Racha no PDT: Brizzi diz que André Figueiredo "está se achando" e com "poder acumulado"

Vereador classificou dirigente como arbitrário e arrogante

17:26 | Jun. 23, 2023

Por: Carlos Holanda
Vereador Júlio Brizzi (PDT): debate sobre a taxação precisaria ser realizado com mais tempo e responsabilidade (foto: Reprodução)

O vereador de Fortaleza Júlio Brizzi (PDT) fez duras críticas ao presidente nacional e estadual da sigla, André Figueiredo (PDT). Para ele, o deputado federal tem sido autoritário e arrogante na condução da legenda. "O presidente do partido, que é presidente nacional, presidente estadual, líder da bancada do PDT e líder do bloco lá no Congresso, agora se fechou num grupo e está tratando com uma certa hostilidade quem não estiver neste grupo", criticou Brizzi. E resumiu: "Está se achando".

Sobre o encontro regional do PDT, realizado em Fortaleza nessa quinta-feira, 22, o vereador avaliou que não se tratou de uma mobilização partidária, mas de um ato exclusivamente realizado por uma franja do PDT. "Um partido que era para estar mostrando força no Nordeste, num encontro como esse só mostra que está cada vez mais isolado. É uma pena."

O PDT atravessa momento de divisão em que Figueiredo, Ciro Gomes, Roberto Cláudio e José Sarto estão de um lado, com Cid Gomes e o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Evandro Leitão, do outro.

Cid e Evandro são aliados do ministro da Educação Camilo Santana (PT) e do governador Elmano de Freitas (PT). A coalizão de Camilo e Elmano deverá ter candidatura à Prefeitura de Fortaleza em 2024, ano em que o nome escolhido deverá medir forças com o provável candidato à reeleição Sarto. Ainda no PDT, Evandro é um dos cotados para a disputa, assim como a deputada federal e ex-prefeita Luizianne Lins (PT).

Cid e André Figueiredo estiveram reunidos nessa quinta-feira, antes do encontro do PDT no qual se previa a participação de Cid.

Após a reunião, Cid não foi ao encontro e recomendou que os adeptos de sua ala, entre deputados e prefeitos, fizessem o mesmo, como noticiou o colunista do O POVO Carlos Mazza. Sempre que a questão surge, o senador tem dito que não pretende sair da legenda, mas assumir seu comando estadual.

Figueiredo criticou o que chamou de "obsessão" de Cid pelo comando partidário e disse que, se necessário, irá ao "enfrentamento" contra o ex-governador. 

Juventude Socialista do PDT 

Conforme Brizzi, nessa quinta-feira, 22, Figueiredo saudou a militante Bárbara Imaculada como presidente da Juventude Socialista do PDT, sendo que Bruno Oliveira, segundo o pedetista, ocupa este cargo. "Uma pessoa boa, é uma menina boa, militante, mas não é a presidente. O Bruno Oliveira já é presidente da Juventude, e a juventude tem um estatuto. Ela tem uma autonomia, né? A própria juventude que escolhe seus membros", disse Brizzi.

E adicionou: "Como presidente nacional, está se achando, com o poder muito acumulado. Talvez está se achando com poderes que ele não tem, né? (...) Então, isso é mais um gesto negativo, autoritário e arbitrário que só faz desunir o partido. Eu lamento muito."

"Surpresa e indignação"

Presidente da Juventude Socialista do PDT, Bruno Oliveira afirmou ao O POVO que a saudação de Figueiredo à militante Bárbara Imaculada como presidente da Juventude Socialista causou "muita surpresa e indignação".

"A Juventude do PDT tem mais de 40 anos de existência e possui estatuto e organização própria, estando em praticamente todos os estados brasileiros com diretórios municipais, estaduais e direção nacional", afirmou Oliveira por escrito.

Oliveira afirma que os movimentos sociais do PDT têm autonomia estatutária, desde que sigam os princípios do PDT. "Pelo nosso estatuto, temos autonomia suprapartidária, apesar de ser fundado sob o espectro do trabalhismo pedetista de Brizola, dessa forma, nos organizamos internamente, sem a interferência de presidente municipal, estadual ou nacional", escreveu.

O POVO entrou em contato com André Figueiredo e Bárbara Imaculada e atualizará essa matéria assim que houver resposta.

Em resposta ao O POVO, Figueiredo afirmou que para ser líder de um bloco partidário, no caso dele o maior da Câmara, é preciso ser líder de uma bancada partidária. Figueiredo sucede Felipe Carreras (PSB-PE) e passará dois meses, assim como o antecessor.

"Em tese, o que deveria ser um orgulho para o PDT liderar o maior bloco da Casa, pelo menos para quem verdadeiramente é pedetista. Presidente nacional eu sou enquanto o Lupi for ministro. Eu sou vice-presidente, não sou presidente nacional, eleito e efetivo. Só sou presidente estadual eleito e é essa função que eu não vou, de forma alguma, abrir mão antes do encerramento do meu mandato que é em dezembro. Até lá a gente conversa."