Michelle teria pedido saques em dinheiro vivo a Mauro Cid

A defesa de Michelle nega que houve desvio de verba pública para atender os interesses pessoais da ex-primeira-dama

19:38 | Mai. 27, 2023

Por: Luíza Vieira
A política nega o uso de dinheiro público para benefício próprio (foto: Foto: Paulo Sérgio/Câmara dos Deputados)

Após a Polícia Federal (PF) apreender o celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), mensagens encontradas no aparelho expõem pedidos para saques em dinheiro vivo supostamente a pedido da então primeira-dama, Michelle Bolsonaro. 

As mensagens eram enviadas à Mauro Cid por duas assessoras de Michelle, Cintia Nogueira e Gisele Carneiro, que utilizavam o apelido "dama" ou a sigla "PD" quando faziam referência à atual esposa de Bolsonaro.

Mauro Cid está preso desde o último dia 3 de maio por suspeita de um esquema de falsificação de dados no cartão de vacina. 

Os advogados de Michelle alegam que as despesas dela eram custeadas por Bolsonaro, por meio dos recursos da conta pessoal do ex-presidente e negam a existência de desvio de verba pública para atender os interesses pessoais da ex-primeira-dama.

Veja: PF identifica depósitos de Mauro Cid para Michelle Bolsonaro

Conforme apontam os investigadores, as assessoras forneciam dados de contas para que fossem realizados os depósitos a terceiros, repassavam as ordens da primeira-dama para saques em dinheiro e solicitavam depósitos em espécie para a conta dela. 

O acesso às conversas só foi possível após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinar a quebra de sigilo do aparelho celular de Cid.

Depois de constatar a suspeita de desvio de recursos públicos, o ministro também aprovou a quebra do sigilo bancário de Mauro Cid e de outros funcionários do Planalto. 

A Polícia Federal encontrou, inicialmente, um conjunto de 13 comprovantes de depósitos em dinheiro vivo realizado pelo tenente-coronel para a conta de Michelle. As transações foram realizadas entre março e agosto de 2021 e totalizaram R$ 21.500.

A apuração analisa atualmente a quebra do sigilo bancário para identificar as transações realizadas entre os anos de 2019 e 2022, durante o governo Bolsonaro.

A investigação inicial da PF identificou que, entre março e outubro de 2021, as assessoras de Michelle solicitaram dez saques de dinheiro em espécie a Mauro Cid, totalizando cerca de R$ 5.600. 

Nas conversas, as assessoras da então primeira-dama ordenam prestação de contas para serviços de interesse pessoal, tais como costureira, podóloga e veterinário. Elas também solicitam depósitos mensais para Rosimary Carneiro, titular do cartão de crédito utilizado por Michelle, e para familiares da então primeira-dama. 

"O conjunto probatório colhido durante o estudo do material apreendido (inclusive o contido em nuvem) permite identificar uma possível articulação para que dinheiro público oriundo de suprimento de fundos do governo federal fosse desviado para atendimento de interesse de terceiros, estranhos à administração pública, a pedido da primeira-dama Michelle Bolsonaro, por meio de sua assessoria, sob coordenação de Mauro Cid", consta no relatório da parcial da investigação, elaborado pela PF. 

 

A PF identificou depósitos feitos por Cid à conta de Michelle. Durante o governo Bolsonaro, era ordenado que as despesas da primeira-dama fossem pagas em dinheiro vivo, contudo, Mauro Cid demonstrou preocupação, uma vez que o caso poderia ser caracterizado como "rachadinha", semelhante à acusação feita contra o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). 

Além disso, uma empresa contratada na Codevasf fez repasses a um funcionário da Ajudância de Ordens que ficava responsável por sacar dinheiro em espécie para pagar despesas de Michelle.