Bolsonaro usou Estado de forma 'desavergonhada' para tentar reeleição, diz Lula na Itália

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, fez críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante sua viagem à Itália. Em entrevista à imprensa italiana, Lula afirmou que o antecessor usou o Estado de forma "desavergonhada" para tentar se reeleger.

Em 2022, o governo federal enviou e o Congresso aprovou uma proposta de emenda à Constituição (PEC) emergencial para conceder uma série de benefícios sociais, incluindo ajuda a taxistas e aumento do valor do Auxílio Brasil. A declaração de Lula é dada na véspera do julgamento de Bolsonaro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em ação que pode torná-lo inelegível por abuso de poder.

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"Nunca ninguém no Brasil usou o Estado de forma tão desavergonhada para tentar se eleger, distribuindo empréstimos para quem não poderia pagar, criando auxílios para taxistas que chegaram até a quem não tinha carteira de motorista", disse o Lula ao jornal Corriere della Sera, em entrevista publicada nesta quarta-feira, 21.

Diferentemente do que disse o presidente, não há registros de que o auxílio a taxistas tenha sido pago a quem não tenha carteira de motorista.

Lula também falou sobre os processos que Bolsonaro enfrenta na Justiça. O ex-presidente é alvo de inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) e nesta quinta-feira, 22, estará na mira do TSE. "Agora ele (Bolsonaro) responde na Justiça. Espero que ele tenha a presunção da inocência, direito de defesa e um julgamento justo", disse o presidente.

Impeachment de Dilma Rousseff

Na mesma entrevista, o petista voltou a defender a tese de que a ex-presidente da República Dilma Rousseff (PT) sofreu um "golpe" ao ser cassada pelo Congresso em 2016.

Na gestão de Lula, o termo passou inclusive a constar em publicações oficiais do governo.

Dilma, no entanto, foi alvo de um processo de impeachment no Congresso que foi, no julgamento final, supervisionado pelo então presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski. A petista foi condenada pela chamadas pedaladas fiscais, prática revelada pelo Estadão.

Ao ser questionado pelo jornal sobre governantes mulheres, Lula afirmou que o impeachment de Dilma foi machista. "Meu partido é presidido por uma mulher, a deputada Gleisi Hoffmann, e tenho orgulho de ter apoiado Dilma Rousseff, a primeira presidenta brasileira. O golpe que ela sofreu em 2016 teve também um forte componente machista", afirmou.

Lula se encontrou com o Papa Francisco nesta quarta. Em entrevistas, o líder máximo da Igreja Católica já defendeu o petista e criticou a forma como foi conduzida a investigação que o levou à prisão em 2019.

Lula foi condenado e preso por corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da Lava Jato, mas as sentenças foram anuladas por questões processuais.

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