PF diz que adulteração de cartões de vacinação foi para burlar sistemas do Brasil e dos EUA

Bolsonaro diz que não foi solicitado a ele mostrar documento de vacinação no exterior

A Polícia Federal (PF) apontou que a falsificação de documentos de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de assessores teria como motivo burlar restrições sanitárias no Brasil e nos Estados Unidos. O ex-mandatário e integrantes de seu círculo, como seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, foram alvo de operação na manhã desta quarta-feira, 3.

O entendimento da PF foi corroborado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) em decisão que autorizou o cumprimento de mandados de busca e apreensão, além de seis mandados de prisão. “Com isso, tais pessoas puderam emitir os respectivos certificados de vacinação e utilizá-los para burlarem as restrições sanitárias vigentes imposta pelos Poderes Públicos (Brasil e Estados Unidos) destinadas a impedir a propagação de doença contagiosa, no caso, a pandemia de covid-19”, diz a PF.

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Segundo os agentes, um dos episódios envolveu dois assessores do ex-presidente, Max Guilherme Machado de Moura e Sergio Rocha Cordeiro, que teriam que acompanhar Bolsonaro para os Estados Unidos. “Para isso, necessitavam do certificado de Vacinação contra a Covid-19, assim como a necessidade de MAURO CESAR CID e sua esposa, GABRIELA CID, em obterem um certificado de vacinação para atenderem ao requisito de entrada nos Estados Unidos”, afirma ainda a corporação.

A PF considera ainda a constituição de uma “associação criminosa” para um “fim comum”, de fraudar comprovantes em benefício de “várias pessoas ligadas ao círculo próximo do ex-Presidente da República e do seu ENTÃO chefe da Ajudância de Ordens”. “As inserções falsas tiveram como consequência a alteração da verdade sobre fato juridicamente relevante, qual seja, a condição de imunizado contra a Covid-19 dos beneficiários”, ressalta a investigação.

PF destaca que as datas de emissões dos certificados foram nos dias ou em datas próximas das viagens internacionais entre o Brasil e os Estados Unidos e seriam realizadas “pelos assessores para acompanharem o ex-presidente da República JAIR BOLSONARO em sua estadia na cidade de Orlando, na Florida, Estados Unidos”. O ex-mandatário deixou o Brasil em 30 de dezembro, quando ainda era presidente do Brasil.

Em entrevista à Jovem Pan, Bolsonaro, no entanto, afirma que não foi pedido a ele a apresentação de comprovante de vacinação. “O tratamento dispensado a chefe de Estado é diferente do dispensado a cidadão comum. Tudo é acertado antecipadamente e [em] minhas idas aos Estados Unidos, em nenhum momento foi exigido o cartão vacinal. Então, não existe fraude da minha parte no tocante a isso”, disse.

Conforme o Center for Disease Control and Prevention (CDC), que lida com medidas sanitárias nos Estados Unidos, prevê uma lista de exceções à necessidade de apresentar comprovante. Entre elas, estão "pessoas em viagens diplomáticas ou oficiais de governos estrangeiros", o que resguardaria Bolsonaro. A filha do ex-presidente, que também, segundo a PF, teria os dados aulterados também se encaixaria em uma exceção por ser menos de 18 anos.

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