André critica 'obsessão' de Cid por presidir PDT: 'Se não tiver unidade, vamos ao enfrentamento'

O deputado não escondeu que a crise se acentuou após reunião do PDT, na qual Cid e aliados não compareceram

11:52 | Jun. 23, 2023

Por: Júlia Duarte
ANDRÉ Figueiredo, presidente nacional e estadual do PDT, tem o apoio de Ciro Gomes e de Roberto Cláudio (foto: Samuel Setubal)

Presidente nacional e estadual do PDT, o deputado federal André Figueiredo, comentou na manhã desta sexta-feira, 23, a reunião que teve com o senador Cid Gomes (PDT), antes de este último cancelar sua ida ao encontro regional da sigla. Entre as pautas, esteve o desejo de Cid de assumir a presidência do diretório estadual, movimentação apoiada por grande parte dos deputados estaduais e prefeitos.

O deputado disse ter ressaltado ao senador que ele era "um grande líder" e era reconhecido na legenda como tal. Ele chamou de obsessão a busca pela presidência e mencionou falas de deputados na tribuna da Assembleia Legislativa (Alece) em defesa do cargo ser ocupado por Cid.

"Ele não precisa da presidência para ser o maior líder do PDT, não precisa. Ele foi por sete anos, desde que entraram em 2015 até 2022, o grande comandante dos pedetistas e eu nunca esperneei por isso porque reconheço nele essa grande liderança", disse.

"Não precisa essa obsessão", continuou, "de ocuparem a tribuna da Assembleia para dizerem só vai solucionar o racha se ele for presidente, acho que é equivocado, eu não tenho apego a essa função, mas é uma missão. Achar que o Cid como presidente vai pacificar o partido? Acho que é uma ideia equivocada, porque temos sequelas da eleição passada", afirmou.

O deputado comentou sobre partes das reunião e confirmou o diálogo sobre a presidência. "Olha senador, não precisa de presidência alguma para ser o grande líder, que todos reconhecem você ser. Ele é um grande líder terá sempre nosso respeito, agora essa obsessão pela presidência do partido é injustificável", justificou.

Foi discutida também a posição do partido de apoiar ou não o governador Elmano de Freitas (PT). Cid quer uma reaproximação, e o grupo de Ciro defende atuar na oposição. O deputado classificou como uma "situação desagradável". "Uma reunião que começou muito boa, mas que infelizmente, pela questão de ponto de vista que é apoiar o governador Elmano, que é divergente, está levando a gente, para uma situação desagradável", disse.

Era previsto que Cid participasse do evento na noite da quinta-feira, mas o senador cancelou a ida após a reunião. Conforme antecipou o colunista Carlos Mazzaalém de não ir, Cid orientou que deputados aliados também não fossem, o que se concretizou. Compareceram apenas nomes ligados ao ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, o ex-ministro Ciro Gomes e justamente Figueiredo.

O deputado não escondeu que a crise se acentuou após a movimentação e subiu o tom ao ponderar que, caso não haja unidade, haverá "enfrentamento" entre as alas. "O PDT vivencia um momento difícil e ontem se acentuou isso. Nós temos que lutar até o fim pela unidade, mas se não tiver unidade, o que a gente pode fazer? Vamos para o enfrentamento. Isso é ruim, não posso dizer que estou confortável com toda a situação", disse.

"Talvez seja melhor, digamos assim, resolver a situação cada um ir pro seu lado. Apoiar o governador Elmano, eles já podem apoiar, eu particularmente não tenho nada contra ele, gosto dele, mas o PDT não foi eleito", ressaltou. E teceu comparação com uma guerra e disse: "A virtude de um derrotado é saber reconhecer quem venceu, não aderir a ele".

Com informações do repórter Vitor Magalhães