Barraco no grupo de WhatsApp do PL tem troca de farpas: "Casamento forçado" e "pede pra sair"
Deputados do PL se dizem perseguidos por ala bolsonarista desde que deram votos favoráveis ao governo na votação do arcabouço fiscal na Câmara
17:46 | Jul. 11, 2023
A confusão no grupo de WhatsApp de deputados federais do PL continua a repercutir mesmo após o grupo ser suspenso pelo líder do partido na Câmara, deputado Altineu Côrtes (RJ). No último domingo, 9, parlamentares bolsonaristas ofenderam outros quadros da legenda que votaram a favor da reforma tributária, aprovada na Câmara na semana passada.
Detalhes sobre as discussões, que saíram da esfera política e passaram a ataques pessoais, foram divulgados nos últimos dias. Um dos envolvidos é o deputado federal cearense André Fernandes, que teria rebatido fala do deputado Vinicius Gurgel (AP) que reclamava da perseguição de “extremistas” aos deputados que votaram pela reforma. Reportagem do jornal O Globo mostrou detalhes da discussão.
“Só não fico ofendendo nas redes sociais quem vota de um jeito, então peço respeito, cada um tem seu eleitor!”, escreveu Gurgel, alegando que “Não sou esquerda e nem de direita, sou conservador somente! Se quiserem pedir minha suspensão de comissões, expulsão, do jeito que vier tá bom! Não é a comissão que vai me eleger!”.
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A deputada bolsonarista Julia Zanatta (SC) respondeu apontando que Gurgel estaria se lamentando e questionou as convicções do colega. “Não sei por que tanto choro (...) Se tinham tanta certeza do voto, por que estão se explicando até agora?”, apontou.
A discussão foi escalando, com participação de Carlos Jordy (RJ) e Júnio Amaral (MG). Gurgel rebateu dizendo que os bolsonaristas poderiam "pedir sua expulsão" e que não havia mais clima no partido com eles.
Posteriormente houve uma tentativa infrutífera de apaziguar os ânimos, que partiu de Eduardo Pazuello (RJ). A discussão continuou e Gurgel disse que a ida dos bolsonaristas para o PL era um "casamento forçado". Ele escreveu: "Tristeza vocês terem vindo para o PL".
André Fernandes então rebateu: "Vocês quem?". Em resposta, Gurgel disse: “Você, amigo, é um deles. Pede expulsão, não respeita. Preferia você em outro partido”. O cearense mais uma vez respondeu: “Não me chame de amigo. Não lhe dei essa liberdade (...) Tá achando ruim? Pede para sair”, descreve a reportagem.
Parlamentares do PL se dizem perseguidos desde que deram votos favoráveis ao governo na votação do arcabouço fiscal na Câmara. Na ocasião, 30 deputados do PL votaram a favor do governo. Mas deputados dizem que os ataques dos colegas bolsonaristas aumentaram depois dos 20 votos na bancada do PL a favor da reforma tributária.
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A liderança do partido orientou voto contra a reforma e Bolsonaro se empenhou pessoalmente em convencer correligionários a se posicionarem contra o texto. Deputados perseguidos dizem que são assediados por cerca de 10 "radicais" da bancada, que são assim classificados por eles por praticarem ataques pessoais a quem não segue a cartilha bolsonarista.
Os deputados Vinicius Gurgel e Yury do Paredão (CE) relataram que o comportamento deles destoa até de Eduardo Bolsonaro (SP), o filho "Zero Três" do ex-presidente, que poupa os dissidentes de ofensas pessoais.
O POVO tentou contato com deputados cearenses citados, mas não obteve resposta. A matéria será atualizada caso haja manifestações dos parlamentares.