Reunião do Cidadania é marcada por bate-boca e palavrões: "Vagabundo", "picareta"
A situação se agravou após o presidente da sigla, o ex-deputado federal Roberto Freire, de 81 anos, discordar da postura pró-governo LulaMembros do partido Cidadania trocaram xingamentos e palavrões durante reunião realizada no último sábado, 19. O bate-boca começou após a maioria defender a inserção da sigla na base de apoio ao governo Lula (PT) no Congresso.
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Membros do partido Cidadania trocaram xingamentos e palavrões durante reunião realizada no último sábado, 19. O bate-boca começou após a maioria defender a inserção da sigla na base de apoio ao governo Lula (PT) no Congresso. pic.twitter.com/4wrHT7qKFl
A situação se agravou após o presidente da sigla, o ex-deputado federal Roberto Freire, de 81 anos, discordar da postura pró-governo. Os integrantes da Comissão Executiva Nacional da sigla questionam o comando de Freire, uma vez que parte dos membros classifica Freire como uma pessoa “explosiva”.
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Em videoconferência, realizada no sábado, Roberto gritou com membros do Diretório Nacional e Regional do Cidadania, como o secretário-geral Regis Cavalcanti, e Nonato Bandeira, líder do diretório na Paraíba. A reunião foi gravada pelo Zoom e foi vazada na Internet.
O partido é um aliado do antigo Partido Comunista Brasileiro (PCB), fundado em 1922, sob influência da Revolução Russa e da Internacional Comunista. Popularmente conhecido como “partidão” na esquerda, acolheu diversas correntes de comunistas ao longo de sua trajetória.
Em 1989, na primeira eleição direta para chefe do Executivo pós-ditadura militar, lançou Roberto Freire como candidato e recebeu 1,14% dos votos nas urnas.
Posteriormente, no ano de 1992, uma vertente do partidão criou o Partido Popular Socialista (PPS). Em 2019, o PPS tornou-se o atual Cidadania. O antigo PCB continua existindo com a colaboração de antigos militantes e tem site na internet, no entanto, não recebe tanto destaque como o Cidadania, que protagonizou a discussão no fim de semana.
A decisão da maioria dos membros da Comissão irritou Roberto Freire, que é contra a adesão. O presidente do partido defende que a sigla amplie a federação PSDB-Cidadania, com uma aliança entre os partidos Podemos e MDB. A proposta foi rejeitada.
Durante as eleições de 2022, o Cidadania elegeu na Federação com o PSDB apenas 18 parlamentares, nos quais cinco são, de fato, filiados à sigla.
No início da videochamada, Roberto mandou o secretário-geral do partido, Regis
Cavalcanti, calar a boca. “Você não está dirigindo a reunião. Eu estou abrindo essa discussão. […] Portanto, cale-se. Espere os outros falarem”, gritou.
O vice-presidente do partido, Daniel Coelho, também ofendeu o secretário, que foi chamado de “picareta e cínico”. Regis rebateu a ofensa, chamando-o de “cachorro”.
Em um dado momento da reunião, o presidente do Cidadania discute com Nonato Bandeira, que afirmou que Roberto havia conseguido “destruir um dos maiores partidos do Brasil”.
“Não transfira as suas responsabilidades. E não tente bater boca com todo mundo. Ninguém aguenta você provocar, um por um, todo mundo que tem o mínimo de discordância com você. Tenha postura de presidente. Você perdeu a compostura e não tem condições de liderar”, afirmou Bandeira.
Após as dissidências, o Diretório da sigla decidiu realizar um congresso para escolher novos líderes do Cidadania. Em virtude de mudanças no estatuto da legenda, Roberto Freire não poderá se reeleger.
Quando questionado sobre o assunto, Roberto declarou que a atual direção do Cidadania “não tem condições de continuar” e que isso seria de “algum tempo”. Ele também defendeu que um congresso seja realizado para escolher o novo presidente, ou, caso contrário, haverá “uma rachadura” na legenda.
“Já temos perdas, pois tem gente que não entra [na sigla] pelas divergências”, justificou ao Poder 360. “Defendo minha saída, não posso ser mais presidente. Eu apoio novas eleições. O congresso muda o que quiser ou mantém o que desejar. É mais democrático”, continuou.
“Não é disputa de cargo, mas que encontremos uma saída para superar a crise e não fazer o apoio incondicional ao governo”, disse Freire. “Defendo que o partido apoie o governo no que atender ao programa do partido e do país. No que não é, que seja oposição”, declarou Roberto.