Sérgio Moro diz que cassação de Dallagnol é culpa de Lula e do PT

O senador diz que governo e PT sustentam a continuidade da polarização

17:45 | Mai. 19, 2023

Por: Luíza Vieira
Senador Sergio Moro (União Brasil) (foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro da Justiça, o senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) colocou sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a responsabilidade da cassação do mandato do deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR), determinada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na última terça-feira, 16. O Partido dos Trabalhadores (PT) moveu uma ação contra Deltan, que foi coordenador da Lava Jato.

"No fundo, eu coloco a culpa no governo, porque o PT e o governo vêm construindo esse clima no Brasil de continuidade da polarização. Então, o tribunal aplicou a lei, acho que fez uma interpretação incorreta da lei, não a melhor. Mas, no fundo, é esse contexto de cassação, de ameaça, de censura, isso não faz bem para o país", relatou o senador à Folha de S.Paulo.

Moro disse que respeita os tribunais, o TSE, os ministros e o entendimento deles, porém, acredita que o caso precisa ser discutido nos meios recursais próprios. Ele disse ainda que o contexto de perseguição à oposição não pode ser ignorado, visto que a ação contra Deltan foi movida pelo PT.

"Não tem motivo para comemorar. O governo tem insistido na polarização como estratégia política, que é a mesma estratégia que se criticava no governo anterior. Então, o que mudou? Mudou apenas o chicote de mão? Ou a gente vai trabalhar realmente para construir um país que é para todo mundo e vamos respeitar as divergências políticas?", indagou.

Moro afirma que a cassação do mandato de Dallagnol não é algo que o preocupa e relatou estar tranquilo no que se refere ao próprio mandato, haja vista que, ao final do ano passado, a Corte, por unanimidade, manteve a validade de sua candidatura.

"Estou muito tranquilo. O direito e os fatos estão a meu favor. Existem duas ações no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Paraná, ao meu ver, absolutamente improcedentes (tratam de acusação de caixa 2 e de abuso de poder econômico). E o TSE, em dezembro do ano passado, por decisão unânime, manteve minha candidatura", argumentou.

Quando questionado se os aliados do governo articularam a favor da cassação, Moro pontuou que não poderia comentar sobre algo que está fora do seu entendimento. "Eu não posso comentar sobre fatos que eu não conheço. Eu vi a decisão. E esse clima provocado pelo governo Lula que favorece a perseguição da oposição dificulta até que uma decisão como essa, que é controvertida, seja bem acolhida".