, 23, ocorreu quando ocupantes de um veículo efetuaram disparos contra quatro pessoas que estavam na Areninha do Boréu, no Conjunto João Paulo II, no bairro Barroso. Um adolescente de 14 anos morreu e os outros três ficaram feridos. 

De acordo com a Polícia Militar, as testemunhas afirmam que as vítimas estavam participando das ações do projeto social intitulado "Meninos de Deus", cujo objetivo era proporcionar às crianças do bairro um futuro longe do tráfico de drogas. 

A tentativa de chacina teria sido motivada após um duplo homicídio envolvendo um homem e um recém-nascido no bairro da Messejana. 

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