Após derrota de Marina, cúpula cearense da Rede defende "unificação do partido"

A ambientalista Cindy Carvalho e o militante do setor Elo da Pessoa com Deficiência, Claudio Cariri, são os novos porta-vozes na Rede no Ceará

A disputa pela liderança da Rede Sustentabilidade, marcada pela derrota da ministra Marina Silva, resultou na escolha dos novos porta-vozes cearenses da sigla, a ambientalista Cindy Carvalho e o militante do setor Elo da Pessoa com Deficiência, Claudio Cariri, que agora pregam a unificação do partido. O V Congresso da Rede Sustentabilidade foi realizado no Hotel San Marco, em Brasília, durante os dias 14 e 16, e teve como principal objetivo discutir os rumos que a sigla deve tomar. Foi decidido, entre os delegados, que o partido seguirá linha programática de esquerda, dialogando, dessa forma, com o governo Lula (PT).

De acordo com Cindy Carvalho, a sigla dialogou com todos os seus filiados e movimentos sociais e, por meio de conferências municipais, o partido decidiu apoiar a Tese Rede Vive pela Base. Ela acrescenta que, com a nomeação de Heloísa Helena como porta-voz federal da Rede, a sigla não sofrerá tanto impacto. “No Ceará, não teremos impacto nenhum com o comando, até porque defendemos e apoiamos a nova direção. Heloísa e Wesley foram reconduzidos por unanimidade de todos nossos delegados e delegadas aqui no Ceará”.

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Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, por sua vez, lamentou o resultado e desabafou durante o discurso: “Saio daqui sangrando”. A ministra apoiou a ex-deputada federal Joênia Wapichana e Giovanni Mockus, ex-porta-voz da Rede em São Paulo, enquanto o senador Randolfe Rodrigues esteve ao lado de Heloísa Helena e Wesley Diógenes.

Após a derrota, Marina reclamou dos ataques sofridos e utilizou a figura de um “bisão”, um bovino de grande porte, sendo atacado por leões por todos os lados para representar o sentimento após o resultado."Ele é muito forte, muito grande, mas ele morreu. Neste momento, saio daqui sangrando”, relatou.

Cindy e Cláudio pontuam que, ainda que a ministra não tenha vencido a disputa, continua sendo “a mantenedora de sonhos” do partido. “Heloísa, Randolfe e Wesley são lideranças fortes que têm o nosso total respeito, assim como Marina. Para nós isso está tranquilo, foi uma disputa interna. E como todas as disputas, sempre irão ter dois lados, alguém terá que ganhar, é normal dos processos”.

Na votação, Heloísa e Diógenes obtiveram 234 votos, enquanto Joênia e Giovanni conquistaram 165.

A ambientalista afirma que, no momento, a Rede apoiou a atual direção (Heloísa e Giovanni) por entender que um partido “precisa valorizar a sua base”. “É através da base que se constrói toda a extensão partidária. Os nossos quadros são muito importantes para nós, mas nenhum filiado à Rede é melhor que o outro, estamos todos buscando o mesmo objetivo, que é o crescimento do partido tanto no nosso Estado, tanto a nível nacional”, pontuou.

De acordo com Toinha Rocha, diretora estadual da Rede, é importante que haja disputa, visto que a sigla dialoga, desde então, com a esquerda. “Houve disputa pela primeira vez na Rede e isso é importante, é necessário em um partido de esquerda. E tivemos debates calorosos e que até deixaram feridas de ambos os lados. Vamos agora trabalhar pela unidade do partido e fortalecer para as eleições municipais de 2024”, pontuou. Ela acrescentou que, após o processo eleitoral interno, os elos das Mulheres, Negritude, Juventude, LGBTQIA+ e Povos Originários foram fortalecidos. 

Segundo a diretora estadual da sigla, o partido seguirá uma linha programática de esquerda, logo, é necessário que os integrantes deixem as vaidades de lado. “Somos um partido de esquerda e temos que deixar as vaidades de lado. Já foi composto o diretório e agora é seguirmos nesta construção. Marina Silva é nossa maior liderança e saberá, junto com Heloísa, lamberem suas feridas, porque o futuro e o desafio que nos espera é bem maior que qualquer diferença”, finalizou.

Em suas redes sociais, Heloísa agradeceu o apoio e afirmou que ainda está “lambendo as muitas dolorosas feridas do combate tão desigual”, todavia, “as cicatrizes ensinam a seguir em frente”. “A prioridade agora é unir o partido, sem supremacia de nenhum dos dois grupos, contribuir com novos e melhores caminhos para o Brasil e organizar a travessia eleitoral em 2024”, escreveu.

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