Fotos de Hitler, armas e áudios são encontrados no celular do ex-chefe da PRF de Bolsonaro
Telefone de Silvinei Vasques apreendido contém áudios sobre os bloqueios nas rodovias durante as últimas eleições, fotos com Bolsonaro, além de imagens de ditadores Hitler e MussoliniUm dos alvos da CPMI do 8 de janeiro, Silvinei Vasques, ex- chefe da Polícia Rodoviária Federal (PRF) teve o celular apreendido com fotos dos ditadores Adolf Hitler e Benito Mussolini. Além desses registros, foram encontradas imagens ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados e fotos de armas. A informação foi publicada na coluna da jornalista Malu Gaspar, do O Globo.
Uma nova reunião da CPMI ocorrerá nesta terça-feira, 17, quando ocorrerá a leitura do relatório elaborado pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA).
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O material encontrado no celular de Silvinei também contém insultos e cobranças acerca dos bloqueios nas rodovias federais, promovidos pela PRF, no segundo turno das eleições de 2022. Não há registros de mensagens enviadas por Silvinei. A situação leva à CPMI a possibilidade do ex-chefe da corporação ter excluído os arquivos com receio de quebra de sigilo.
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Conteúdo encontrado
- Imagens do líder da ditaura nazista Adolf Hilter ao lado de Josepg Goebbels, então ministro da propaganda do regime
- Foto do corpo do ditador facista Benito Mussolini pendurado pelos pés em um posto de gasolina
- Print com mensagem do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) alertando sobre ser crime eleitoral impedir a população de votar e que denúncias de irregularidades podem ser feitas pelo aplicativo Pardal, da Justiça Eleitoral
- Fotos de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça no governo Bolsonaro, investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por conta de uma minuta golpista encontrada em sua casa
- Imagens de Silvinei posando com bazuca - arma portátil em forma de tubo - além de uma foto com o escudo da PRF feito com munições
- Áudios comprometedores sobre os bloqueios no segundo turno das eleições de 2022
- Fotos de Bolsonaro e da esposa, Michelle Bolsonaro, no Bicentenário da Independência em Brasília. O evento é alvo de três ações do TSE. A investigação apura desvio de finalidade da parada militar convertida em campanha de reeleição do ex-presidente.
Outros áudios
O celular de Silvinei também recebia recados e pedidos de ajuda de bolsonaristas. Em um áudio, há o seguinte trecho: “Estamos numa manifestação aqui na Palhoça [em Santa Catarina]. Não sei qual o procedimento que a PRF pode tomar, mas já avisaram que o pelotão de choque da PRF está a caminho. Não sei se podem usar de violência. Estamos fazendo uma manifestação pacífica, não colocamos nada na via. Seria justo a PRF intervir numa manifestação dessa, de apoio ao nosso presidente?”, diz um homem não identificado.
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Apesar do áudio não ter data, em 2 de novembro, a PRF utilizou bomba de efeito moral para liberar bloqueio em uma rodovia na cidade catarinense feito por bolsonaristas que não aceitavam a vitória do presidente Lula nas urnas.
Outro arquivo alerta Silvinei sobre um possível "caça às bruxas" com a derrota de Bolsonaro e o retorno do PT à Presidência da República. “Imagino que vai se iniciar uma perseguição criminal, vão revirar tudo que seja possível de um embate jurídico”, diz outra figura masculina não identificada.
Investigações
O ex-chefe da PRF está preso desde agosto. O ministro Alexandre de Moraes, do STF, decretou a prisão preventiva dele após pedido da PF, que alega risco de Silvinei comprometer as investigações e interferir nos depoimentos sobre o uso da corporação contra eleitores do atual presidente. Ele comandou a PRF de abril de 2021 até o final do mandato de Bolsonaro, em dezembro de 2022.
Apesar do acervo, as informações coletadas no celular de Silvinei não podem ser usadas no relatório final da CPMI, pois a quebra dos sigilos telemático, fiscal e bancário foi suspensa pelo ministro da Suprema Corte, Kassio Nunes Marques.
Em resposta à coluna de Malu Gaspar, a defesa do ex-chefe da PRF alegou "que a participação de grupos de WhatsApp pode ensejar a baixa automática para a biblioteca". Relativo as fotos dos ditadores Hitler e Mussolini, o advogado Eduardo Pedro Nostrani Simão disse em nota que Silvinei “nunca manifestou nenhum tipo de preconceito e discriminação. O que os advogados perceberam é que ele possui amigos brancos, negros e pardos”.