Entenda operação da PF contra pai de Mauro Cid e como ela atinge Bolsonaro

A iniciativa ocorre após Mauro César tentar vender as joias luxuosas, presenteadas pelo governo da Arábia Saudita ao ex-presidente Jair Bolsonaro, em 2021

A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta sexta-feira,11, a Operação Lucas 12:2, que cumpre mandados de busca e apreensão contra o general Mauro Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel Mauro Cid. A ação, que ocorreu em Brasília, aponta que Cid (filho) também é alvo da investigação.

A iniciativa ocorre após Mauro Lourena Cid tentar vender as joias luxuosas, presenteadas pelo governo da Arábia Saudita ao ex-presidente Jair Bolsonaro, em 2021. Mauro é general do Exército e foi colega de Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), nos anos de 1970.

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Durante a gestão Bolsonaro, Mauro Lourena Cid ocupou cargo federal em Miami conectado à Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex).

A PF aponta que o ex-mandatário possuía uma ligação com a venda ilegal de joias e objetos de valor feita por seus assessores. 

As investigações identificaram que Bolsonaro e auxiliares retiraram do país, no avião presidencial, pelo menos quatro conjuntos de bens recebidos pelo ex-presidente em viagens internacionais, na condição de chefe de Estado.

A viagem ocorreu em 30 de dezembro, véspera do último dia de mandato de Bolsonaro, para conseguir evitar seguir o rito democrático de passar a faixa a seu sucessor eleito, o hoje presidente Lula (PT).

"Os recursos (da venda), então, seriam encaminhados em espécie para Jair Messias Bolsonaro, evitando, de forma deliberada, não passar pelos mecanismos de controle e pelo sistema financeiro formal, possivelmente para evitar o rastreamento pelas autoridades competentes, conforme informado pela Polícia Federal", diz o ministro Alexandre de Moraes em sua decisão.

"A investigação identificou, portanto, até o momento, que esse modus operandi foi utilizado para retirar do país pelo menos quatro conjuntos de bens recebidos pelo ex-presidente da República em viagens
internacionais", acrescentou. 

Além destes, o tenente do Exército Osmar Crivelatti também é alvo da operação, uma vez que Crivelatti foi responsável por “cuidar das joias sauditas e monitorar na fazenda do Piquet”. O acervo no local integrava mais de 9 mil objetos, ocupando um espaço de aproximadamente 200 m² na Fazenda Piquet, localizada em região próxima ao lago Sul, área nobre de Brasília.

De acordo com a PF, os investigados são suspeitos de utilizar a estrutura do Estado brasileiro para desviar bens de alto valor patrimonial, presenteados por autoridades estrangeiras em missões oficiais aos chefes do Executivo federal, por meio da venda desses objetos em países do exterior.

A investigação sinalizou, até o momento, que os valores obtidos dessa comercialização ilegal foram convertidos em dinheiro em espécie e foram encaminhados ao patrimônio pessoal dos investigados, inclusive Bolsonaro.

A PF informou que o montante era recebido por meio de pessoas interpostas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o intuito de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores.

No entendimento dos investigadores, os fatos apurados configuram, em tese, os crimes de peculato e lavagem de dinheiro.

Os quatro mandatos estão sendo cumpridos em Brasília, São Paulo (SP) e Niterói (RJ).

A operação foi nomeada de Lucas 12:2, em alusão ao versículo bíblico que declara: “Não há nada escondido que não venha a ser descoberto, ou oculto que não venha a ser conhecido”. A iniciativa “tem o objetivo de esclarecer a atuação de associação criminosa constituída para a prática dos crimes de peculato e lavagem de dinheiro”, disse a PF em nota.

As ações integram o inquérito policial que investiga a atuação do que se convencionou chamar “milícias digitais” em tramitação perante o Supremo Tribunal Federal (STF), que permitiu as buscas.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, se posicionou acerca do assunto em suas redes sociais, afirmando que a ação é “um caminho clássico de corrupção e lavagem de dinheiro”.

“Há muitos estudos que mostram que compra e venda de joias é um caminho clássico de corrupção e lavagem de dinheiro. Muitos veem como um crime 'seguro', que ficará escondido para sempre. Por isso, é essencial sempre investigar o assunto, quando há indícios de ilegalidades", escreveu o ministro.

Conforme as investigações, o general Mauro Lourena Cid era o responsável por negociar os itens e os demais bens nos EUA. A Polícia Federal brasileira já solicitou um acordo de cooperação internacional com os Estados Unidos para quebra de sigilo da conta.

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