Diretório do PDT Ceará se reúne hoje e pode eleger nova Executiva

Convocação puxada pelo grupo de Cid Gomes no partido é mais um episódio no racha interno do partido

07:00 | Out. 16, 2023

Por: Carlos Mazza
CID GOMES ao lado de aliados. Uns saíram do PDT, outros aguardam (foto: AURÉLIO ALVES)

Após semanas de embates e reviravoltas na Justiça, o grupo do senador Cid Gomes no PDT do Ceará realiza na tarde de hoje a reunião do diretório estadual pedetista que deve puxar uma eleição para uma nova Executiva da sigla no Estado. Encontro está marcado para 15 horas, na sede do partido em Fortaleza.

Assinada por 49 dos 84 integrantes do diretório estadual, a convocação foi mantida após intensa batalha na Justiça entre grupos de Cid e do deputado André Figueiredo (PDT) no comando do partido. Em 6 de outubro, o PDT Nacional chegou inclusive a inativar o colegiado estadual da sigla, instituindo no lugar uma comissão provisória sem cidistas.

O grupo do senador, no entanto, conseguiu reverter a inativação na última terça-feira, 10, em decisões tanto da Justiça comum quanto da seara Eleitoral. Agora, a intenção do grupo majoritário é de alçar o próprio Cid para o comando da Executiva pedetista - órgão mais reduzido e com maior poder "decisório" do que o diretório.

Na prática, a eleição acaba sendo mais um episódio no racha interno do PDT que ocorre desde a eleição do ano passado. Presente desde o processo que definiu a candidatura de Roberto Cláudio (PDT) ao Governo do Estado, o racha se intensificou em maio deste ano, quando Cid anunciou interesse em disputar pela presidência do partido.

O senador é tido como líder do grupo que, juntamente com o presidente da Assembleia Evandro Leitão (PDT), defende reaproximação com o governo Elmano de Freitas (PT), inclusive para a eleição de 2024 em Fortaleza. A "ambição" de Cid, portanto, acaba contrariando interesses do grupo de André Figueiredo, que inclui pedetistas que pregam oposição local ao PT, como o prefeito José Sarto e o ex-prefeito Roberto Cláudio.

Caso consigam maioria para eleger Cid, o grupo do senador acabaria na prática "destituindo" André Figueiredo do comando da Executiva, ganhando forte poder para influenciar decisões do partido para a eleição do próximo ano. Resta entre cidistas, entretanto, o termo de um possível "contra-ataque" de Figueiredo pela via federal, uma vez que o deputado também é presidente em exercício da Nacional do partido.

O próprio Figueiredo não participará da reunião pedetista desta segunda-feira, pelo menos não de forma presencial. Desde a terça-feira da semana passada, o deputado se encontra na comitiva do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que visitou a Índia e chegou neste domingo à China.

Procurados pelo O POVO, aliados de Figueiredo, que incluem os deputados estaduais Antônio Henrique, Cláudio Pinho e Queiroz Filho, ainda não confirmavam se participariam da reunião de hoje. Pinho, por sua vez, "confirmou ausência" no evento, destacando que estará em missão oficial em Brasília nesta segunda-feira.

Já aliados de Cid realizaram, ao longo do último fim de semana, verdadeira "força-tarefa" para garantir a presença de filiados. Segundo o deputado federal Eduardo Bismarck (PDT), a reunião está mantida "o esforço" de cidistas é para garantir presença de até 80% do Diretório no encontro de hoje. "Não tem nenhuma novidade com relação a isso", diz.

"A reunião está mantida, não houve nenhum fato novo", diz, no mesmo sentido, o deputado estadual Osmar Baquit. "Eu não acredito que eles (grupo de André) vão fechar a porta da sede do partido, até porque o artigo 7º, inciso IV, do Estatuto do PDT diz que qualquer membro ou filiado pode usar a sede do partido. Então não acredito nisso, mas se fizerem isso, será apenas mais um ato de truculência. Não será novidade".