Eleições 2024: quem são os pré-candidatos à Prefeitura de Fortaleza até agora
José Sarto, André Fernandes, Capitão Wagner, Eduardo Girão, Evandro Leitão e Luizianne Lins e outros nomes podem concorrer ao Paço Municipal no próximo ano
06:00 | Jun. 27, 2023
Atualizada às 13h42min
Ainda existem muitas pontas soltas, discussões a serem realizadas e acordos a serem firmados, contudo, a preço de hoje, o cenário pré-eleitoral da disputa à Prefeitura de Fortaleza registra 12 pré-candidaturas (veja abaixo). O prefeito José Sarto tem o controle do diretório municipal do PDT, com Roberto Cláudio na presidência, razão pela qual crê que pode marchar para a reeleição mesmo em meio à crise interna pela qual a legenda atravessa.
Sarto se verá mais fortalecido se André Figueiredo, atual dirigente do PDT no Ceará, se mantiver no controle partidário. O atual prefeito, RC e Figueiredo integram o grupo de Ciro Gomes, rompido com Camilo e Cid Gomes. Defendem o PDT como oposição a Elmano, tese minoritária na Assembleia Legislativa do Ceará. De 13 parlamentares, apenas três são partidários deste entendimento.
Presidente da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), Evandro Leitão acompanha tudo e será, teoricamente, o beneficiado direto de eventual vitória de Cid Gomes contra Figueiredo na disputa pelo comando do PDT. Evandro é próximo a Camilo Santana e tem boa interlocução com o PT, tendo sido convidado a se filiar por vozes importantes da legenda.
Do centro para a esquerda, há ainda a deputada federal Luizianne Lins (PT), candidata do PT ao Paço Municipal nas duas últimas eleições. Crítica da gestão Sarto, ela não esconde o desejo de retornar ao Executivo municipal. Sempre que indagada, argumenta que suas gestões deram atenção aos setores mais vulneráveis da cidade, lógica que Roberto Cláudio e José Sarto não teriam seguido.
O campo conservador pode ir às ruas divido, com André Fernandes (PL), Capitão Wagner (União Brasil) e Eduardo Girão (Novo) liderando campanhas distintas. Fernandes é representante do bolsonarismo dito raiz, aquele que comunga com 100% das teses do ex-presidente, inclusive a de que as urnas eletrônicas são passíveis de fraude. Elas serão utilizadas em 2024.
Capitão Wagner ascendeu para a política como líder da paralisação das forças de segurança de 2011 e 2012. Tem convergências com Bolsonaro, mas seu capital eleitoral foi adquirido antes, sobretudo quando disputou segundo turno contra Roberto Cláudio, em 2016, pela Prefeitura de Fortaleza.
Em entrevista ao podcast Jogo Político, do O POVO, o deputado estadual Sargento Reginauro (UB), aliado de Wagner, afirmou que a direita tem de aprender a se dividir num primeiro momento e, na sequência, voltar a se unir sem que maiores complicações. É o que disse esperar de André, Wagner e Eduardo Girão.
O atual senador é uma das principais lideranças conservadoras do Ceará. A atuação no Senado é centrada em temas ideológicos, como a militância antiaborto, contra qualquer flexibilização de leis sobre drogas e em defesa da operação Lava Jato e de seus legados.
Entre os temas cruciais para o bolsonarismo, a única divergência que guarda é em relação ao armamento da população, ao qual se opõe. Recém-filiado ao Novo, sua candidatura é encorajada pela direção partidária.
José Sarto (PDT)
O atual prefeito de Fortaleza deve ser candidato à reeleição pelo PDT. É a vontade de Ciro Gomes, Roberto Cláudio e André Figueiredo, este atual dirigente nacional e estadual do partido. Se Sarto disputar a preferência do eleitor da Capital em 2024, Ciro disse que percorre Fortaleza inteira como defensor de sua candidatura. O senador Cid Gomes disputa o comando da legenda no Ceará com André Figueiredo. Ao contrário de Figueiredo, Ciro e RC, Cid é partidário da união entre o PDT e o grupo liderado por Camilo Santana e Elmano de Freitas. Se a união se concretizar em Fortaleza, diminuiria as chances de Sarto concorrer.
André Fernandes (PL)
Militante da ala raiz do bolsonarismo, André Fernandes afirmou que “o povo está pedindo” sua candidatura ao Paço Municipal. Ele entende existir um anseio do eleitorado por uma figura nova de oposição, de corte conservador e que nunca tenha tentado o Executivo municipal antes. A esta análise se somam as críticas a Capitão Wagner que diz ouvir de eleitores. “Capitão Wagner é um 'traíra', foi contra o Bolsonaro, é antiarmamentista, está se juntando ao lado dos Ferreira Gomes, está fazendo parceria com o PDT, está sendo populista'… Então a gente tem que dar uma opção”, disse ao programa Pânico, da Jovem Pan.
Carmelo Neto (PL)
Secretário-geral do PL, Carmelo Neto quer ser candidato a prefeito de Fortaleza, conforme confessa em conversas de bastidores. Publicamente, ele diz que não é o momento adequado manifestações político-eleitorais. O senador Cid Gomes (PDT), líder do grupo ao qual Carmelo se opõe, disse que se o PL fosse inteligente, o indicaria para a disputa, em vez de Fernandes. Em resposta, Carmelo disse que o senador fez uma "leitura política" do alto da experiência de ex-prefeito de Sobral e ex-governador. Carmelo teve 118.603 votos na disputa à Assembleia, sendo o mais votado. Também mais votado à Câmara dos Deputados, Fernandes foi o preferido por 229.509 eleitores. A discussão, neste momento, pende a favor de Fernandes, mas Carmelo segue no páreo.
