Quem é Almir Garnier, ex-comandante da Marinha que teria topado plano golpista de Bolsonaro
Almir seria favorável ao golpe e teria dito a Bolsonaro "que sua tropa estaria pronta para aderir a um chamamento do então presidente"
17:24 | Set. 22, 2023
A delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do então presidente, Jair Bolsonaro (PL) revelou um novo nome na articulação golpista do ex-mandatário. Desta vez, o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier, foi incluído nas investigações da Polícia Federal (PF).
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No depoimento, que começou a ser veiculado na imprensa nesta quinta-feira, 21, Cid informou que o ex-mandatário havia se reunido com militares da cúpula das Forças Armadas para discutir sobre uma minuta que visava pôr em prática um golpe militar no Brasil.
As declarações do tenente-coronel revelam que Almir seria favorável ao golpe e teria dito a Bolsonaro “que sua tropa estaria pronta para aderir a um chamamento do então presidente”. A informação foi revelada nesta quinta-feira, 21, pelo jornal O Globo.
Garnier atuou como assessor especial militar de quatro ministros da Defesa da gestão de Dilma Rousseff (PT), entre os anos de 2014 e 2016, sendo eles: Celso Amorim, Jaques Wagner, Aldo Rebelo e Raul Jungmann. Posteriormente, Garnier assumiu o Comando do 2° Distrito Naval.
No início do terceiro mandato do presidente Lula (PT), mais precisamente no dia 5 de janeiro, o almirante da Esquadra Marcos Sampaio Olsen assumiu o comando da Marinha. Garnier quebrou protocolo e não compareceu à cerimônia de posse de Marcos.
Natural do Rio de Janeiro, Almir Garnier nasceu no dia 22 de setembro de 1960. Aos 10 anos de idade, foi aluno do curso de formação de operários na Escola Industrial Comandante Zenethilde Magno de Carvalho. Por este motivo, Garnier declara que tem orgulho “de sua longa relação com a Marinha do Brasil”.
Em 1997, Almir graduou-se técnico em estruturas navais da Escola Técnica do Arsenal de Marinha, e, no ano seguinte, ingressou na Escola Naval, onde formou-se em primeiro lugar no Corpo da Armada em 1981.
Ele também realizou cursos da carreira militar e finalizou o mestrado em pesquisa operacional e análise de sistemas na Naval Postgraduate School (NPS), nos Estados Unidos, e um MBA em gestão internacional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Atuação na Marinha
Nomeado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Almir assumiu o comando da Marinha em 9 de abril de 2021, servindo até o fim do mandato.
Em agosto de 2021, Garnier mandou veículos blindados e outros carros militares do Rio de Janeiro até o Palácio do Planalto com o intuito de entregar a Bolsonaro um convite para um exercício militar.
Coincidentemente, o “desfile” em 10 de agosto, caiu no mesmo dia em que a Câmara dos Deputados votaria e derrubaria a proposta do voto impresso.
À época, o almirante afirmou que a Marinha já havia escolhido a data do desfile quando Lira decidiu marcar a votação.
“Foi uma coincidência de datas, que nós não tínhamos como prever”, justificou Garnier. “Então talvez isso é que tenha criado todo um pouco de ruído, né? Porque, no final das contas, a gente, as Forças Armadas são extremamente cumpridoras da lei e da ordem”, afirmou Garnier.
“Mar que nos pertence”
Dentre as principais pautas defendidas pelo almirante, maior visibilidade da Força era a que ele fazia questão de reiterar em seus discursos.
“Na Marinha, temos a percepção de que, em praticamente todos os setores da sociedade brasileira, há uma falta de compreensão da real importância do mar para a sobrevivência e para o desenvolvimento do país”, disse, em entrevista à Agência Marinha.
“A maior parte das atividades marítimas, que são vitais no dia a dia da nação, acontecem longe da vista da maioria da população”, completou.
“Acredito que poucos brasileiros já tenham vislumbrado o que aconteceria com o país se fôssemos privados de fazer uso desse mar que nos pertence”, declara.
A “promoção da Mentalidade Marítima junto à população brasileira” foi uma das iniciativas implantadas por Garnier. Segundo ele, isso ocorre por meio de “ações de comunicação estratégica que avivem a consciência coletiva nacional para o fato de que o Brasil começou pelo mar e com ele deve buscar sua realização plena”.
Questionamento às urnas eletrônicas
Em entrevista ao O POVO, em maio do ano passado, o almirante Garnier fez coro a Bolsonaro ao defender auditoria nas urnas eletrônicas. “Como comandante da Marinha, eu quero que os brasileiros tenham certeza de que o voto deles vai valer, de que quem eles colocarem na urna vai ser contado e quem eles escolherem de uma forma limpa, transparente, como demanda a Constituição Federal e as leis nacionais, serão validados”. E acrescentou: "Não quero ver o meu povo brigando entre si por dúvidas. Então mais transparência, quanto mais auditoria, melhor para o Brasil, porque nós teremos muito mais certeza do resultado e toda a vida nacional seguirá com mais calma".