Deputado postou foto tirada em Brasília no dia em que foi 'vacinado' em Duque de Caxias, diz PF
O deputado Gutemberg Reis, alvo de buscas da Operação Venire assim como o ex-presidente Jair Bolsonaro, entrou na mira da Polícia Federal após investigadores levantarem três indícios de fraude em sua carteira de vacinação, a começar pelo fato de o registro de sua imunização contra a covid-19 ter sido lançada no sistema do Ministério da Saúde pela mesma servidora que excluiu dados de suposta vacinação do ex-chefe do Executivo da plataforma.
De acordo com os dados do SUS, Gutemberg teria sido vacinado pela primeira vez contra a covid-19 no dia 16 de junho de 2022. Já a segunda dose teria sido aplicada em 18 de novembro do mesmo ano. Ambas as imunização teriam ocorrido no Centro Municipal de Saúde de Duque de Caxias.
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Também chamou atenção da PF a vacinação exclusiva do deputado. Segundo a corporação, o servidor em tese responsável pela aplicação do imunizante no deputado somente vacinou no dia em que Oliveira tomou a primeira dose.
Além disso, no dia em que o parlamentar teria sido vacinado, ele fez diversas publicações nas redes sociais, afirmando que passou a semana em Brasília. Um dos posts consta uma foto de Oliveira ao lado do ex-ministro da Justiça Anderson Torres - atualmente preso por suposta omissão ante os atos golpistas de 8 de janeiro.
No entanto, os dados das duas vacinações só foram inseridos no sistema do Ministério da Saúde na data de aplicação da segunda dose, pela servidora Claudia Helena Acosta Rodrigues da Silva. Ela é chefe da Central de Vacinas de Duque de Caxias e, no dia em que a Venire foi deflagrada, ela foi conduzida à sede da Polícia Federal no Rio para prestar esclarecimentos.
A ligação entre Claudia e a vacinação de Gutemberg Oliveira, junto dos demais indícios colhidos pela corporação, fez a Polícia Federal suspeitar do envolvimento do deputado com uma suposta 'associação criminosa para a prática dos crimes de inserção de dados falsos de vacinação contra a covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde, em benefício de várias pessoas ligadas ao círculo próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro e do seu então chefe da Ajudância de Ordens, Mauro Cid.
As suspeitas levaram a PF a bater à porta de Gutemberg. A Operação Verine também fez buscas no gabinete do parlamentar em Brasília. A Procuradoria Geral da República não encampou o pedido da PF para fazer buscas contra o deputado, que pediu votos para o ex-presidente Jair Bolsonaro na eleição de 2022.
Ao analisar o caso, o ministro Alexandre de Moraes considerou que estavam presentes os requisitos para autorizar as buscas, diante dos indícios de ocorrência do delito de peculato eletrônico - 'inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da administração pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano' - que tem pena de reclusão de dois a doze anos, e multa.
COM A PALAVRA, O DEPUTADO
Em nota, o deputado afirmou que "recebeu todas as doses da vacina, incentivou, por meio das redes sociais, a imunização da população e colocou sua carteira de vacinação à disposição". Reis disse ainda estar "tomando conhecimento dos detalhes das investigações da Operação Venire".
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