Priscila Costa (PL)
Apoiadora do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a vereadora de segundo mandato teve o nome citado pelo dirigente estadual da legenda e prefeito de Eusébio, Acilon Gonçalves (PL), como possível candidata ao lado de Carmelo e Fernandes. "Uma grande representante do povo de Deus", disse Acilon sobre Priscila em ato do PL em Maracanaú, no último dia 15, no qual a saudou como pré-candidata ao Executivo de Fortaleza.
Capitão Wagner (União Brasil)
Do alto de uma experiência de dois segundos turnos disputados, contra Roberto Cláudio e José Sarto (2016-2020), Capitão Wagner ensaia nova candidatura, crente que a avaliação de Sarto na cidade será mola propulsora de sua empreitada. Como tentou se eleger governador do Ceará em 2022, Wagner está sem mandato. Ocupa a secretaria de Saúde de Maracanaú, município de segunda maior arrecadação do Ceará. É uma forma de chegar à campanha e aos debates com um incremento no currículo, ou seja, com a possibilidade de dizer que tem experiência em administração municipal.
Célio Studart (PSD)
O deputado federal Célio Studart (PSD) afirmou que será candidato a prefeito novamente. Ele afirmou ao O POVO que sente grande otimismo no partido em razão do crescimento obtido na Câmara dos Deputados, o que faz querer aproveitar o crescimento nas capitais. Em 2020, Célio ficou em quinto lugar na corrida ao Executivo municipal, com 45.369 votos, atrás de Heitor Férrer (então no SD), de Luizianne Lins (PT), Capitão Wagner (então no Pros) e José Sarto (PDT).
Eduardo Girão (Novo)
Eleito senador da República em 2018, Eduardo Girão pode representar o Novo na corrida ao Paço Municipal, informou no podcast Jogo Político o colunista Guálter George. A direção do Novo confirmou que gostaria de tê-lo como uma alternativa para a cidade. Girão tenta se desvencilhar do chamado bolsonarismo, embora as pautas do ex-presidente e de seus militantes ganhem tração no seu discurso, à exceção do armamentismo. Ele apoiou Rogério Marinho, líder da oposição e ligado a Bolsonaro, para a Presidência do Senado Federal, após retirar sua candidatura.
Evandro Leitão (PDT)
Cotado para a disputa, Evandro Leitão lidera, ao lado de Cid Gomes, a ala do PDT que defende a aproximação com o PT de Camilo Santana e de Elmano de Freitas. A ideia é de que uma candidatura à Prefeitura de Fortaleza represente esse grupo. Evandro é próximo de Camilo Santana, foi líder de seu governo na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) e eleito presidente da Casa durante sua gestão. Nomes relevantes do Legislativo estadual já defenderam a tese, como Romeu Aldigueri (PDT), líder do governo Elmano, De Assis Diniz (PT), líder da bancada do PT e do grupo de José Guimarães, além de Júlio César Filho (PT), que foi líder do governo Camilo Santana e de Izolda Cela.
Augusta Brito (PT)
Atual senadora da República, Augusta Brito está no Congresso Nacional porque Camilo Santana (PT) assumiu o Ministério da Educação. Ela é a primeira suplente do ex-governador e uma de suas principais aliadas. Foi vice-líder de seu governo na Assembleia Legislativa. Augusta já foi prefeita de Graça por dois mandatos (2005-2013). O presidente do PT no Ceará, Antonio Alves Filho, o Conin, pediu que ela transferisse o domicílio eleitoral para Fortaleza, de modo que fosse mais uma alternativa.
Guilherme Sampaio (PT)
Presidente municipal do PT, Guilherme Sampaio disputou a condição de candidato em 2020, contra Luizianne Lins (PT). Ele é vereador de Fortaleza de cinco mandatos e atualmente exerce mandato na Assembleia Legislativa, como suplente em exercício. Sampaio já foi líder de Luizianne na Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor).
Larissa Gaspar (PT)
Larissa Gaspar foi eleita deputada estadual em 2022. É oriunda da Câmara Municipal, a partir de onde fez oposição à administração de José Sarto, na bancada petista.
Luizianne Lins (PT)
Ex-prefeita de Fortaleza, Luizianne foi candidata ao cargo em 2004, 2008, 2016 e 2020. São duas vitórias e duas derrotas. Em 2004, venceu Moroni Torgan na segunda parte da disputa. Foi eleita em primeiro turno em 2008, com 50,16% dos votos válidos. Em 2016, somou 15,06% dos votos válidos e, em 2020, 17,76%. Em 2012, ela não foi candidata porque estava no final do segundo mandato, quando escolheu Elmano de Freitas para a disputa. Roberto Cláudio foi eleito naquele ano. Luizianne conhece Elmano há mais de 30 anos e tem nele a esperança de que as discussões avancem em sua direção.
A possibilidade Psol
De maneira inédita, o Psol se vê indeciso sobre se terá ou não candidatura própria na eleição municipal. É a primeira vez que o partido integra a base de um governo estadual, com Adelita Monteiro na secretaria da Juventude. As teses em disputa são de lançar nome próprio de suas fileiras ou de apoiar a candidatura definida pela coalizão de Camilo e Elmano. Renato Roseno, deputado estadual, defende que o Psol lance um de seus quadros à corrida. "Sempre acho importante para o partido e para a cidade", disse ao O POVO em 13 de junho, frisando ser uma opinião pessoal. O Psol tem congresso estadual programado para os dias 16 e 17 de setembro, quando deve extrair posição referente a Fortaleza e outros municípios do Ceará.