PSD de Domingos Filho entrega cargos na Prefeitura e deixa gestão Sarto
Partido rompe com a administração e descarta apoiar reeleição de Sarto em 2024O PSD, comandado no Ceará pelo ex-vice-governador Domingos Filho, anunciou na manhã deste sábado, 19, a entrega dos cargos até então ocupados na Prefeitura de Fortaleza. O partido manifesta antiga insatisfação com o prefeito José Sarto (PDT). Domingos descarta em nota o apoio à reeleição de Sarto em 2024.
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O partido ocupava duas secretarias regionais, a 2, com Rennys Frota, e a 5, com Moacir Soares. Participação que Domingos Filho classificou, em entrevista ao O POVO no mês de abril, como "periférica".
Em nota, o partido salienta que a saída da gestão ocorre após o partido "ter demonstrado na imprensa por inúmeras vezes a insatisfação com o espaço ocupado e o tratamento recebido pelo prefeito José Sarto".
O PSD apoiou a eleição de Sarto, em 2020, e foi o mais importante aliado na campanha de Roberto Cláudio (PDT) a governador, em 2022. A saída da gestão, conforme a nota, foi comunicada por Domingos ao ex-prefeito Roberto Cláudio, presidente do PDT municipal.
Diferenças de décadas
No comunicado sobre a saída, o PSD reforça: "A relação entre Domingos Filho e José Sarto nunca foi muito amistosa". Isso remete ao primeiro mandato de ambos como deputados estaduais, 28 anos atrás. "Os dois chegaram juntos na Assembleia Legislativa em 1995 filiados ao PMDB e logo passaram a disputar espaços na Mesa Diretora da Assembleia Legislativa em campos opostos".
O MDB na época era PMDB e estava dividido. "Domingos venceu as disputas internas que travaram, o que o levou (Sarto) a deixar o PMDB que até então tinha Juraci Magalhães como sua maior liderança, a quem Sarto fazia oposição. Sarto saiu do Partido e aliou-se a Ciro Gomes no PPS, a época o maior opositor do Prefeito de Fortaleza Juraci Magalhães", relata a nota do PSD.
Outro momento de embate foi quando Domingos tentou se tornar conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). A disputa foi acirrada, em votações secretas marcadas por traições. Domingos chegou a despontar como favorito, até que Sarto recolheu uma lista escrita pelo então deputado Carlomano Marques (MDB) com os nomes dos "traidores" a favor de Domingos. O papel foi rasgado, mas Sarto, então suplente de deputado em exercício, recolheu os pedaços e levou à Secretaria de Governo (Segov) do Estado, onde o papel foi remendado e revelou os nomes. Foi a senha para a antiga Segov partir para a pressão para virar os votos em favor do candidato governista, Francisco Aguiar.
"O troco de Sarto a Domingos Filho foi dado em 2005 quando, na ocasião da disputa preliminar da vaga de Conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios — TCM travada entre os Deputados Domingos Filho e Chico Aguiar, José Sarto, à época na condição de primeiro suplente de Deputado Estadual que seria beneficiado com a eleição de Aguiar, foi acusado pelo Deputado Carlomano Marques de recolher do lixo da Assembleia Legislativa uma lista de votos elaborada por este que identificava os parlamentares da base do Governador Lúcio Alcântara que teriam votado em Domingos da oposição. Na primeira votação Domingos Filho venceu Chico Aguiar com o placar de 25 a 19 votos. Com a exposição de votos, Aguiar venceu Domingos, logo no dia seguinte, com 25 a 18, o que levou Sarto a assumir a titularidade do mandato com a renúncia de Chico Aguiar para assumir o TCM", relata o PSD.
Em 2014, Domingos viria a se tornar conselheiro do TCM, mas o tribunal seria extinto em 2017, resultado de disputas políticas outras.
O PSD ainda recorda as circunstâncias da aliança com Sarto para a Prefeitura. "O apoio do PSD a Sarto nas eleições de 2020 só foi possível pela intervenção direta do Senador Cid Gomes e do então Prefeito Roberto Cláudio junto a Domingos Filho".
Sem apoio à reeleição
A nota se encerra assim: "Com essa decisão (de entregar os cargos) o Presidente do PSD descarta a possibilidade de apoio do Partido à reeleição do Prefeito de Fortaleza José Sarto".
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