Bolsonaro diz à PF que postou vídeo sem querer e admite derrota para Lula como "fato consumado"
Ex-presidente disse que estava no hospital com obstrução intestinal e sob efeito de medicamento
12:42 | Abr. 26, 2023
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), no depoimento à Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira, 26, disse que o vídeo que questionava o resultado das eleições, publicado por ele em 10 de janeiro, foi postado sem querer no Facebook. A publicação trazia informações falsas e questionamentos sobre o resultado das eleições de 2022.
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No depoimento à PF, ele disse que pretendia enviar o vídeo a si mesmo, pelo Whatsapp, mas acabou compartilhando por engano. A veiculação ocorreu dois dias após os ataques golpistas. Bolsonaro apagou o vídeo em seguida.
Segundo relato do ex-secretário de comunicação social da Presidência e atual assessor de imprensa de Bolsonaro, Fábio Wajngarten, o ex-presidente disse à PF que estava sob efeito de medicamentos quando fez postagem. Bolsonaro estaria se recuperando de um "tratamento com morfina". O ex-presidente reconheceu que a veiculação foi feita de "forma equivocada".
"Este vídeo foi postado na página do presidente no Facebook quando ele tentava transmiti-lo para o seu arquivo de WhatsApp para assisti-lo posteriormente. Por acaso, justamente, neste período o presidente estava internado em um hospital em Orlando", afirmou Wajngarten.
"Justamente no período entre o dia 8 e o dia 10 ele teve uma crise de obstrução intestinal, foi internado, submetido a tratamento com morfina, ficou hospitalizado e só recebeu alta na tarde do dia 10. Essa postagem foi feita de forma equivocada tanto que duas horas depois ele foi advertido e retirou a postagem", disse.
O ex-ministro negou ainda que a postagem tenha sido feita pelo vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do ex-presidente e que administrava as redes sociais do pai. "Não foi (Carlos Bolsonaro). O metadado do Meta (empresa dona do Facebook) indicará isso", afirmou. Carlos disse neste mês que deixará as redes sociais do pai.
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Além disso, segundo a rádio CBN, Bolsonaro pediu que constasse no depoimento que ele considera o resultado eleitoral, que deu vitória ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre ele, é fato consumado.
O advogado de Bolsonaro, Paulo Cunha Bueno, afirmou ainda que o ex-presidente "em momento algum" questionou o resultado eleitoral.
"O presidente (Bolsonaro), quando saiu de férias, tratou a eleição como página virada. Então, em momento algum você vai encontrar alguma declaração dele declinando que a eleição foi fraudada. Em momento algum isso foi falado", argumentou.
O ex-presidente se recusou a responder a outras questões e não falou sobre a minuta golpista, apreendida na residência do ex-ministro Anderson Torres. A defesa disse que ele está à disposição para falar de outros assuntos relacionados ao 8 de janeiro em outro depoimento. Bolsonaro foi ouvido por aproximadamente três horas.
Está foi a segunda vez que Bolsonaro depôs à PF. Na primeira declaração dada aos policiais no início deste mês, Bolsonaro teve de explicar o motivo de ter pressionado e deslocado ministros de seu governo para ter acesso a joias ilegais retidas pela Receita Federal.
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