Bolsonaro só volta se Brasil virar uma Argentina, aponta pesquisador

Livro analisa acontecimentos da era Bolsonaro que levaram à volta de Lula ao poder e discute chance de ex-presidente retornar

A tendência para a direita brasileira é o surgimento não apenas de novos atores, mas também de um perfil diferente, democrático e mais civilizado que o de Jair Bolsonaro (PL). Nesta semana, o ex-presidente disse ter "missão" de voltar a ser presidente. Para o escritor, professor e pesquisador Adriano Oliveira, isso só ocorrerá se houver uma derrocada da economia brasileira, nos moldes do que ocorre na Argentina, onde há inflação superior a 100% ao ano, aumento da pobreza, do desemprego, da dívida externa e da credibilidade da política econômica. Até porque, aponta Adriano, "o lulismo é fenômeno econômico".

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Na próxima quarta-feira, 2, Adriano Oliveira lançará o livro Do bolsonarismo ao retorno do lulismo: Bolsonaro voltará ao poder? Na obra, ele analisa os acontecimentos da era Bolsonaro que levaram à volta de Lula à Presidência após ter sido preso e impedido de concorrer em 2018. "Bolsonaro é produtor de crises", aponta o autor. Esse cenário de instabilidade provocou reação das instituições, que mostraram não aceitar o radicalismo bolsonarista. Adriano Oliveira é professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e colunista do O POVO. Nesta entrevista. ele projeta o que esperar da direita e da esquerda no Brasil nos próximos anos.

O POVO - Começo com a pergunta do subtítulo do seu livro: Bolsonaro voltará ao poder?

Adriano Oliveira - A minha tese e previsão é de que Bolsonaro só voltará ao poder caso ocorra a argetinização da economia brasileira. Caso não, o governo Lula deverá ter avaliação de razoável para bom e uma direita civilizada e democrática surgirá. É claro, acasos podem ocorrer.

OP - Qual a responsabilidade de Bolsonaro por Lula ir da prisão de volta à cadeira de presidente?

Adriano - O então presidente Jair Bolsonaro é produtor de crises. Elas trouxeram turbulências com as instituições e estas reagiram. A Covid foi uma oportunidade para que Bolsonaro enfrentasse o lulismo no âmbito econômico com agressivas políticas sociais. Não fez. Portanto, o comportamento de Bolsonaro e a miopia econômica o levaram a derrocada. Ressalto: mas o bolsonarismo só ganha força produzindo crises. Contradição.

OP - Bolsonaro está inelegível, como Lula esteve preso e também inelegível. Como para Lula, Bolsonaro também tem chance de reverter a situação? A conjuntura política pesará?

Adriano - A conjuntura política é fundamental. E deixo claro no livro que a história pode se repetir. Por exemplo: a argentinização da economia provoca grave crise e o STF restabelece os direitos de Bolsonaro. Todavia, não vejo evidências no passado e no presente para isto acontecer.

OP - O senhor acredita no surgimento de uma direita não bolsonarista?

Adriano - A direita civilizada e não bolsonarista surgirá. À medida que o governo Lula aumentar a popularidade, Bolsonaro perderá apoio político e novas lideranças que hoje ainda titubeiam declararão independência. E as instituições deixaram bem claro que não toleram políticos bolsonaristas radicais.

OP - E para a esquerda? O que projetar para o pós-Lula?

Adriano - O pós-Lula depende de dois fatores: 1) Desempenho da economia; 2) E a não candidatura de Lula em 2026. Se em 2026 a economia estiver bem e Lula com alta popularidade, ele será candidato ou apresentará o seu herdeiro? Talvez o momento ideal para o pós Lula seja em 2026. E, naturalmente, o nome mais forte hoje é Haddad, já que o lulismo é fenômeno econômico.

SERVIÇO

Do bolsonarismo ao retorno do lulismo: Bolsonaro voltará ao poder?

Autor: Adriano Oliveira

Lançamento: 2 de agosto, quarta-feira, às 18 horas, na livraria Jaqueira, no Recife (PE)

Endereço: Rua Madre de Deus, 110

Disponível em eBook

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