Entenda a operação da PF contra Bolsonaro por suspeita de fraude sobre vacina
Presidente e esposa são acusados de serem beneficiários da adulteração de sistemas oficiais do Ministério da Saúde, de modo que constassem como vacinados contra a covid-19
12:32 | Mai. 03, 2023
A Polícia Federal (PF) cumpriu na manhã desta quarta-feira, 3, mandados de busca e apreensão em endereço do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de prisão contra seis pessoas.
O que é investigado
A Operação Venire investiga suposta atuação de associação criminosa constituída para inserção de dados falsos a respeito da vacinação contra a covid-19 nos sistemas SI-PNI e RNDS do Ministério da Saúde, explica a Polícia Federal em nota publicada no site da instituição. Venire significa "vir contra seus próprios atos", sugerindo contradição entre o discurso antivacina e a suposta manipulação de sistemas oficiais de modo a atestar quadro oposto - de vacinado.
Como teria ocorrido a fraude
A Polícia Federal diz que as inserções no sistema teriam sido feitas com objetivo de que os beneficiários do crime pudessem viajar aos Estados Unidos - com certificados de vacinação emitidos —, de modo a burlar restrições existentes nos dois países. A inclusão dos dados inverídicos teria acontecido entre novembro de 2021 e dezembro de 2022.
"As inserções falsas, que ocorreram entre novembro de 2021 e dezembro de 2022, tiveram como consequência a alteração da verdade sobre fato juridicamente relevante, qual seja, a condição de imunizado contra a Covid-19 dos beneficiários", afirma o documento.
E adiciona: "Com isso, tais pessoas puderam emitir os respectivos certificados de vacinação e utilizá-los para burlarem as restrições sanitárias vigentes imposta pelos poderes públicos (Brasil e Estados
Unidos) destinadas a impedir a propagação de doença contagiosa, no caso, a pandemia de covid-19."
Ainda conforme a nota da PF, os fatos investigados configurariam infração de medida preventiva, associação criminosa, inserção dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores, uma vez que a filha mais nova do presidente, de 12 anos, também teria tido o cadastro de vacinação adulterado.
Presos
As prisões ganham relevo político por envolverem assessores próximos do ex-presidente, como o tenente-coronel Mauro Cid Barbosa, ex-ajudante de ordens do ex-presidente, Max Guilherme, policial militar, e o capitão do Exército Sérgio Cordeiro, membro da equipe de segurança do ex-mandatário. Também recebeu mandado de prisão o secretário municipal de Governo de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha.
O que diz Bolsonaro
O ex-presidente deve depor à PF a partir de 10 horas. Na saída de sua casa, à Jovem Pan News, ele afirmou que jamais tomou a vacina e não tem ou teve qualquer interesse de fazer constar informação oposta oficialmente, ou seja, nos sistemas do Ministério da Saúde. Conforme Bolsonaro, Michelle, sua esposa, tomou o imunizante da nos Estados Unidos, ao contrário da filha caçula.
Veja quem são os alvos de mandados de busca e apreensão:
- Jair Bolsonaro
- Michelle Bolsonaro
- Ailton Gonçalves Moraes Barros
- Camila Paulino Alves Soares
- Claudia Helena Acosta Rodrigues da Silva
- Eduardo Crespo Alves
- Farley Vinicius Alcântara
- Gabriela Santiago Ribeiro Cid
- Gutemberg Reis de Oliveira
- João Carlos de Sousa Brecha
- Luis Marcos dos Reis
- Marcello Moraes Siciliano
- Marcelo Costa Camara
- Marcelo Fernandes de Holand
- Max Guilherme Machado de Moura
- Sergio Rocha Cordeiro
Seis pessoas foram presas. Os nomes de quatro foram divulgados:
- tenente-coronel Mauro Cid Barbosa, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro
- Max Guilherme, policial militar e segurança de Bolsonaro
- capitão do Exército Sérgio Cordeiro, segurança de Bolsonaro
- João Carlos de Sousa Brecha, secretário municipal de Duque de Caxias (RJ)