Guimarães é mais Lira do que Lula, diz Eunício
Líder do governo Lula respondeu dizendo que não pode "perder tempo com coisas pequenas"O deputado federal Eunício Oliveira (MDB) voltou a criticar a articulação política do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com o Congresso Nacional. O emedebista centrou fogo sobretudo no "pilar cearense" da coordenação política, o também deputado federal José Guimarães (PT), líder de Lula na Câmara. Eunício sugere que o petista é mais próximo de Arthur Lira (Progressistas-AL), presidente da Câmara, do que do presidente da República.
"Temos o deputado Guimarães, que é do PT. E dizem lá dentro da Casa que é mais lirista do que lulista. Por causa do tal do orçamento secreto", disse Eunício.
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O dirigente do MDB do Ceará afirmou em entrevista ao programa O POVO no Rádio, da Rádio O POVO CBN, que Guimarães teria liderança tão somente entre os colegas de PT, respaldo que não se estenderia às legendas de outros estratos ideológicos da Casa, compostos por partidos do centro à extrema-direita que não têm identificação automática com o governo.
Eunício então afirmou que o "Congresso está sem lideranças", pois, assim como Guimarães, os outros nomes da linha de frente política não refletem a extensão da coalizão com a qual Lula se elegeu: o secretário de Relações Institucionais (SRI), Alexandre Padilha, é do PT, assim como Guimarães; Randolfe Rodrigues é da Rede Sustentabilidade, partido que atua em federação com o Psol.
O emedebista disse aos jornalistas Jocélio Leal e Juliana Mattos Brito que falou a respeito da precariedade da articulação política com Jaques Wagner, líder do PT no Senado, com Randolfe Rodrigues e com Padilha. Menos com Guimarães, "pois ninguém tem mais acesso a ele, então não dá para conversar".
"Altivez da derrota"
Eunício ironizou fala de Guimarães na tribuna da Câmara, na votação do projeto de decreto legislativo que derrubou decretos de Lula sobre o Marco Legal do Saneamento Básico, no último dia 3 de maio. "Líder de governo não é para subir na tribuna e dizer 'prefiro a altivez da derrota' do que o rastejo político das alianças para aprovar um projeto de interesse de País como é o projeto do Saneamento Básico." O argumento de Eunício é de que líder de governo constrói vitórias nos corredores do parlamento, em conversas reservadas, não em discursos na tribuna.
Confira a fala de Guimarães na íntegra
"O Governo, Presidente, encaminha o voto 'não', por uma razão muito simples: aqueles que estão encaminhando o voto 'sim' não aceitaram o diálogo. Eu mesmo procurei V.Exa. e sei as razões pelas quais V.Exa. teve que pautar o PDL. Não é assim a relação. Sempre o diálogo deve presidir as relações políticas aqui dentro. Se isso vale para a Oposição e o Governo, imaginem para as Lideranças do próprio Governo! Segundo, Presidente, é uma vitória de Pirro. Isso não tem importância nenhuma. Aqueles que querem comemorar... Em alguns momentos na política, Presidente, eu prefiro a altivez da derrota à rendição", afirmou Guimarães conforme a taquigrafia da Câmara dos Deputados.
Outro lado
Em nota enviada ao O POVO por meio da assessoria, Guimarães afirmou que os esforços políticos do governo Lula estão voltados para a aprovação de duas matérias, o novo regime fiscal e a reforma tributária, razão pela qual "não podemos perder tempo com coisas pequenas".
"O país precisa de grandeza política e união de todos para reconstruirmos essa nação que foi destruída, desde o momento que foi dado o golpe contra Dilma e depois nos quatro anos de desastre do governo Bolsonaro”, afirmou Guimarães, recordando da deposição da ex-presidente impedida quando Eunício era líder do MDB (partido que comandou a cassação dela) no Congresso.