Cid diz não estar rompido com Ciro, mas não tem mesma convicção sobre RC

Senador diz que, do ponto de vista familiar, aguarda oportunidade de discutir o problema com o irmão, internamente. Sobre Roberto Cláudio, questiona os passos depois da eleição

O senador Cid Gomes (PDT) disse que não está rompido com o irmão, o candidato do PDT nas últimas eleições presidenciais, Ciro Gomes. Ele reconheceu divergências sobre as últimas eleições, disse que não tratará publicamente de problemas familiares e afirmou que ainda aguarda o momento de tratar sobre isso com o irmão. Já sobre se ainda tem como aliado o ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT), Cid não demonstrou igual certeza.

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A jornalista Kézya Diniz, no programa Conexão Assembleia, na FM Assembleia. perguntou se o senador está rompido com Ciro. A resposta veio sem pestanejar: "Não, claro que não, claro que não". E fez elogios ao ex-governador do Ceará e ex-ministro. "Continuo admirando o Ciro e considerando o Ciro o homem mais preparado do Brasil", disse, em entrevista na manhã desta segunda-feira, 8.

Porém, ao ser indagado sobre se Roberto Cláudio hoje é um ex-aliado, Cid respirou fundo. "Bom, você vê que eu já não falo com tanta segurança", disse.

O senador lembrou que conviveu muito com Roberto Cláudio, que foi candidato a governador do Ceará no ano passado e ficou na terceira colocação. Cid não considera que a aliança entre os dois tenha sido afetada até a eleição, mas depois dela. "Não até o dia 3 de outubro (o 1º turno foi no dia 2), mas o depois me fez pessoalmente ficar com o pé atrás", disse Cid.

Apesar disso, ele aponta: "Meu conceito sobre a inteligência, o preparo, a dedicação e a competência não mudou em nada não. É uma pessoa preparada", reconheceu sobre Roberto Cláudio.

Ciro abandonado

A respeito de Ciro, ele não considera que o atual desentendimento seja diferente de outros momentos nos quais eles se posicionaram de forma diferente em eleições — com em 2008 em Fortaleza, quando Cid apoiou a reeleição de Luizianne Lins (PT) e Ciro fez campanha por Patrícia Saboya, hoje conselheira do Tribunal de Contas do Estado (TCE). "Para mim, é a mesma coisa", diz Cid.

O senador tem a avaliação de que a estratégia eleitoral foi resultado da convergência entre o sentimento de Ciro e o desejo de Roberto Cláudio de vigar governador. "Eu penso que o Ciro foi ficando indignado com o abandono que ele teve, inclusive de gente do partido; e talvez até tenha achado que eu ia abandonar". E completou: "A ambição legitima do Roberto Cláudio se juntou a esse sentimento meio que de abandono do Ciro".

Cid diz que estava conversando pouco com o irmão quando as articulações eleitorais se desenrolavam. Ele atribui isso às agendas corridas de ambos. "Mas, na minha cabeça, era o que a gente sempre fez. Ele cuida das questões nacionais e eu cuidava aqui das coisas aqui no Estado", considera.

O senador aponta que, quando a estratégia era tocada dessa forma, os resultados foram melhores para Ciro. "Sempre na preocupação, em todas as candidaturas do Ciro, mesmo ele sendo terceiro e até quarto lugar (no âmbito nacional), em outras anteriores, no Ceará ele foi o primeiro. Claro que é a liderança dele em primeiro lugar, mas ele vinha duas vezes aqui no Ceará, era eu que estava no dia a dia". Na eleição de 2022, Ciro ficou na terceira colocação no Ceará.

Cid era partidário da manutenção da aliança com o PT e com Camilo. Isso significava apoiar a reeleição de Izolda Cela, que estava no PDT e havia assumido o governo com a desincompatibilização de Camilo.

Na avaliação do senador, a composição com o PT, embora com o palanque presidencial dividido com Luiz Inácio Lula da Silva, talvez fosse melhor para Ciro. "Eu acho que essa estratégia de a gente ter um nome apoiado pelo PT embaralharia o nosso palanque. A coordenação seria na expectativa de poder, era natural que se concentrasse no PDT. Isso nos permitiria até ter uma atuação no meio da política que ajudasse mais a performance do Ciro".

Cid considera que o resultado eleitoral lhe deu razão. "A divergência de estratégia, de opinião, de visão do encaminhamento aqui, para mim acho que o tempo já se encarregou de mostrar". Mas pontuou: "Eu não quero ser o dono da verdade, não".

Ciro e Roberto Cláudio achavam, conforme reconstitui o senador, que a candidatura do ex-prefeito de Fortaleza, ainda que sem o apoio do PT, seria melhor para a candidatura presidencial do partido. "Infelizmente, isso não é mais avaliação, é história, não foi isso que aconteceu", disse Cid.

Ele, inclusive, esperava admissão do equívoco político. "Sinceramente, eu achava que, passadas as eleições, os dois viriam me dizer: "Rapaz, você estava com a razão", afirmou, sobre Ciro e Roberto Cláudio.

Do ponto de vista familiar, ele diz que ainda aguarda a ocasião para falar com Ciro a respeito. "Problema familiar se resolve dentro de casa; e eu aguardo pacientemente a oportunidade de a gente discutir isso".

 

 

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