Grupo de RC diz ter sido surpreendido com acordo de troca no comando do PDT Ceará

André Figueiredo teria garantido aos parlamentares liberdade para ser ou não base do governador Elmano de Freitas

Em Brasília, a cúpula do PDT bateu o martelo, na última quarta-feira, 5, para a mudança no comando da legenda no Ceará, com a saída do deputado André Figueiredo (PDT) e a posse temporária do senador Cid Gomes (PDT). Nesse arranjo, no entanto, não houve espaço para consulta da ala pedetista aliada do ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT).

Deputados ouvidos pelo O POVO avaliam que a mudança, a preço de hoje, não deve significar alterações drásticas no posicionamento dos parlamentares. Pelo tempo, até o momento, o grupo ligado a RC ainda não foi contatado por Cid para passar alguma orientação ou postura. A decisão foi tomada pela executiva nacional e não fez um processo consultivo aos parlamentares.

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Dez deputados estaduais pedetistas ligados a Cid defendem que o partido oficializasse ser base do governador Elmano de Freitas (PT), enquanto três sustentam a posição que a legenda atue na independência, com opção de ser oposição. Um deles é o deputado Cláudio Pinho (PDT). A notícia do acordo só chegou ao Ceará quando já tinha sido fixado, relata.

“Não teve. Eu vi a foto do Manoel (Dias, presidente da Fundação Leonel Brizola), Cid e André e que o acordo tinha sido feito. O que soubemos foi depois. Não foi consultado e eu continuo na minha forma de agir”, ressaltou. Ele afirma que telefonou para Figueiredo e foi garantido que a troca na presidência não afetaria sua posição na Assembleia Legislativa (Alece).

Ele avalia que não há espaço para que haja uma oficialização na base de Elmano sem diálogo e sem passar pela relação com o prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT). “Continuo na minha forma de agir, porque temos que ser convencidos. Temos um prefeito que não foi recebido pelo governador até agora. Como fazer parte da base, assim? Tudo é feito de gestos e atores”, disse.

É preciso, segundo ele, ter cautela para não “incendiar o partido”, mas destacou que haveria um grupo que “queria briga para sair“, mencionado uma possível desfiliação sob pretextos. “Pegou todo mundo de surpresa. Ninguém falou que fez o acordo, mas ele (André Figueiredo) falou que não ia mudar muita coisa e que poderíamos continuar com a nossa posição”, pontuou. 

“Eu falei com o André, depois de ter visto pela imprensa. Perguntei se isso interferia para a postura além de independente, de oposição. Ele me disse que não seria problema nenhum”, afirmou o deputado Queiroz Filho (PDT). A postura de oposição crítica, segundo ele, parte do lugar de ter apoiado um projeto que "não foi bem", ao mencionar a candidatura de Roberto Cláudio ao Governo do Ceará.

Ele reiterou que também não foi consultado ou estava esperando a mudança, porque já via em Figueiredo a “tranquilidade” para guiar o partido. Sua avaliação é que não há uma visualização do arranjo porque o mandato de Figueiredo se encerraria já no fim do ano e não haveria problema do deputado permanecer no cargo até lá.

“André (Figueiredo) estava lá e respeitando os governistas, conseguindo conciliar, não vejo porque as alterações. Já tinha tido a avocação pela nacional antes e teria a reunião na sexta, que na minha visão, não era regular. Na quinta que eu vi esse acordo”, afirmou.

Uma das condições para a saída de Figueiredo seria que o governador receba Sarto e a relação administrativa melhore. Queiroz diz torcer por uma recomposição, mas que não seria imediata porque envolveria, por exemplo, uma possível retomada do repasse de subsídios para a passagem de ônibus e para o Instituto José Frota (IJF).

Sarto, ainda na quinta-feira, 6, disse também ter descoberto a mudança por meio da imprensa quando perguntado a respeito. Ele disse estar "fora da discussão". "Eu tô fora dessa discussão, porque eu estou dentro dessa gestão. Hoje eu passei o dia todo pensando em como entregar esse equipamento. Eu estou sabendo porque você está me dizendo agora", afirmou. 

Os dois deputados fazem parte da ala pedetista que puxou coro de "André presidente", no fim de junho, em evento do PDT municipal. Na época, RC acusou a ala de Cid de uma tentativa de golpe para tirar o deputado do cargo de presidente. 

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