Entenda o que é o Hamas, que está em guerra contra Israel, e qual a posição do Brasil
Desde sábado, 7, os olhos do mundo estão voltados para o Oriente Médio e o conflito entre o grupo Hamas e Israel, que já matou mais de 1,8 mil pessoas
11:47 | Out. 11, 2023
O grupo Hamas deflagrou grande ataque contra Israel no último sábado, 7, depois de bombardear a região por terra, água e ar. Em resposta, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou guerra ao Hamas, atacou o território palestino com mísseis e concovou 300 mil reservistas, além de realizar ataque ao porto de Gaza na terça-feira, 10.
LEIA TAMBÉM | MST apaga nota de apoio à Palestina e Boulos critica Hamas após coordenador abandonar pré-campanha
O POVO explica o que é e o que defende o Hamas.
Criação do Hamas
O Hamas é um movimento islâmico palestino com ala militar, que surgiu em 1987, depois do inicio das primeiras manifestações do povo palestino contra a ocupação israelense na Cisjordânica e na Faixa de Gaza. O movimento ficou conhecido como “Intifada”, que significa “levante” em árabe.
O grupo também teve influência do grupo islâmico sunita Irmandade Muçulmana, fundado em 1929, no Egito. O termo “sunita” é referente a uma vertente do islamismo, considerada mais tradicional.
O que significa o nome Hamas
O termo “Hamas” vem do acrônimo — junção de siglas ou sílabas iniciais — da frase Harakat al-Muqwama al-Islmiyya, que significa Movimento de Resistência Islâmica.
Leia mais
O que o grupo defende
O Hamas, em seu estatuto de 1988, não reconhece a existência de Israel e defende a Palestina histórica como território islâmico. O estatuto passou por uma atualização em 2017, em que a organização passou a concordar com a criação de um Estado Palestino provisório, na região da Faixa de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental.
Em 1993, o grupo também se opôs ao Acordo de Oslo, que defendia um pacto de paz entre Israel e a Organização para a Liberdade da Palestina (OLP). O acordo criou a Autoridade Palestina (AP), com objetivo de garantir um estado autônomo provisório durante cinco anos, até o estabelecimento do Estado Palestino. O governo é responsável por administrar a Cisjordânia e a Faixa de Gaza. O Hamas é comandado desde 2017 por Ismail Haniyeh.
Além de não reconhecer a existência de Israel, o grupo, na época da fundação, tinha duas linhas de atuação: a luta armada contra Israel e oferecer bem-estar social para os palestinos.
Domínio político
A partir de 2006, após vencer as eleições legislativas contra o grupo Fatah, o Hamas passou a ter um braço político na Faixa de Gaza. A área é conhecida pelos conflitos armados. Tanto Israel quanto o Egito mantêm bloqueios sobre a região, em uma tentativa de conter o grupo.
Leia mais
Financiadores do Hamas
O Catar é apontado como o principal financiador do Hamas. Segundo a agência de notícias alemã DW, o país é responsável por pagar os salários das organizações civis do grupo islâmico.
Outro forte apoiador é o Irã, que apesar de ter diminuído os valores repassados, devido a sanções, ainda continua atuando como apoiador político do grupo.
Conflito entre Hamas e Israel
O conflito entre o Hamas e Israel não é novidade para a geopolítica mundial. Em 2008, Israel lançou a Operação Chumbo Fundido com objetivo de acabar com ataques de foguetes do Hamas, e levou à morte de 1.300 palestinos e 13 israelenses. Em 2012, o Estado lançou outra ofensiva contra a região, com a Operação Pilar de Defesa.
Dois anos depois, Israel e Hamas entraram em conflito novamente, depois do grupo islâmico assumir a autoridade de disparos de foguetes. Israel respondeu com a Operação Margem Protetora, e 2.251 palestinos e 67 israelenses morreram.
Outro conflito aconteceu em 2021 e mais civis israelenses e palestinos faleceram. Em 2023, o combate atingiu diretamente o território de Israel, como o mais mortal desde 2008 na região.
A posição do Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), descreveu os ataques contra Israel como “terroristas” e que o “Brasil não poupará esforços para evitar a escalada do do conflito, inclusive no exercício da Presidência do Conselho de Segurança da ONU”.
Uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU foi programada para este domingo, 14. O Brasil defende a criação de dois Estados, um palestino e outro israelense, para o fim do conflito que já dura 75 anos.
O Brasil também não define o Hamas como terrorista, posição diferente de Estados Unidos, Canadá, Israel, Reino Unido, Japão e da União Europeia.
Leia a nota completa do Itamaraty
O governo brasileiro condena a série de bombardeios e ataques terrestres realizados hoje em Israel a partir da Faixa de Gaza, provocando a morte de ao menos 20 cidadãos israelenses, além de mais de 500 feridos. Expressa condolências aos familiares das vítimas e manifesta sua solidariedade ao povo de Israel.
Ao reiterar que não há justificativa para o recurso à violência, sobretudo contra civis, o governo brasileiro exorta todas as partes a exercerem máxima contenção a fim de evitar a escalada da situação.
Não há, até o momento, notícia de vítimas entre a comunidade brasileira em Israel e na Palestina.
O Brasil lamenta que em 2023, ano do 30º aniversário dos Acordos de Paz de Oslo, se observe deterioração grave e crescente da situação securitária entre Israel e Palestina.
Na qualidade de Presidente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, o Brasil convocará reunião de emergência do órgão.
O governo brasileiro reitera seu compromisso com a solução de dois Estados, com Palestina e Israel convivendo em paz e segurança, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas. Reafirma, ainda, que a mera gestão do conflito não constitui alternativa viável para o encaminhamento da questão israelo-palestina, sendo urgente a retomada das negociações de paz.