Fernandes confirma compartilhamento de mensagem, nega fake news e diz que é "01 de Bolsonaro"

Caso remete a um texto enviado por Bolsonaro que insinuava fraude nas eleições de 2022. A mensagem não apresentava provas e tem teor de fake news

15:29 | Ago. 24, 2023

Por: Vítor Magalhães
Deputado federal André Fernandes (PL) (foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados)

O deputado federal cearense André Fernandes (PL) assumiu ter compartilhado a mensagem enviada pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL), que questionava a lisura do processo eleitoral - sem provas -, e atacava um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), mas negou tratar-se de fake news. Nesta quinta-feira, 24, levantamento mostrou que Fernandes foi o primeiro político a compartilhar o texto no Telegram, após celular vinculado a Bolsonaro pedir o disparo em massa a um empresário em conversa no WhatsApp.

Questionado pelo O POVO sobre o caso, o parlamentar confirmou ter repassado a mensagem. “Não recebi ordem do presidente. Agora, o presidente sempre me manda mensagens. Essa mensagem que compartilhei, em específico, não era uma fake news. Eles falam que foi uma fake news, mas não conseguem comprovar onde está a mentira. E se eles dizem lá que fui o primeiro, parabéns, sou premium, literalmente eu sou o 01 do Bolsonaro, não só no Ceará, mas agora no Brasil”, disse.

Perguntado sobre se considerava a questão como algo positivo, Fernandes acenou positivamente. “Óbvio, se eu estou compartilhando uma mensagem, necessária, e que agora se comprovou que existe uma militância dentro do STF, quando o próprio presidente diz que ‘derrotamos o Bolsonarismo’, onde é que está a mentira?”, concluiu.

O caso remete a um texto enviado por Bolsonaro que insinuava fraude nas eleições de 2022. A mensagem não apresentava provas e tem teor de fake news. Bolsonaro admitiu ter pedido ao empresário Meyer Nigri para "repassar ao máximo" o texto, veiculado inicialmente no WhatsApp, que chegou ao Telegram cerca de 30 minutos depois. No texto, Bolsonaro ataca ministros do STF, diz que há "interferência" para fraudar as eleições e acusa pesquisas de inflar números para beneficiar Lula e "respaldar" resultado eleitoral. 

Levantamento feito pelo Laboratório de Humanidades Digitais da Universidade Federal da Bahia (UFBA) mostra que Fernandes foi o primeiro a compartilhar o texto no Telegram, às 9h42min de 26 de junho do ano passado, 32 minutos após o celular de Bolsonaro enviá-lo no WhatsApp. O levantamento aponta ainda que a mensagem compartilhada por Fernandes teve 7,4 mil visualizações na plataforma.

O laboratório é coordenado pelos pesquisadores Leonardo Nascimento, Letícia Cesarino e Paulo Fonseca e a informação foi trazida pelo jornal O Globo. A mensagem também circulou em chats extremistas. Fernandes é investigado pelo STF por suspeitas de incentivar os atos golpistas do dia 8 de janeiro.

Com informações de João Paulo Biage, correspondente de Brasília