Villavicencio era direita ou esquerda? Candidato morto no Equador criticou Lula e Bolsonaro

Villavicencio era de um movimento que se identifica como de centro. Ele era crítico do correísmo, corrente à esquerda ligada ao ex-presidente Rafael Correa, e também investigou casos que geraram desgate ao atual presidente Guillermo Lasso, de direita

Muito se tem discutido a inclinação política de Fernando Villavicenciocandidato à presidência do Equador assassinado nesta semana, num atentado, em Quito. Parte das pessoas que comentaram o ataque identificou o candidato como de direita, por suas propostas, enquanto outra parcela o colocava no espectro da centro-esquerda devido à trajetória sindicalista. A questão é mais complexa.

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Villavicencio teve trajetória no sindicalismo e foi dirigente da Federação dos Petroleiros na década de 1990. Na descrição da campanha, reforçava ligações com organizações sociais indígenas e de trabalhadores. De acordo com perfil publicado no jornal El País, o candidato “se considerava de esquerda”, No entanto, numa entrevista para a agência EFE, em maio, sinalizou que havia migrado da esquerda moderada para o centro político.

O político tinha como lema de campanha a frase: “Es tiempo de valientes” (É hora dos corajosos) e apresentava propostas como a construção de um presídio de segurança máxima, militarização dos portos para controle do narcotráfico e criação de uma unidade antimáfia, que combateria aqueles que tivesse ligações com tráfico.

O político era jornalista investigativo e crítico do correísmo — principal corrente à esquerda ligada ao ex-presidente Rafael Correa —, mas na política também investigou casos que geraram desgate ao atual presidente Guillermo Lasso, de direita. Na campanha presidencial, Villavicencio defendia o combate à corrupção e ao narcotráfico e planejava combater essas práticas que, segundo ele, se alastram com ligações pela política.

Ainda no campo político, Villavicencio já havia feito menções críticas tanto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), quanto ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Em 2018, Villavicencio elegeu respondeu um usuário no Twitter (atual "X") que dizia torcer pela vitória de Fernando Haddad (PT) na eleição presidencial do Brasil naquele ano, já que a opção era Bolsonaro. “Não podemos curar a raiva com mais mordidas do mesmo cão. Bolsonaro é produto da traição do PT, da maior corrupção da história. Por Deus… E não compartilho nada com Bolsonaro”, escreveu Villavicencio à época.

— Fernando Villavicencio (@VillaFernando_) October 8, 2018

Em 2022, após a confirmação da vitória de Lula nas eleições de 2022, Villavicencio escreveu, sem citar nomes, "O retorno dos ladrões da Lava Jato". Nos últimos anos, ele postou tuítes criticos em relação ao petista e positivos em relação ao andamento da operação.

— Fernando Villavicencio (@VillaFernando_) October 31, 2022

Como jornalista, Villavicencio foi responsável por investigações contra o ex-presidente equatoriano Rafael Correa. Foi essa oposição que o projetou nacionalmente. Em 2014, chegou a ser condenado a 18 meses de prisão por alegações contra Correa, mas não cumpriu a pena pois deixou o país. Posteriormente, foi eleito para a Assembleia Nacional, mas deixou o cargo após o presidente Lasso dissolver o Parlamento e convocar novas eleições, diante dp cenário de crise política.

Villavicencio foi deputado na Assembleia Nacional, entre 2021 e 2023, e chegou a presidir a Comissão de Supervisão. Protagonizou embates com representantes da esquerda, mas também do governo à direita. Foi como deputado que ele denunciou o caso conhecido como “León de Troya”, que investiga suposta atuação e ligação da máfia albanesa com Danilo Carrera, cunhado do atual presidente equatoriano Guillermo Lasso.

O candidato se apresentava como um centrista, embora fosse criticado por políticos à esquerda de ter atuação cada vez mais próxima do governo Lasso. Villavicencio atualmente era vinculado a um movimento centrista. O próprio movimento pelo qual se candidatou ao governo do Equador, o "Construye", destaca isso numa apresentação em seu site oficial.

“Em um mundo em rápida mudança, reconhecemos a existência de diferentes ideologias. Nosso movimento busca criar um espaço de diálogo e encontro que vá da centro-direita à centro-esquerda”, destaca o Construye, que prega ainda manter distância “do extremismo, radicalismo e violência”.

O movimento aponta ainda ser fundamental ter um Estado forte e eficiente “que garanta direitos e liberdades e que promova a construção de uma sociedade onde todos os equatorianos, independentemente de sua origem ou crença, tenham acesso às mesmas oportunidades”.

Na corrida presidencial, Villavicencio figurava entre o 2° e o 5° lugar, a depender das pesquisas de intenção de voto, no Equador. Apesar disso, o Construye, partido relativamente pequeno, informou que ainda não tem — ou mesmo se terá —, um substituto para representar a candidatura nas eleições do próximo dia 20.

Em nota, a legenda disse apenas que "uma eventual substituição de Villavicencio será decidida pelo partido e comunicada por meio dos canais oficiais e porta-vozes da organização".

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