Moro é chamado por hacker de 'criminoso contumaz', reage e diz que Cid Gomes também foi hackeado
O senador cearense presidia a CPMI no momento. Ex-juiz se referiu ao hacker Walter Delgatti como bandidoO senador Sergio Moro (União Brasil-PR) e o hacker Walter Delgatti Neto trocaram ofensas nesta quinta-feira, 17, na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas de 8 de janeiro.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
Ao indagar a testemunha, Moro iniciou dizendo que a ficha de antecedentes do hacker é bastante longa. Delgatti mencionou "cerca de quatro ações" e disse ter sido absolvido em todas. Moro disse terem sido encontradas 46, e apontou ter havido condenação por estelionato contra 44 vítimas, embora com posterior prescrição, o que inviabilizou aplicação da pena.
Leia mais
Delgatti disse ter sido vítima de perseguição em Araraquara, "inclusive equiparada à perseguição que vossa excelência fez com o presidente Lula, integrantes do PT", disse o hacker. "E ressaltando que eu li as conversas de vossa excelência, li a parte privada, e posso dizer que o senhor é um criminoso contumaz, cometeu diversas irregularidades e crimes".
Moro pediu que a mesa advertisse o hacker a não chamar parlamentar de criminoso, o que, destacou o senador, configura crime de calúnia. "Peço escusas então", disse o hacker, antes de ser advertido pelo senador cearense Cid Gomes (PDT), vice-presidente da CPMI, que conduzia os trabalhos no momento e pediu respeito ao plenário.
"O bandido aqui, desculpe senhor Walter, que foi preso, é o senhor. O senhor foi condenado", disse Moro ao retomar a palavra. "O senhor é inocente como o presidente Lula, então, é isso?", acrescentou o senador. Cid Gomes solicitou respeito de ambas as partes. 'Por favor, que não se repita mais", pediu o pedetista.
Moro lê trecho da denúncia do Ministério Público, segundo a qual Delgatti reconheceu ter invadido dispositivo de 176 pessoas. O hacker confirmou a confissão. O senador do União Brasil, então, lista entre as vítimas o ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, o empresário Abílio Diniz, o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), o deputado federal Baleia Rossi (MDB-SP) o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e também Cid Gomes, que presidia a CPMI no momento, entre outros.
Questionado mais uma vez se de fato invadiu os dispositivos de 176 pessoas, o hacker respondeu: "Sim, acredito que mais que isso".
Leia mais
O hacker
Delgatti ficou conhecido em 2019 por ter invadido celulares e vazado mensagens atribuídas a Sérgio Moro e a integrantes da Operação Lava Jato. No início deste mês, o hacker voltou a ser preso pela invasão de sistemas da Justiça para inclusão de mandado falso de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF. Em depoimento na quarta-feira à PF, Delgatti disse que recebeu R$ 40 mil da deputada Carla Zambelli para fazer o serviço.
Delgatti está preso preventivamente no início de agosto na Operação 3FA da Polícia Federal (PF). Ele é investigado por suposta invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com inserção de documentos e alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP). Foram apresentados seis requerimentos para a convocação de Delgatti no colegiado.