Barraco no grupo de WhatsApp do PL tem troca de farpas: "Casamento forçado" e "pede pra sair"

Deputados do PL se dizem perseguidos por ala bolsonarista desde que deram votos favoráveis ao governo na votação do arcabouço fiscal na Câmara

A confusão no grupo de WhatsApp de deputados federais do PL continua a repercutir mesmo após o grupo ser suspenso pelo líder do partido na Câmara, deputado Altineu Côrtes (RJ). No último domingo, 9, parlamentares bolsonaristas ofenderam outros quadros da legenda que votaram a favor da reforma tributária, aprovada na Câmara na semana passada.

Detalhes sobre as discussões, que saíram da esfera política e passaram a ataques pessoais, foram divulgados nos últimos dias. Um dos envolvidos é o deputado federal cearense André Fernandes, que teria rebatido fala do deputado Vinicius Gurgel (AP) que reclamava da perseguição de “extremistas” aos deputados que votaram pela reforma. Reportagem do jornal O Globo mostrou detalhes da discussão.

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“Só não fico ofendendo nas redes sociais quem vota de um jeito, então peço respeito, cada um tem seu eleitor!”, escreveu Gurgel, alegando que “Não sou esquerda e nem de direita, sou conservador somente! Se quiserem pedir minha suspensão de comissões, expulsão, do jeito que vier tá bom! Não é a comissão que vai me eleger!”.

A deputada bolsonarista Julia Zanatta (SC) respondeu apontando que Gurgel estaria se lamentando e questionou as convicções do colega. “Não sei por que tanto choro (...) Se tinham tanta certeza do voto, por que estão se explicando até agora?”, apontou.

A discussão foi escalando, com participação de Carlos Jordy (RJ) e Júnio Amaral (MG). Gurgel rebateu dizendo que os bolsonaristas poderiam "pedir sua expulsão" e que não havia mais clima no partido com eles.

Posteriormente houve uma tentativa infrutífera de apaziguar os ânimos, que partiu de Eduardo Pazuello (RJ). A discussão continuou e Gurgel disse que a ida dos bolsonaristas para o PL era um "casamento forçado". Ele escreveu: "Tristeza vocês terem vindo para o PL".

André Fernandes então rebateu: "Vocês quem?". Em resposta, Gurgel disse: “Você, amigo, é um deles. Pede expulsão, não respeita. Preferia você em outro partido”. O cearense mais uma vez respondeu: “Não me chame de amigo. Não lhe dei essa liberdade (...) Tá achando ruim? Pede para sair”, descreve a reportagem.

Parlamentares do PL se dizem perseguidos desde que deram votos favoráveis ao governo na votação do arcabouço fiscal na Câmara. Na ocasião, 30 deputados do PL votaram a favor do governo. Mas deputados dizem que os ataques dos colegas bolsonaristas aumentaram depois dos 20 votos na bancada do PL a favor da reforma tributária.

A liderança do partido orientou voto contra a reforma e Bolsonaro se empenhou pessoalmente em convencer correligionários a se posicionarem contra o texto. Deputados perseguidos dizem que são assediados por cerca de 10 "radicais" da bancada, que são assim classificados por eles por praticarem ataques pessoais a quem não segue a cartilha bolsonarista.

Os deputados Vinicius Gurgel e Yury do Paredão (CE) relataram que o comportamento deles destoa até de Eduardo Bolsonaro (SP), o filho "Zero Três" do ex-presidente, que poupa os dissidentes de ofensas pessoais.

O POVO tentou contato com deputados cearenses citados, mas não obteve resposta. A matéria será atualizada caso haja manifestações dos parlamentares.

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