Elmano diz que mausoléu de Castelo Branco não ficará no Palácio da Abolição

O anúncio do governador foi recebido com aclamação e aplausos de pé dos presentes

O governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), anunciou nesta quinta-feira, 31, que o mausoléu Castelo Branco, em homenagem ao primeiro presidente da ditadura militar, não ficará mais no complexo arquitetônico do Palácio da Abolição, sede do Governo Estadual

"Eu estava conversando com a nossa secretaria de Cultura (Luisa Cela). Aqui nós temos o Palácio da Abolição, aqui está o mausoléu do Castelo Branco e eu já disse, a decisão está tomada, ela tem a missão com a Socorro França e o Tiago Santana. O Palácio da Abolição não ficará ao mausoléu de quem apoiou a ditadura”, disse, aplaudido de pé.

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O anúncio aconteceu no evento Agosto da Memória e Verdade: 44 Anos da Anistia, no próprio Palácio da Abolição. Elmano ainda declarou que existe um projeto a ser executado de levar para a sede do Governo do Estado o Dragão do Mar, símbolos abolicionista cearense.

"Existe um projeto a ser executado, eu já estou cobrando há algum tempo, a minha vontade e o meu desejo é que dia 11 de dezembro, no Dia Internacional dos Direitos Humanos se é pra trazer alguém, tragamos pra cá Dragão do Mar, e os abolicionistas e os lutadores pela democracia, disse.

"Honrando a história daqueles que lutaram e dedicaram suas vidas pela democracia, pelo bem viver do nosso povo", completou.

Lideranças celebram decisão

A vice-governadora, Jade Romero (MDB), pelas redes sociais parabenizou a posição do governador Elmano e afirmou que "cultuar" a ditadura e seus autores não condiz com o Ceará.

"Cultuar a ditadura e seus algozes não condiz com a Terra da Luz, da Abolição, de Dragão do Mar, Bárbara de Alencar e tantos outros. Parabéns ao governador Elmano pela posição firme em anunciar a remoção do Mausoléu de Castelo Branco do Palácio da Abolição, iluminando a nossa história e valorizando a bravura e a luta do nosso povo", disse.

Renato Roseno (PSOL), deputado estadual, autor de requerimento para que o mausoléu tivesse outra funcionalidade, celebrou o anúncio de transformar equipamento em memória à liberdade. Ele destacou que é uma luta de anos.

“É uma luta por lugares de memória de todos nós que lutamos pela memória à verdade e à justiça”, disse Roseno.

Prosseguiu: “A gente não pode ter homenagem àqueles que fizeram atos contra a democracia, que perseguiram, que atentaram contra a democracia no Brasil. Por isso mesmo nós estamos aqui para dizer para que nunca se esqueça, para que nunca mais aconteça. Viva a democracia. Ditadura nunca mais”.

Mausoléu do Castelo Branco

O mausoléu em memória do ex-presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, o primeiro dos cinco da Ditadura Militar, nascido em Fortaleza foi inaugurado em 1972, pelo então governador do Ceará, César Cals, 5 anos após a morte do marechal.

O monumento passou por uma restauração em 2006 e em 2022 foi apresentado um requerimento proposto pelo deputado Renato Roseno que tivesse o mausoléu tivesse outro uso, baseado na lei que proíbe a atribuição a prédios, rodovias, repartições e demais bens públicos de “nomes de pessoas que constem no relatório final da Comissão Nacional da Verdade com responsáveis por violações”.

A requisição foi rejeitada na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece). Os restos mortais de Castelo Branco não estão mais no mausoléu há meses.

 

Com informações de Luíza Vieira

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