Exército deve ser 'apolítico, apartidário, imparcial e coeso', diz comandante da Força

No dia em que se celebra o Dia do Exército, o comandante da Força, general Tomás Paiva, voltou a defender que as Forças Armadas devem atuar em defesa da democracia. Na Ordem do Dia lida durante solenidade no Quartel-General do Exército, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o comandante afirmou que o Exército deve atuar de forma apolítica.

"O Exército imortal de Caxias, instituição de Estado, apolítica, apartidária, imparcial e coesa, integrada à sociedade e em permanente estado de prontidão, completa 375 anos de história", diz o texto da Ordem do Dia. "Sua existência está alicerçada em valores e tradições, bem como comprometida com a defesa da Pátria, da independência, da República e da democracia".

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Na Ordem do Dia expedida nesta quarta-feira,19, o comandante do Exército defendeu a necessidade de a corporação se manter comprometida com a defesa da democracia e buscar a modernização diante de "um mundo cada vez mais complexo".

Conforme manda o regramento desse tipo de cerimônia, Lula não discursou, mas condecorou as organizações das Forças Armadas com a Ordem do Mérito.

A participação do presidente nas comemorações do Dia do Exército é de praxe, mas Lula tem usado os eventos militares numa tentativa de se aproximar dos oficiais e das tropas por eles comandadas.

O périplo de Lula pelas Três Forças para prestigiar os militares começou no dia 15 de março, quando ele visitou o comando da Marinha e almoçou com os oficiais da força marítima depois de ter passado as tropas em revista. No encontro, o presidente tratou com os almirantes a situação orçamentária da Força.

Oito dias após a reunião com os oficiais da Marinha, Lula visitou o complexo naval em Itaguaí (RJ), onde são feitas as pesquisas do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (ProSub). Ao lado da primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, ele posou para fotos com marinheiros e disse que investimentos em defesa fortalecem a economia, no que foi considerado mais um gesto de valorização às três Forças.

A relação do governo Lula com os militares começou fragilizada pela atuação do ex-comandante do Exército Júlio César de Arruda após a crise dos acampamentos golpistas em frentes aos quartéis em todo o País. O general se recusou a ordenar a desmontagem do acampamento em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília. As instalações acabaram funcionando como ponto de concentração dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que participaram da tentativa de golpe em 8 de janeiro ao invadir as sedes dos Três Poderes.

Lula, então, decidiu substituí-lo pelo general Tomás Miguel Ribeiro Paiva. Até aquele momento, o presidente havia adotado o critério de antiguidade no serviço militar para fazer as nomeações dos comandantes das Forças Armadas em seu governo. Tomás se credenciou ao posto de comando pelas falas legalistas em defesa da democracia, mas teve sua relação com o Palácio do Planalto estremecida após vazar áudios em que descreveu como "indesejada" a vitória de Lula nas eleições do ano passado.

Além de Lula, compareceram ao Quartel General do Exército o ministro da Defesa, José Múcio, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, o procurador-geral da República, Augusto Aras e deputados, como a bolsonarista Sílvia Waiãpi (PL-AP).

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