Em audiência na Câmara, Camilo diz estar "muito preocupado" com Enem: "Há distorções"

Nesta semana, ao participar do programa Debates do Povo, na rádio O POVO CBN, Camilo cogitou que pode haver até duas versões do Enem em 2024. Ele destaca diferenças entre estados e entre escolas públicas e privadas

O ministro da Educação, Camilo Santana (PT), disse na manhã desta quarta-feira, 12, que disparidades na implantação do Novo Ensino Médio (NEM) causam preocupações para a aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para o ano que vem. O Enem é atualmente a principal forma de acesso ao ensino superior no Brasil. Camilo participa de audiência na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados. Assista ao vivo:

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Pelo cronograma do Novo Ensino Médio, o modelo foi implantado em 2022 para o primeiro ano do ensino médio. Neste ano de 2023, começa a adoção no segundo ano do ensino médio. Conforme o ministro, porém, há diferenças significativas. Foi suspenso o cronograma com previsão de implantação para o terceiro ano do ensino médio em 2024. Da mesma forma, também está suspensa a aplicação, no próximo ano, de um novo modelo de Enem, adaptado ao Novo Ensino Médio. Porém, estudantes do primeiro e do segundo ano, em tese, já estão sendo educados nesse novo modelo. Mas, há diferenças nessa implantação, o que leva à apreensão de Camilo em relação ao exame em 2024.

"Estou muito preocupado com o Enem. Estamos tendo distorções. Porque a aplicação do Novo Ensino Médio tem diferenças entre os estados, estados que estão mais avançados, estados que não conseguiram. Entre públicos e privados", disse o ministro.

"Portanto, há uma preocupação enorme em relação ao Enem, que já deveria ser o Enem... já há uma previsão do novo Enem para 2024", prosseguiu.

Camilo justifica a suspensão no cronograma sem prejuízo ao que já foi implantado. "A decisão foi de suspender a portaria da implantação do calendário do Novo Ensino Médio, sem prejudicar o que já está em andamento, para que a gente possa concluir esse debate com muita responsabilidade e tomar as decisões em relação a essa questão", afirmou.

Com o Novo Ensino Médio, a carga horária letiva mínima passou de 800 horas por ano para 1.000 horas, sendo 600 de carga horária comum e 400 dos chamados itinerários formativos, com opções feitas pelos estudantes. "Nós temos uma base comum curricular que foi reduzida em 200 horas-ano nessa base e acrescidos aos itinerários. Hoje nós temos pelo menos de termil horas-aula noprimeiro ano do ensino médio e dessas 600 são a base comum e 400 os itinerários", disse o ministro.

Ele destacou como as desigualdades se manifestam. "Tem escolas que conseguem ofertar os itinerários, tem escolas que não conseguiram ofertar itinerários. Tem escolas privadas que têm capacidade de ofertar mais rapidamente", descreveu.

A questão, segundo Camilo, é como essas diferenças serão consideradas em uma avaliação para todos eles. "Como é que vai ser esse novo Enem? Vai ser baseado nos novos itinerários? Vai ter distorções de quem está com essa base comum curricular reforçada pelos itinerários? Há questionamentos que precisam ser resolvidos. Nós não podemos prejudicar os jovens que vão fazer Enem no próximo ano".

Essa é a justificativa apresentada por ele para suspender a implantação do Novo Ensino Médio. "A suspensão teve esse objetivo, de a gente chamar os melhores especialistas, ouvir, e ouvir as pessoas que estão lá nas escolas. E ouvir os estados", afirmou.

A audiência é presidida pelo deputado federal cearense Moses Rodrigues (União Brasil), presidente da Comissão de Educação e que fez oposição a Camilo no Governo do Estado. Moses é aliado do ex-deputado e secretário da Saúde de Maracanaú, Capitão Wagner (União Brasil). Ao lado de Camilo está a secretária executiva do Ministério da Educação (MEC), Izolda Cela, ex-governadora do Ceará, e residente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Fernanda Pacobahyba, ex-secretária da Fazenda do Ceará.

Na última segunda-feira, Camilo afirmou que pode haver até a aplicação de duas versões diferentes do Enem em 2024, para dar conta das diferentes realidades de estudantes. "Nós ainda temos tempo para construir qualquer mudança ou não no Enem ao longo de 2024. Nosso objetivo será não prejudicar nenhum estudante que já estava no Novo Ensino Médio, porque aí você tem realidades diferentes. Tem estado mais avançado na implantação. Tem estado menos avançado. Se houver necessidade, no final dessa discussão, de ter que fazer dois Enems, nós vamos fazer". A declaração foi dada ao programa Debates do Povo, na rádio O POVO CBN.

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MEC Camilo Santana Novo Ensino Médio Enem 2024

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