Suspeita de fraude em combustível para Prefeitura de Juazeiro favoreceria posto de vereadora
Estima-se que os contratos firmados pela Prefeitura sejam de R$ 8,7 milhões. Pelo menos dois postos de combustível foram interditadosO Ministério Público do Ceará (MPCE) e as polícias civis do Ceará e da Bahia investigam suposta prática de sobrepreço realizada pela Prefeitura de Juazeiro do Norte no abastecimento de 306 carros do Município.
Operação chamada "Aditivo" (referência à gasolina aditivada) foi deflagrada nesta terça-feira, 27, para apurar suspeitas de peculato, fraude licitatória, falsidade ideológica e associação criminosa na gestão de abastecimento dos veículos.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
Foram cumpridos mandados de busca e apreensão na casa de empresários responsáveis pela gestão do abastecimento dos carros oficiais do município e ainda na sede da empresa, situada na Bahia. Servidores da administração do prefeito Gledson Bezerra (Podemos) e uma parlamentar também foram alvos de batidas policiais.
O MPCE não quis informar o nome da parlamentar, mas O POVO apurou que os postos são da vereadora Rosane Macedo (Cidadania). O marido dela, vereador Ronaldo Gomes de Lira, conhecido como “Ronas Motos", é empresário do ramo.
Estima-se que os contratos firmados pela Prefeitura sejam de R$ 8,7 milhões, dos quais R$ 2 milhões já teriam sido pagos pela gestão municipal. O esquema passaria por 21 secretarias, que teriam fechado contrato ao final de 2022 com a empresa investigada.
Pelo menos dois postos de combustível foram interditados. Um vídeo ao qual O POVO teve acesso mostra uma viatura da Polícia Civil em um dos postos, situado avenida Presidente Castelo Branco, em Juazeiro.
Coordenador do Grupo Especial de Combate à Corrupção (Gecoc), o promotor de Justiça Flávio Bezerra disse ao O POVO que o suposto esquema consistia na prestação de informações falsas a respeito dos preços dos combustíveis.
A empresa, contratualmente obrigada a dar descontos para a Prefeitura de Juazeiro, informava preços superiores e incompatíveis aos praticados pelo mercado.
Para efeito de exemplo, é como se o preço real do serviço fosse um, mas o contrato fosse firmado com valor superior, de modo que anulava os descontos obrigatórios dados à Prefeitura de Juazeiro, com prejuízo ao poder público e benefício aos empresários.
A reportagem não conseguiu identificar o nome da empresa prestadora de serviço para a Prefeitura de Juazeiro. O POVO entrou em contato com a assessoria da vereadora Rosane Macedo às 17h20min dessa terça-feira, 27, sem obter respostas até a publicação desta reportagem.
Em nota ao O POVO, a gestão Gledson respondeu que a Procuradoria Geral do Município ainda não foi notificada da investigação. "Afirma, também, que a partir do momento que receber a demanda de forma oficial, irá contribuir com o que for necessário para que a operação seja realizada e apurada", diz o comunicado.
Colaborou Luciano Cesário
Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente