Juíza manda para banco dos réus alto escalão do PCC que planejou sequestrar Moro
Veja quem são os denunciadosA juíza Sandra Regina Soares, da 9ª Vara Federal de Curitiba, colocou no banco dos réus os integrantes de uma quadrilha ligada ao PCC que planejou sequestrar o senador Sérgio Moro. Oito denunciados vão responder por crimes de organização criminosa e tentativa de extorsão mediante sequestro.
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A magistrada entendeu que há "prova da materialidade delitiva e indícios de autoria", destacando ainda que a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal contra os alvos da Operação Sequaz cumpre todos os requisitos para abertura da ação penal.
A ação penal se dá na esteira de ofensiva aberta pela Polícia Federal em março. O caso virou palco do primeiro embate político entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-juiz Sergio Moro após o retorno do petista ao Palácio do Planalto.
Foram colocados no banco dos réus: Janeferson Aparecido Mariano, o 'Nefo', suposto articulador do plano de sequestro de Moro; Claudinei Gomes Carias, o 'Nei', braço direito de 'Nefo'; os irmãos Herick da Silva Soares, 'Sonata', e Franklin da Silva Correa, 'Frank'; Aline de Lima Paixão, 'principal companheira' de 'Nefo'; Aline Ardnt Ferri, 'outra companheira' de 'Nefo'; Cintia Aparecida Pinheiro Melesqui; e Hemilly Adriane Mathias Abrantes.
Além destes, outros cinco denunciados também responderão por organização criminosa. Quatro são integrantes do "alto escalão' do PCC:
- Patrick Uelinton Salomão, o 'Forjado', integrante da 'Sintonia Final' do PCC, apontado como um dos líderes da facção nas ruas;
- Valter Lima do Nascimento, 'Guinho', 'diretamente vinculado ao traficante 'Fuminho', um dos maiores fornecedores de drogas para o PCC, é apontado como o responsável por planejar um ousado plano de resgate do chefão da facção, o Marcola, que envolvia o uso de aeronaves, blindados e metralhadoras;
- Reginaldo Oliveira de Sousa, vulgo RE, apontado como integrante das 'equipes' do PCC voltadas para os grandes assaltos de bancos e ataques contra a Polícia;
- Sidney Rodrigo Aparecido Piovesan, o El Sid ou Cid, também considerado um dos principais líderes da facção.
- Reginaldo Oliveira de Sousa ainda vai responder por posse ilegal de duas armas de fogo apreendidas durante a Operação Sequaz.
Denúncia
O Ministério Público Federal narra que os acusados constituíram uma organização criminosa 'que atuou com emprego de armas de fogo, com o objetivo de obter vantagens indevidas mediante a prática de crimes contra servidores e autoridades de segurança pública, especialmente delitos de extorsão mediante sequestro e homicídio qualificado'.
Segundo a Procuradoria, os denunciados seguiam ordens do PCC, que 'compartilhou ao menos parte de seus membros' com o grupo. "A investigação revelou efetiva participação de membros de alto grau hierárquico do PCC, para determinar à organização criminosa ora denunciada o planejamento e execução de atentados contra pessoas que desempenharam funções na área de segurança pública, inclusive na esfera federal", sustentou o órgão.
Com relação aos denunciados pela tentativa de sequestro de Sergio Moro, o MPF narrou que o planejamento do crime se deu em razão da 'função federal' do ex-ministro, 'com o fim de obter vantagem como condição do resgate, somente não consumando o delito por circunstâncias alheias às suas vontades'.
"Conforme apurado na presente investigação, os motivos do crime estão relacionados às medidas adotadas por Sérgio Moro enquanto Ministro da Justiça, mais precisamente a transferência de lideranças da facção criminosa Primeiro Comando da Capital para presídios federais de segurança máxima, bem como a proibição de visitas íntimas nesses presídios, para evitar a transmissão de ordens da alta hierarquia", afirmou o MPF.
De acordo com a Procuradoria, os denunciados buscavam não só 'concretizar vingança', mas também 'obter vantagens materiais com a prática do sequestro, desde a revogação dessas medidas adotadas pelo ex-ministro até a difusão de sensação de pânico generalizado na população civil e em autoridades públicas, diante do ataque direto àqueles que se dedicaram ao enfrentamento do crime organizado'.