Ministra das Mulheres se esquiva sobre saída do governo: "Tem que perguntar ao Lula"

O posicionamento foi dito na manhã desta segunda-feira, 21, durante o anúncio de novas Casas da Mulher Brasileira, promovido pelo governo do Estado do Ceará. Ministério das Mulheres está cotado para entrar na reforma ministerial

14:50 | Ago. 21, 2023

Por: Luíza Vieira
O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e a futura ministra da Mulher, Cida Gonçalves, durante anúncio de novos ministros que comporão o governo. (foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A reforma ministerial do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que prevê pequenas alterações em pelo menos três pastas, pode chegar até o Ministério das Mulheres, hoje comandado pela ministra Aparecida Gonçalves. Contudo, quando questionada a respeito do assunto, Cida comentou que “tem que perguntar ao presidente Lula” sobre eventual mudança.

O posicionamento foi dito na manhã desta segunda-feira, 21, durante o anúncio de novas Casas da Mulher Brasileira, promovido pelo governo do Estado do Ceará.

A reforma ministerial proposta por Lula surgiu com o intuito estreitar laços do governo com o Centrão e favorecer a aprovação de projetos no Congresso.

Dentre as pastas que podem sofrer alterações, a mais cobiçada pelo Republicanos é a dos Portos e Aeroportos, atualmente governada pelo ministro Mário França (PSB). Após encontro entre Lula e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), é provável que França deixe o posto para entregá-lo ao deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE).

A alteração atende a um pedido do partido do deputado Marcos Pereira (SP) por causa do Porto de Santos, zona de interesse do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, filiado à legenda.

Outro ministério que deverá ser modificado é o do Desenvolvimento Social, um dos mais visados pelo PP. A pasta, atualmente comandada pelo ex-governador do Piauí (CE), o petista Wellington Dias, é responsável pelo programa Bolsa Família.

Em julho deste ano, Dias rebateu a possibilidade da liderança do ministério ser passada ao Centrão, negando haver conversas paralelas sobre o tema e reiterando que há muito “fuxico”.

“Tem muito fuxico. Com bastante cuidado, já dei a resposta. Quem decide é o presidente, acho que ele vai ter que organizar. O que todos nós queremos é a estabilidade do país", disse ao O POVO. “Quem toma a decisão é o presidente, ele que diz o que pode oferecer quais são as condições, porque ele não abre mão de um projeto de país que tire o Brasil do mapa da fome, um projeto que faça a economia crescer", concluiu.

Proposta

O PP de Lira, por sua vez, vai compor o primeiro escalão de Lula com o também deputado André Fufuca (MA). Lula já concordou com os nomes de Costa Filho e Fufuca; falta definir as pastas. A proposta do Centrão entregue ao presidente envolve a ida de França para a pasta de Ciência e Tecnologia, hoje com Luciana Santos (PCdoB). Luciana seria realocada no Ministério das Mulheres, comandado atualmente por Cida Gonçalves, que é filiada ao PT.

O PP voltou a insistir na indicação de Fufuca para o comando do Ministério do Desenvolvimento Social. No entanto, Lula resiste e quer manter a pasta com o PT. Diante do impasse, num primeiro momento, o ministério pode ser poupado nesta reforma.

Pressão

A avaliação de líderes é a de que a demora do governo em definir o espaço do PP e do Republicanos na Esplanada elevou a insatisfação dos parlamentares. A recente declaração do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre o "poder muito grande" da Câmara, também agravou o clima de atrito.

Além disso, uma romaria de prefeitos a gabinetes de deputados nesta semana reacendeu a insatisfação com a demora na liberação de emendas para as bases eleitorais. Também há a cobrança de que o governo precisa retribuir o apoio que conseguiu na Câmara para aprovação, por exemplo, do projeto que retoma o voto de desempate a favor da Receita no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). O próprio Lira tem sido pressionado pelos parlamentares.

Deputados dizem ainda esperar uma contrapartida pelo esvaziamento da CPI do MST. Partidos como Republicanos e União Brasil substituíram bolsonaristas do colegiado por nomes mais governistas, e Lira anulou a convocação do ministro da Casa Civil, Rui Costa.