Bolsonaro declara apoio a Javier Milei, da extrema direita, vencedor das prévias argentinas

Milei segue a mesma fórmula usada pelo ex-presidente brasileiro na campanha eleitoral: discursos contrários à esquerda - respectivamente, o petismo no Brasil e o kirchnerismo na Argentina -, posicionamento para se diferenciar de todos que já passaram pelo poder e defesa do livre mercado, da desregulamentação do comércio de armas e da ideia de "liberdade"

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se posicionou publicamente a favor da candidatura de extrema direita do economista Javier Milei, 51 anos, à Presidência da Argentina. O ex-chefe do Executivo enviou um vídeo para o argentino em que afirma existir semelhanças entre os dois. "Temos muito em comum e queremos ser grandes à altura do nosso território e da nossa população", disse. Neste domingo, 13, Milei venceu as PASO — Primárias, Abertas, Simultâneas e Obrigatórias — que são um termômetro para a disputa presidencial no país.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, também demonstrou apoio ao candidato argentino, comemorando a vitória dele nas prévias. "Um excelente começo para o que pode ser a mudança real que a Argentina precisa", afirmou.

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Semelhanças entre Bolsonaro e Milei foram traçadas desde o momento em que o argentino, até então parlamentar do Congresso, decidiu disputar as eleições presidenciais. Milei segue a mesma fórmula usada pelo ex-presidente brasileiro na campanha eleitoral: discursos contrários à esquerda — respectivamente, o petismo no Brasil e o kirchnerismo na Argentina —, posicionamento para se diferenciar de todos que já passaram pelo poder e defesa do livre mercado, da desregulamentação do comércio de armas e da ideia de "liberdade".

A proximidade entre os dois políticos foi mencionada por Bolsonaro em vídeo de apoio enviado para Milei e publicado pelo argentino em uma rede social. "Temos muita coisa em comum. Para começar que nós queremos o bem dos nossos países. Nós defendemos a família, a propriedade privada, o livre mercado, a liberdade de expressão e o legítimo direito a defesa", afirmou o ex-presidente. Na legenda, o candidato da ultradireita afirma: "Viva a liberdade c...".

Nas redes sociais, Milei aparece ao lado do deputado Eduardo Bolsonaro com uma pose recorrentemente usada por aliados do ex-presidente: mãos em formato de armas. Na publicação, o parlamentar brasileiro comemora a vitória do candidato da extrema direita argentina. "Com vizinhos livres do socialismo, o Brasil tem um ambiente mais favorável para retomar o caminho da liberdade."

Tanto Bolsonaro quanto Milei se apresentaram como candidatos à Presidência em momentos de crise econômica em seus respectivos países. Os dois políticos saíram da posição de desconhecidos ou pouco conhecidos pelo eleitorado e chegaram aos primeiros lugares na pesquisas eleitorais.

A insatisfação popular dos eleitores com os governos vigentes e a situação da economia serviram de munição para os dois candidatos nas campanhas de oposição. Assim como Bolsonaro fez em 2018, Milei se coloca como o candidato que será responsável pelo rompimento do "sistema político tradicional".

Bolsonaro, por exemplo, durante campanha eleitoral, defendia o fim da política do "toma lá da cá" com o Centrão e da corrupção; ambas situações que alcançaram integrantes do governo bolsonarista posteriormente. Hoje, Milei defende o fim da "casta parasitária, esporádica e inútil" da política argentina.

Milei em 2023, assim como Bolsonaro em 2018, apresenta propostas radicais. Além da dolarização da economia do país, ele propõe o fim da educação gratuita e obrigatória, que seria substituída por um sistema de vouchers; uma gradual privatização do sistema de saúde; e o fim da educação sexual obrigatória - uma das pautas de costumes também defendida pelo ex-presidente brasileiro.

Neste domingo, com 97% das urnas apuradas, Milei obteve 30,4% dos votos, seguido da coalizão de centro-direita Juntos por el Cambio (28,27%) e da coalizão da esquerda que governa o país Unión por la Pátria (27,27%). Na Argentina, além de atuar como um termômetro para a disputa presidencial, as prévias definem as chapas que vão concorrer à eleição presidencial do dia 22 de outubro.

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